27. Alyssa

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Quando Noah abre a porta da casa de Logan, a primeira pessoa que ele vê é Alyssa Harris. Foi pego de surpresa, sem nenhum aviso, entretanto, não demora nem meio segundo para se atirar nos braços da irmã mais velha.

Os dois nunca foram muito íntimos, um dos motivos é o espirito livre de Alyssa. Pelo que sabia, ela sempre viajava, visitando todo tipo de lugar no mundo graças a condição financeira dos pais, fez intercâmbio, passava pouco tempo com a família, em datas comemorativas, ou viajava, ou ficava com os amigos.

Vê-la abraçando Noah daquela forma me fez repensar tudo o que eu sabia sobre a irmã do meu melhor amigo. Antes do reencontro, o percurso inteiro do St. Martin até a casa de Logan para que ela encontrasse o irmão foi no mínimo esquisito, meneava entre o silêncio e várias perguntas sobre o que tinha acontecido, já que os pais não falaram nada com ela.

Ela está preocupada, vez ou outra, vi ela derramar algumas lágrimas no banco de trás do carro de Logan, por alívio. Noah nunca falava muito sobre ela por causa da ausência, mas pelo que via, ela se importava com ele mais do que imaginávamos.

– Você está bem? Eu recebi suas mensagens sobre o que aconteceu, peguei o primeiro avião de Los Angeles para cá, mas meu voo deu vários problemas, perdi o meu carregador, uma das minhas malas não veio para cá, passei o inferno para estar aqui, mas estou aqui agora. – ela pergunta eufórica, conferindo Noah e vendo um curativo no topo da sua cabeça – Quem fez isso?

– Nosso pai. – ele confessa com certo pesar e não deixo de me ficar mal por ele.

– Aquele babaca narcisista. – Alyssa joga o cabelo para o lado por causa de irritação – Faça suas malas, nós vamos para Los Angeles. Agora.

– O quê? – Noah e eu falamos em uníssono, atraindo a atenção da irmã

– O que foi? Está sem seus documentos? Damos um jeito nisso também.

– Não é isso. – Noah tenta consertar sua ação precipitada – Irmos agora? Nesse exato momento?

– Nesse exato momento. Se o pai achar você, vai mandar você para longe, Noah. – a irmã afirma – nosso pai sempre foi contra tudo que faço hoje, contra a arquitetura, contra a morar em outra cidade e longe da sua supervisão. Minha sorte foi que, ao me mudar para Los Angeles, consegui um emprego para me sustentar sem ajuda de ninguém, mas apesar dessa liberdade, ele ainda guarda rancor pelo que fiz, qualquer coisa que eu faça, que eu tente, ele vai contra-atacar e vai ganhar, ele tem dinheiro, os melhores advogados, os melhores contatos, é uma briga injusta e nós vamos perdê-la. Por isso quero leva-lo o mais rápido possível para Los Angeles e talvez ele desista de procura-lo.

– Eu sei... – Noah fecha a porta da casa atrás dele e ocupa uma cadeira de plástico que estava aberta na varanda – Eu sei, mas... Eu... É meu último ano em St. Martin, sei que é bobo para você, Alyssa. – Noah me encara – Mas não sei se estou pronto a dar adeus tão rápido assim, sem saber se um dia eu vou voltar para cá.

Alyssa entende em um segundo sobre o que Noah se referia.

Ele se referia a mim, aos amigos do teatro, ao St. Martin e toda a vida que ele tinha aqui. Eu sou a primeira a dar um passo à frente para apoia-lo a sair de Millstown o mais rápido possível, mas também a primeira a cair no choro com sua ida e a sua ausência.

– Ela tem razão, Noah. – engulo em seco, tentando reprimir as lágrimas que queriam sair – É melhor ir para Los Angeles.

Sinto uma mão em cima do meu ombro e quando viro a cabeça para o lado, encontro os olhos escuros de Logan, cheios de compaixão. Ele massageia meu ombro com o dedão e eu aperto sua mão, grata pelo apoio no momento.

Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora