32. Sábado Decisivo

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Quando cheguei na lanchonete, peguei o lugar mais escondido do ambiente, bem ao lado de uma janela que me daria a visão perfeita de quem saía e quem entrava no estabelecimento.

Em pleno sábado.

Eu tentei marcar esse encontro na quinta, mas arrumei uma desculpa para não ir, na sexta, eu tive certeza que conseguiria, mas minha ansiedade fez meu estômago pular e me impedir de sair de casa.

Então, esperei por sábado, eu correria de manhã e me obrigaria a ir.

Uma garçonete veio me atender e eu respondi que pediria mais tarde, mesmo tendo a plena consciência de que não conseguiria comer nada e sentir o gosto, a consistência. Antes de caminhar, tinha comido uma barra cereal e parecia que eu estava mastigando um plástico, sem gosto e com a maior dificuldade.

Sinto o frio e sou obrigada a puxar o zíper do meu casaco azul claro e quando estou prestes a amarrar o cabelo, eu o vejo se aproximar. Minha boca seca de repente e desisto de fazer o rabo, deixo as mechas negras caírem ao redor do meu rosto, ondulados por causa do suor e embaraçados por não estarem penteados, bagunçados por me mexer tanto a noite passada, sem conseguir pegar no sono uma vez sequer.

Ele entra no restaurante, está usando calças jeans, uma camisa básica e jaqueta, seus olhos rodam por todo o lugar até pousarem em mim. Ele dá um sorriso caloroso ao ver que eu tinha chegado primeiro, estava o esperando. Sei que ele está feliz em me ver, porém não sei se posso dizer o mesmo em relação a ele.

Eu perco o fôlego quando caminha na minha direção, quero que ele volte, ignore as minhas mensagens e finja que nada aconteceu. Eu não quero ter essa conversa, não estava nem um pouco preparada para ela e o que mais queria, era fugir e pensar que tudo se resolveria sozinho sem a minha iniciativa.

Mas eu estava errada, eu tinha que dar o primeiro passo, tinha que fazer o que eu achava que era certo.

– Você está me esperando faz muito tempo? – ele indaga e se senta à minha frente, pegando o cardápio de mim sem cerimônias.

– Não, acabei de chegar. – minto, eu não tinha conseguido dormir e quando acordei às cinco da manhã, fiquei andando pela cidade toda até dar o horário de encontra-lo – Desculpa por marcar tão cedo, Logan.

Logan dá um sorriso, talvez achando graça da minha preocupação tola em tira-lo da cama as oito da manhã para uma conversa que eu queria evitar a todo custo.

– Sem problemas – ele passa a mão pelos fios curtos – me senti lisonjeado pelo convite, mesmo a essas horas.

Dou um sorriso pequeno de volta.

– Já pediu alguma coisa? – ele diz terminando de olhar o cardápio – Pensei em ovos mexidos e uma porção de bacons.

– Minha dieta não permite – brinco de volto, a garçonete passa por perto, mas Logan não a chama para fazer seu pedido – e Tyler? Como ele está?

– Fugindo de casa, acabei de deixa-lo em casa, ele tem sono leve então acabou acordando quando acordei para vir até aqui – ele explica e cruza os braços em cima da mesa – depois de dois dias, decidiu voltar para casa para não preocupar o irmão e...

– Ele deveria ir para um hospital, para conferir se está tudo bem.

– Ele é teimoso demais para isso, mas ainda vou insistir para que ele vá – ele dá uma tossida – nós conversamos bastante durante o trajeto e... Tyler disse que está pensando em fazer terapia.

A notícia foi tão boa que eu não contive a animação. O dia estava péssimo, pelo menos alguma boa aconteceu.

– Você não sabe como eu fico feliz em ouvir isso e impressionada pela ideia ter partido dele. – digo para Logan que concorda com a cabeça – Vai ser muito bom ele ter um acompanhamento de um profissional, conversar com alguém qualificado sobre o que sente.

Teoria da Sincronicidade [CONCLUÍDO/REESCREVENDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora