• Melhor do existir

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Foi com lágrimas nos olhos
Que escrevi este cordel,
Nada me faz entender
Porque existe o cruel.
Vejo inocentes sofrendo,
Desigualdade crescendo,
Corrupção com o troféu. 

Por que poucos se importam
Com o pobre a sofrer
Pedindo ao outro comida 
Tentando sobreviver!?
E a política perversa
Pisando em tapete persa
Deixando de os socorrer.

Tomando conta de tudo
Nós temos o preconceito,
Cor de pele sendo vista
Como um padrão sem proveito, 
Com o abismo social,
Hipócritas sem moral
Falando sobre respeito. 

O que temos entre nós:
Desigualdade brutal.
Onde uns são isolados,
Outros destaque em jornal.
Um descaso desprezível
Já ultrapassou o nível...
Faz-se pro homem fatal.

A fome que toma conta
Já é característica.
Que acontece com o que morre?
Vira dados da estatística. 
Nada de fato é feito,
E o que carrego no peito
É um Não à maldade mística. 

Não nos esqueçamos nunca
De quem lança-se à jornada
Sem saber pra onde vai
Botando o pé na estrada, 
Pois dentro da migração
A Pátria é onde tem pão
Se na sua não há nada.

As marcas do sofrimento
Presente em cada olhar
Só me faz ter mais vontade
De pra missão me entregar,
De proteger a criança,
Dar ao migrante esperança
E força no caminhar.

O que Jesus disse um dia
Continua muito atual:
"Não só de pão vive o homem",
Verdade muito real.
Primordial importância
É vencer toda ganância,
Dar valor pro ideal.

Ainda tenho esperança
De um mundo de amor
Onde o pobre é tratado
Com alegria e fervor,
Onde não esqueçam o pão
Pelo qual chora o irmão
Que carrega tanta dor.

Não se precisa de trigo
Para fazer este pão,
O que mais se deve ter
É carinho, amor e atenção,
Vivendo sempre na escuta,
Se colocar na labuta
E servir de coração. 

Verdadeira caridade
É dar um pouco de si.
A solidariedade
É fazer infeliz sorrir,
Ajudar o que tem menos,
Doar o melhor que temos...
O melhor do existir.

Cordel e PoesiaOnde histórias criam vida. Descubra agora