Capítulo 28

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Eu estava começando a me preocupar com o que Noah queria me contar, nós estávamos nos encarando há bastante tempo e eu percebia seu olhar nervoso, tentei acalmá-lo segurando uma de suas mãos.

— Eu... não sou quem você pensa...

— Como assim? O que está querendo dizer?

— Não posso mais te esconder isso, Lana. Eu te amo, e principalmente, você deve saber a verdade!

Antes de dizer qualquer outra coisa, ele me abraçou apertado, eu retribui mesmo sem saber o que pensar ou em como agir, o que será que eu iria ficar sabendo? Eu estou começando a ficar com medo do que ele tem para me dizer, Noah nunca se demonstrou tão emotivo desse jeito. Ele me soltou e deixou suas mãos em meus ombros e novamente voltamos aos olhares, senti uma estranha sensação, mas não quis dizer nada porque o mesmo ainda reunia coragem e eu não quero estragar o momento.

— Por muito tempo eu tenho te procurado e quando a vi naquele dia no encontro duplo sabia que não podia deixá-la ir, mas quanto mais nos aproximavamos mais eu me sentia culpado em ter encoberto tantas coisas sobre mim... — ele respirou fundo, eu não estava entendendo aonde isso ia parar— Sou eu, Lana, eu sou a pessoa quem você tanto procura, aquele garoto de 13 anos que sempre aparece em seus sonhos, o Noah Centineo!

— O quê?— perguntei com a voz falha.

Não pode ser! Por tanto tempo eu estava procurando e ele estava bem aqui. Tudo parece ter feito sentido agora, meus pais querendo nos ver separados, aquele desmaio no parque de diversões, a reação do irmão dele, as peças se encaixavam e eu não conseguia enxergar por estar tão apaixonada por ele. Não me aguentei em pé e acabei caindo no chão perto da cama, ele veio ao meu socorro, mas eu rapidamente retirei suas mãos de mim, o que ele tinha na cabeça escondendo algo muito importante?

— Você é a pessoa mais egoísta que eu já vi! Me fez acreditar que eu podia confiar em você, mas estou vendo que é mais um tentando apagar o meu passado.

— Não diga isso, Lana... eu só estava querendo te proteger, você sabe o que acontece quando pensa demais nesse assunto, não queria te ver sempre em um hospital.

— Então era assim que queria ver nosso relacionamento?! Mentiras e mais mentiras, não consigo nem olhar pra você agora.— tento me levantar apoiando as mãos no chão

Eu andei meio cambaleante até a porta, abri a mesma e somente olhei uma última vez para Noah que permanecia intacto me olhando surpreso, ele não tinha esse direito e eu também não preciso da opção de ficar no mesmo quarto que ele. Se fosse fácil assim, eu não teria apagado por completo e caído no chão gelado do corredor, não consegui ver nem ouvir nada além de um escuro total que permaneceu nesses dois sentidos, então tudo ia acabar assim?

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Acordei com uma fresta de luz direto no meu olho esquerdo, fechei bem os olhos e me endireitei aonde quer que eu estava, quando me dei conta do lugar, suspirei cansada em saber que estava aqui de novo. Percebi que a porta começou a se abrir, tudo ainda estava meio zonzo, eu tentei enxergar a pessoa que estava vindo até mim, mas meus olhos não conseguiam seguir o meu comando, parecia que eu tinha dormido por horas e acabei esquecendo de tudo o que aprendi.

— Lana! Minha filha, que bom que você acordou, eu fiquei tão preocupada, sabia que isso ia acabar mal... Vou chamar a enfermeira. — disse minha mãe para a minha surpresa.

— Por que está aqui, mãe?— perguntei com a voz um pouco falha e baixa.

— Nós ficamos sabendo do seu desmaio e imediatamente pegamos o primeiro avião que vinha para o Canadá.

Eu finalmente consegui me sentar na maca, eu não queria estar aqui, eu não queria que nada disso estivesse acontecendo, eu não conseguia ouvir o que minha mãe falava, ela parecia distante. Comecei a encarar o teto branco, pensei em várias coisas e todas elas relacionadas ao Noah, ele conseguia mentir todos os dias pra mim, sabendo que era o meu sonho conhecê-lo, é uma maneira estranha de dizer já que ele era meu namorado e há pouco tempo atrás estávamos nos beijando na minha cama.

— Mãe... — chamei-a, ela parou de falar e me encarou — Faz quanto tempo que estou aqui?

— Faz dois dias, o doutor preferiu te dar remédios para que dormisse por mais um tempo.

Não é possível! Eu realmente consegui estragar as últimas semanas de férias, a faculdade inteira deve estar me odiando agora, eu queria poder dormir e não acordar assim como estava antes. A porta se abriu e uma mulher loira, vestida de azul e que aparentava ter 30 anos passou por ela me desejando bom dia, eu não respondi e somente acompanhei seus passos com o olhar, minha mãe começou a conversar com ela sobre alguns exames que eu teria de fazer, a enfermeira fazia diversas coisas ao mesmo tempo, até me surpreendi com suas habilidades.

— Está se sentindo melhor, Lana? — perguntou, balancei a cabeça afirmando. — Vou te dar alguns comprimidos e daqui umas horas voltarei junto com o doutor.

Ela me deu os comprimidos e eu engoli bebendo a água, após verificar tudo o que tinha que ser feito, retirou-se do quarto com um breve aceno, deixando novamente eu e minha mãe a sós. Eu me deitei na maca e fechei os olhos respirando fundo, isso tudo só pode ser um pesadelo, eu já me sinto fraca e impotente aqui, queria muito que nada disso tivesse acontecido na minha vida. Eu não fazia ideia de como tudo aconteceu, mas eu não podia ficar mais nem um segundo dentro desse hospital, rapidamente tentei arrancar todos aqueles aparelhos do meu corpo de uma maneira brusca, senti muitos puxões, mas nem liguei para a dor, minha mãe correu para me parar e eu tentava arrancar suas mãos de mim, não queria a ajuda dela, será que ninguém me entende?

— Pare com isso, Lana Therese Condor!— ela gritou meu nome completo, as lágrimas começaram a escorrer.

Estava tudo bem até ele chegar na minha vida, eu tinha tudo o que queria, não precisava me estressar com nada e é assim que ele retribui o amor que dizia sentir por mim? Eu me senti traída e humilhada, não precisava disso, não quero ter que aturar essa dor. Novamente senti os braços da minha mãe me rodeando enquanto eu chorava, tudo estava ficando cada vez mais complicado.

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