Capítulo 7

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Ao me deitar na cama, fui surpreendida pelo barulho de alguém batendo na porta, quem é essa alma penada que está atrapalhando meu sono nessa hora da noite? Me levantei e fui até a mesma, afim de ver quem era. Ao abri-la, não pude nem ao menos protestar, lá estava uma Ellery estabanada me empurrando para dentro de casa e com algumas malas na mão.

— O que você tá fazendo aqui?— perguntei quando a vi sentada no sofá.

— Problemas em casa... Minha mãe deu uma de louca e agora está brigando com meu padrasto, eu não queria ficar lá, então resolvi vir aqui!

— E seu irmão? Você não podia ter deixado ele lá sozinho!

— Ele é filho daqueles dois, se o garoto virar um rebelde vai ser por causa deles, a culpa não vai ser minha.— disse a garota, ligando a TV.

Suspirei cansada, discutir com Ellery por causa da sua família não era o que eu queria para a minha noite, às vezes sinto pena por uma garota tão boa ter que sofrer assim.

— Ei! Você atrapalhou meu sono, sabia?

— Quem é que dorme tão cedo assim?

— Uma boa noite de sono faz seu dia mais feliz, minha mãe sempre me falava isso.— me sentei ao seu lado no sofá.

— Faz tempo que não vejo a tia Grace, como ela está?—finalmente seu olhar veio a mim.

— Ela está bem... Elle, eu tenho que te contar uma coisa.

Ela percebeu meu olhar sério e nesse mesmo instante desligou a TV enquanto virava-se para mim, fazendo com que ficassemos de frente uma para outra. Eu sorri com sua preocupação, respirei fundo antes de tomar coragem para contar a ela o que vem me atormentando esses dias.

— Você se lembra dos meus sonhos esquisitos de antes?

— Sim, claro! O que tem eles?

— Antes eu sonhava com lugares e até os rostos de algumas pessoas, mas agora... Eu tenho em mente o rosto exato de um garoto e nos sonhos, ele parece me conhecer há muito tempo.

— Por que não me contou antes?— perguntou a garota, ela segurou minha mão em forma de consolo.

— Eu não sabia se era real ou só uma ilusão, até o dia em que minha mãe me disse que eu perdi a memória num acidente de carro.

Ellery ficou sem reação, falar sobre algo que não lembro me faz ficar confusa, eu consigo sentir a sensação porém não consigo me lembrar de quase nada.

— Você sabe quem ele é?— perguntou a mesma, desfazendo os poucos segundos de silêncio.

— É isso que me deixa mais nervosa, eu consigo lembrar de seu rosto, mas não faço ideia de quem poderia ser!

— Sua mãe deve saber. Por que não pergunta pra ela?

— Ela mesma quem me contou sobre minhas memória, mas disse que não queria mais tocar no assunto depois daquele dia, eu queria que fosse fácil assim.

— Lana, eu tenho certeza que ele era alguém importante para você se lembrar tão abertamente assim.— disse me encarando, eu assenti, com certeza esse garoto misterioso é importante pra mim.

Nós conversamos mais um pouco, até o momento em que já estava tarde, amanhã terá aula e eu não quero ter que babar na mesa de sono. Arrumei alguns travesseiros e um cobertor para Ellery que insistiu em dormir no sofá ao invés de ficar na cama comigo, segundo ela, seria estranho.
Deixei a loura na sala e fui até o meu quarto, apaguei a luz e voltei a me deitar na cama, me cobri com o lençol enquanto tentava achar uma posição confortável para, enfim, descansar.

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Terminei de pôr a mesa para o café da manhã, já que estava com visita em casa, decide caprichar um pouco mais ao invés de só comer cereal. Me sentei na mesa enquanto esperava por Ellery, ela ainda estava se arrumando, pois segundo ela, Jacob iria levá-la para um encontro depois da faculdade, fico feliz por eles estarem se dando tão bem. Sou desperta dos pensamentos pelo barulho de uma mensagem, desbloqueio o ecrã do celular e sorrio ao ver quem era.

Noah: Bom dia! :)

Eu: Bom dia!

Noah: Já está indo pra faculdade?

Eu: Daqui a pouco, estou esperando Ellery ficar pronta.

Noah: Ela está aí?

Eu: Sim, ela veio aqui ontem, aconteceu algumas coisas na casa dela e ela quis se refugiar na minha.

Escutei passos vindo até a cozinha, me despedi de Noah dizendo que ia comer, ele também se despediu e assim eu desliguei a tela do celular. Um sorriso bobo surgiu no meu rosto, por que estou sorrindo? Não deveria ter um motivo pra isso.

— Acordou de bom humor?— perguntou Elle ao perceber minha expressão.

— Pode se dizer que sim... — falei pegando uma das panquecas que estavam na mesa. Ela estreitou os olhos e começou a comer também.

Eu não queria admitir, mas já estava virando um bom vício receber as mensagens de Noah de manhã, ele me fazia sorrir só com algumas palavras bobas. Quando acabamos de comer, levei os pratos na pia, Ellery pegou os chaves de seu carro e eu as minhas para trancar a porta. Nós fomos até o carro da mesma e ela deu a partida, logo saímos do meu bairro.

— Como está, Noah?—  questionou, fiquei surpresa por ela ter falado nele tão de repente.

— Bem...— respondi tímida.

— Só isso? Não estão saindo?

— Claro que não! Eu nem gosto tanto assim dele, somos só amigos.— ela me olhou com cara de tédio e eu revirei os olhos.

Finalmente o interrogatório dela tinha cessado ao chegarmos na faculdade, o semestre já estava acabando e a viagem se aproximando, ansiedade era o que me descrevia nesse momento. Descemos do carro e logo entramos no lugar, para a nossa infelicidade, a primeira aula seria novamente com o Sr. Bailey.

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