The one with the stalker

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Às vezes minutos podem parecer segundos, e as vezes segundos podem parecer horas. Bom, foi mais ou menos assim que a minha noite de quinta feira havia sido.

Fiquei desperto durante toda a madrugada, e só consegui dormir minutos antes do meu despertador tocar, me lembrando que teria que ir novamente para aquele inferno de escola, e pior: teria que olhar na cara de Kageyama.

Eu não conseguia parar de pensar no que havia acontecido na casa dele. Não sabia dizer se era verdade ou se era só um delírio da minha mente confusa ou dos meus hormônios de adolescente. Também não sabia onde enfiar a minha cara quando o visse. Se vergonha matasse, eu com certeza já iria estar a caminho do meu tobogã para o inferno.

Eu estava tão sem reação ainda pelo que aconteceu que sequer tive coragem de recorrer a Kenma. E nem iria. Aquela vergonha eu iria levar para o túmulo.

Sai da cama com dificuldade e me arrastei até o chuveiro. Tomei um banho gelado para ver se acordava, lavei bem o rosto e até tentei usar uma das maquiagens da minha mãe para disfarçar as olheiras em meu rosto. Mas nada disso ajudou a disfarçar o cosplay de zumbi ambulante que eu estava.

Minha barriga se revirava cada vez mais conforme eu me aproximava do colégio. Parecia o meu café da manhã estava brincando de pula-pula no meu estômago essa hora.

Eu não deveria estar tão nervoso para ver Kageyama, mas eu não consegui evitar. Ainda não havia assimilado direito o que havia acontecido. Nem sabia se aquilo realmente havia acontecido. Mas segui meu caminho até a sala de aula mesmo assim.

Evitei Kenma durante todo o percurso. Sabia que se ele me visse nesse estado notaria que algo definitivamente não estava certo. Não tinha como esconder nada de Kenma, ele era muito observador.

Cheguei na sala sentido meu café da manhã pedindo para voltar. Entrei de cabeça baixa e fui diretamente até meu lugar. Quando me sentei, olhei disfarçadamente para o lugar de Kageyama, mas ele não estava lá. Estranhei. Ele era uma anta, mas não era uma anta que faltava aula.

Deixei para lá meus pensamentos e tentei focar na aula que estava prestes a começar.

...

As aulas acabaram mais rápido do que eu esperava, considerando que uma das aulas era física e outra era química. Não consegui me concentrar em nenhuma delas. Eu simplesmente não conseguia tirar meus pensamentos do ocorrido de ontem e do fato de Kageyama não ter ido para a aula, ainda mais depois de me lembrar do rosto de seu pai. Eu não o conhecia, nem nunca havia ouvido falar sobre ele, mas eu não conseguia esquecer o seu olhar. 

Um calafrio percorreu minha espinha apenas de me lembrar. Minha estranheza começou a se tornar preocupação, e antes que eu percebesse, minhas pernas já estavam se dirigindo para o caminho da casa de Tobio.

Em passos apressados, cheguei lá rapidamente. Parei um pouco distante da entrada e observei a casa. Estava completamente fechada: as janelas; as portas; tudo. As cortinhas escuras impediam que eu conseguisse enxergar dentro da casa.

Fiquei um tempo parado lá na frente — tempo o suficiente para não acharem que eu era um stalker esquisitão —, mas nada aconteceu. Nenhum movimento, nenhum barulho, nada.

"Talvez Kageyama tenha saído, Shouyou. Ele é popular, e é isso que pessoas populares fazem, esqueceu?!" minha mente tentava ignorar as preocupações e dar voz a razão "Você nem deveria estar preocupado com aquele imbecil. Ele não gosta de você. E nem nunca vai gostar. Aquilo tudo provavelmente foi só sua imaginação tentando dar vida as suas fantasias idio-"

Minha linha de raciocínio deprimente foi cortada quando sentir uma mão pousar levemente no meu ombro.

— Shouyou?

Meio clichêOnde histórias criam vida. Descubra agora