Foi moldado com cuidado.
Desejado e ansiado pelas mãos de seus criadores.
Foi amado e vislumbrado. Era um vaso precioso.
Delicado.
(Cobiçado - mas não deveria ser. E foi.)
Seus criadores sequer sonhavam que poderia algo ruim acontecer ao seu vaso.
Pares de mãos que pôde apreciar o vaso quando ainda era novo, mudou a direção do toque.
Um desejo diferente. Ardente. Indecente.
Era só um vaso.
Mas o deixou cair, e uma rachadura nele se abriu.
Não se quebrou. Por sorte. Por Deus.
Tantos vasos que são quebrados diariamente, e este teve a sorte de ter só uma rachadura a qual nunca mais sumiu.
Há tantos vasos por aí.
Há tantas mãos doentes por aí.
E os vasos rachados, reconstruidos, ou ainda totalmente quebrados.
Estão lutando pra não sucumbir.

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Miocárdio em Palavras
PoetryO luto é como um rio que recebeu uma forte chuva e se intensificou tanto em volume quanto em força. A chuva pode durar minutos ou vários dias. Mas uma coisa é certa: em algum momento a chuva cessa. O Miocárdio em Palavras é em parte uma homenagem a...