limbo

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Olá, mundanos! Chegamos ao fim dessa short fic e eu espero que apreciem a leitura tanto quanto eu apreciei escrever.

Não esqueçam dos comentários e boa leitura!


Harry acorda sobre as flores formadas a partir de suas lágrimas, acariciando com delicadeza uma pétala da plantinha lilás e esboçando um pequeno sorriso. Ele estranhamente sentia-se melhor ao acordar, embora aquela mágoa ainda fosse demorar a ir embora, mas liberara boa parte das energias negativas no choro da noite anterior e a chuva parecia ter lavado sua alma, então estava recuperando a esperança de ser aceito novamente no céu e talvez ser um querubim melhor quando retornasse.

Seus sonhos mais profundos permaneceriam vivos enquanto ele vivesse, então ele sabia que deveria persistir até não ter mais esperança ou forças, ele encontraria o amor.

Aqueles pensamentos encorajadores são cortados quando seu estômago ronca, pois estava apenas com amoras silvestres e seu organismo cansara de produzir calor durante a noite - felizmente suas vestes leves tenham secado, ou teria mais um incômodo. Assim o cacheado volta a buscar por comida naquela floresta densa, encontrando frutos que não tinha certeza de serem seguros para ingerir e decidindo não arriscar aquele tipo de alimentos, até encontrar uma clareira com diversos dentes-de-leão, os quais ele lembrava serem plantas alimentícias não convencionais. Seus olhos brilham com a perspectiva de comer algo, que poderia não ser exatamente um banquete, mas suas folhas eram ricas em vitamina C e cálcio. O querubim tivera muito tempo para aprender sobre aquelas informações quando aguardava sua grande chance, assim aprendeu alguns talentos e agora sabia muito sobre poucas coisas.

Era sua primeira vez comendo dente-de-leão, então houve um tanto de receio, mas ela comeu da mesma forma e aproveitou a quantia para saciar sua fome, também utilizando a água da chuva acumulada numa grande folha para matar a sede. Não era o ideal, mas estava grato por ao menos ter aquela fonte de água e alimento, então deixa a floresta próxima a cidade e aproveita seu antigo gosto por caminhadas para que consiga forças de andar pelo acostamento da rodovia interiorana até o município.

Já estava no meio do caminho à cidade quando se lembrou do desenho que fizera do demônio, enfiando a mão no seu bolso para encontrá-lo ainda no mesmo lugar e praticamente intacto pela umidade da chuva, embora as pontas estivessem borradas. Ele sente um estranho alívio de ainda estar com aquela pintura de aquarelas, mas ainda tinha sentimentos fortes pelo ser das trevas que encontrara.

Mais alguns minutos de caminhada e ele chega ao município, sendo recepcionado por alguns olhares curiosos e cochichos indiscretos que o deixaram um tanto desconfortável, embora soubesse que precisaria viver com aquilo durante o tempo em que ficasse na cidadezinha. Ele precisaria encontrar um emprego e talvez conseguisse algum lugar para ficar, mas era de extrema crueldade que precisasse interagir tanto - o único humano com que já falara estava morto e era parcialmente sua culpa.

As pontas de suas asas tocam o chão de tanto que se encolhe diante dos olhares que queimam sua pele, o julgamento e a curiosidade com o desconhecido na expressão de cada pessoa que o observa caminhar até um mercado que parecia bem frequentado. Tentaria encontrar um emprego e buscaria fazer sua boa ação logo, pois queria o aconchego de casa o mais breve possível.

Seus olhos, que estavam presos ao chão, erguem-se apenas quando já está quase chegando ao seu destino, mas ele congela no lugar quando as esferas verdes encontram outras asas, embora muito diferentes das suas, pois não tinham penas e eram avermelhadas da mesma forma que a pele de seu portador. Ele estava surpreso pela coincidência de encontrar o demônio entre os humanos daquela forma, pois conversava e carregava uma sacola de papel com alimentos que pareciam recém comprados, ele sorria graciosamente enquanto falava, mas esse sorriso desaparece quando ele olha ao redor e encontra o anjo cacheado que o observava. Louis despede-se da senhora com quem conversava, sendo amistoso e prometendo uma visita, para seguir direto até o lugar em que o anjo estava parado, próximo a uma loja de artesanatos e com as atenções já desviando dele:

ʙᴇᴛᴡᴇᴇɴ ʜᴇᴀᴠᴇɴ ᴀɴᴅ ʜᴇʟʟ • ʟᴀʀʀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora