Expedição Brasil Adentro, uma aposta louca

CAPÍTULO VI Dois limeirenses em Manaus parte II: Crônicas Manauenses

Antonio Carlos Andrea. Manaus-AM 15 de Junho de 1985 Sábado.

É de manhã, arrumei a mala dormimos na casa do Paulo ontem à noite, eu escrevi uma carta para o Xerife, ou seja, Marguito, pois estava super raivoso, depois daquela carta me acalmei eu tinha que contar para alguém o que estavam me fazendo em Limeira, agora estou tão bem que resolvi escrever da janela que da para este gigante de água que se chama Rio Negro que mais adiante se juntara com o Solimões fazendo o Amazonas. Daqui se ver tudo: os navios no porto, pequenas embarcações que passam a todo momento, apesar da forte chuva que cai, a paisagem continua linda.

Todos os barcos têm uma Bandeira brasileira que vai balançando atrás. Logo mais temos que ir a Amazonave para embarcamos, se é que partiremos ainda hoje. O Paulo está batalhando, todos os amigos estão, para que ajudem nesta viagem porque ele quer ir com a gente de qualquer maneira. Motoqueiro é assim, não pode parar que esta sempre rodando.

Fomos a Amazonave e somente segunda feira é que partirá o barco para nosso contentamento, agora temos que resolver as coisas do Paulo. Vou dormir porque já é tarde e amanhã vai ser agitado.

Antonio Carlos Andrea. Manaus-AM 16 de Junho de 1985 Domingo.

09h00min, foi à hora que levantamos, fomos até a casa do Valdir um colega do Paulo, que foi a primeira pessoa que ele conheceu quando chegou aqui em Manaus, junto com o Marciano nas mesmas condições nossas, ficamos conhecendo o Valdir e sua esposa Vera, gente finíssima, nos deu a maior atenção e depois de conversar com Valdir, fiquei sabendo que tinha um amigo de Praia Grande morando aqui e rapidamente fui revelar. Foi de grande o contentamento das duas partes, tanto eu como o Cisso Pesinho não acreditávamos que estávamos ali.

Como o mundo é pequeno, tomamos cerveja e outros bichos mais. Falamos dos velhos tempos e a mulher dele mandou que levássemos nossas roupas que ela lava para a gente e também vai fazer uma chamada geral com os vizinhos para nos ajudarem.

Depois de um bom papo resolvemos ir embora até a casa do irmão do Valdir o Alcir que também é muito legal mais nós prometemos voltar a casa do Cícero para beliscar um rango. O Paulo vendeu a moto CB125cc para o Valdir e acho que vamos ficar mais uns dias aqui em Manaus e ver se arruammos alguma coisa para faturar uns trocos para seguir com mais segurança, estamos duros e se for depender da grana da prefeitura, estamos mal pois até agora não se tocaram em nos ajudar mais tudo bem não vou ligar mais, eles lá e nos aqui se for preciso trabalharemos e seguiremos em frente, pois prevíamos tudo isso em nossa saída só acho que eles não deviam estar fazendo isso com a gente mais vamos lá agora com mais um integrante na Expedição Frango Assado que será Eu o Oliveira e o Paulo com sua CB 450 Vermelha.

Estou curtindo no momento umas musicas legais pacas com o Akai FM, vou nanar porque estou com o sono atrasado, amanhã vai ser um dia cheio de novidades e eu quero estar em forma.

Antonio Carlos Andrea. Manaus-AM 17 de Junho de 1985 Segunda Feira.

Fui logo de manhã para a Amazonave e cancelei nossas passagens para a próxima partida, depois arranjei um trabalho na oficina do Gaucho, serviço de Solda e Torno. Almoçamos no Padre Pedro. A noite fomos na casa do Cícero, colega de Praia Grande, pois a mulher dele vai lavar as nossas roupas. Depois fomos no Valdir pegar um rango e agora depois de tanto escrever cartas eu vou fazer naninha porque estou cansado. Trabalhei com um maçarico de corte o dia todo Tachau.

Antonio Carlos Andrea. Manaus-AM 18 de Junho de 1985 Terça Feira.

Levantei cedo e fui para a oficina quando logo mais chegou o Oliveira com um cafezinho e pão, legal né da gosto trabalhar assim. Bom estou trabalhando hoje de torneiro com um torno Romi carcaseiro estou fazendo uma maquina de tijolos, acho que agora vai dar para eu comprar a tão esperada maquina fotográfica. (Nota do escritor: as Máquinas Love que meu pai ganhou, eram descartáveis.)