-Doutor? – Ophelia ainda estava sonolenta.
- Ophelia! Você esqueceu um livro aqui, será que não pode vir buscar mais tarde?
- Ahn, claro. Doutor, posso te fazer uma pergunta? – a ligação estava começando a falhar.
- Claro.
- Você sabe de algum paciente que estava no hospital na semana passada? Ele é alto, loiro, usava óculos preto.
- Hmmmm, me parece familiar. Deveria estar fazendo tratamento oftalmológico. Vou tentar descobrir mais e falo para você quando vier pegar o livro... – a ligação estava cada vez pior, até que ela caiu.
Ophelia colocou o celular ao seu lado e começou a refletir sobre o que Tristan dissera no dia anterior: “Você não deveria tentar se aproximar de mim. Nem falar comigo novamente.”. Por que? Qual o motivo dele não querer que ela fale com ele? Tristan era tão, misterioso. Sempre curto e grosso, nunca falava mais do que devia e sempre olhava para o horizonte, com um olhar meio vago. Ela sentiu calafrios.
Assim que chegara na A&M, notara Tristan Evans sentado em um dos sofás, sozinho como de costume. Ele segurava seu caderno preto e olhava para o horizonte. O que ele pensava? Lia queria saber. Queria saber o que se passava na cabeça daquele garoto, ele era uma completa igonita. Ela respitou fundo, contou até 10 e repetiu “20 segundos de coragem”, andou até o sofá e disse baixinho “Tristan?”. Ele olhou para ela, ainda usava aqueles óculos escuros, mas ela sabia que ele a olhava.
- Você não tem medo? – ele guardou seu caderno no bolso, levantou-se e parou bem na frente de Lia.
- Bom... – ela gaguejou.
- Você devia ter cuidado – ele fez aquela longa pausa de sempre, algo que já estava irritando a Lia – Já pode ter começado. – Tristan colocou a mão nos bolsos e sem despedir-se deixou o local, deixando Lia olhando para o lugar onde ele estava. Estática, curiosa e confusa.
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Hoje teriam uma aula experimental de Desenho. Era o que havia de melhor na A&M, mesmo os alunos escolhendo o que queria fazer (Cantar, dançar ou Artes) era obrigatório eles pegarem no mínimo uma matéria de outra área, assim seriam artistas completos.
Lia observava atentamente uma garota (que tinha cabelos castanhos escuro e algumas mechas rosas) que estava ao seu lado. Ela estava desenhando a fruta que a professora pedira, mas de uma forma mais realista. Sua laranja estava gritando e tapando os ouvidos.
- Lucy, era para ser um desenho realista. – A professora dissera.
- Me perdoe, eu...
- Tudo bem, mas guarde essas coisas para o clube de artes. Termine seu desenho. -A professora saíra de perto para ver o que o outro garoto, Edgard fazia com sua pera. Lucy encarou o desenho, logo olhara para Ophelia que também o encarava.
-Gostou? – Lucy perguntara.
- S-sim– Lucy a encarava intensamente, seus grandes olhos castanhos quase saiam de seu gosto. – Mas, por que a laranja está gritando?
Lucy dera um riso curto – Ela não está gritando, o mundo que está. O mundo é barulhento. Ela está tapando os ouvidos.
- Lucy tem uma maneira própria de desenhar – Cailin intrometera-se na conversa e logo voltara a desenhar sua banana.
Ophelia achara aquilo estranho, mas fazia sentido de certa forma. O mundo as vezes era realmente barulhento. Ela começou a reviver momentos de sua infância onde falava para sua mãe que o lugar estava muito barulhento, a mãe dela achara que ela tinha problemas de audição, mas nada foi detectado, então Ophelia começou a fazer terapia até... Não lembrava de quando tinha parado com a terapia;