Capítulo VIII

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Durante aquela semana estava marcado para acontecer uma festa para a alta sociedade canadense, que contaria com as famílias mais influentes juntamente com políticos poderosos que queriam ostentar seus atos ao público e à mídia.

O evento seria para festejar a compra de obras de artes destinadas para a caridade. Todo ano era organizado um evento onde se mostrava que a elite também se solidarizava com a população carente. Nesse ano, o fundo seria revertido para ajudar no natal nas instituições do governo e ONGs que trabalhassem com crianças desamparadas.

Os Bertrand-Dubois eram sempre presença aguardada, a família fazia questão de contribuir todos os anos com altos valores. E Raphael como um dos descendentes da família sabia que aquele ato era muito importante. Apesar de no fundo, não passar de uma fachada bonita e enfeitada, a mídia tinha um grande papel a cumprir, que era fazer a população acreditar que algo de bom estava sendo feito. O fato era que não se tratava de sentimentalismos, era apenas marketing. E ele como advogado sabia que a imagem era mais importante que tudo.

O clima na mansão não era dos mais agradáveis, era fato palpável que a saída de Juliette do seio da família havia causado um atrito. 

Ouviu duas batidas secas na porta de seu quarto, ele concedeu a permissão, sem demostrar surpresa quando sua mãe, Audrey Dubois adentrou o quarto. Ela olhou ao redor olhando o quarto impecavelmente arrumado, tinha tons sóbrios de cinza e marrom. A única exceção da arrumação se encontrava em sua cama com seus vários ternos em cima da cama. Raphael sempre demorava para escolher o que usar, estava terminando de vestir agora um terno de cor vinho e tecido de veludo combinando com a calça de mesmo tecido e uma camisa de botões branca, olhou para a gravata colocando-a sobre o pescoço.

"Espero que você não me decepcione."

A mulher mais velha era alta, com semblante sempre sério, e linhas de expressão que começavam a tornar-se mais evidentes, os olhos eram azuis metálicos, a mãe de Audrey não era conhecida pelo bom humor.

"Ora, maman, eu sei como dar um nó na gravata corretamente, não se preocupe."

Ela o encarou sem dar ouvidos ao seu gracejo.

"É apenas um aviso."

O rapaz terminou o nó calmamente em sua gravata preta, olhando o seu visual no espelho por alguns segundos antes de se virar para sua mãe.

"E quando eu fiz isso?"

"Você é muito próximo de sua prima, não quero que seja influenciado a cometer os mesmos erros."

Ele colocou um sorriso ladino nos lábios. Juliette sempre cumprira tudo que lhe fora pedido, nunca havia dado um passo que não fosse ditado por seus país desde criança, já ele era sempre chamado a atenção por sua mãe quando dormia fora ou era visto com muitas mulheres diferentes, Audrey dizia que aquilo não era conduta de um advogado profissional e nem de um integrante da família Bertrand-Dubois.

"Não se preocupe, não tenho intenção alguma de sair desta mansão."

Audrey fez um som de desaprovação com o tom dele antes de sair do quarto fechando a porta. Na noite em que sua prima havia saído de casa aquela mansão demorou a adormecer, sua tia, Charlotte ficou horas no escritório com o marido, Pierre com a voz alterada que era capaz de se ouvir de qualquer cômodo, até os empregados da casa estavam recolhidos naquela noite. Depois que Charlotte parou com todo seu repertório de indignação por sua única filha sair de casa sem permissão e em como Pierre sendo o chefe de família e pai, tinha o dever de ir atrás. Não era possível ouvir o que ele dizia. Ele gostava muito de sua filha, mas sabia que para ter paz teria que acatar o que sua esposa dizia.

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