II - Eu Sabia

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            Eu te via todas as manhãs, e te observava todas as tardes enquanto o sol punha ao oeste e seu seu rosto ficava iluminado pelo raios dourados.

Eu me lembro de todas as vezes em que te vi parti, porque eu podia me lembrar de todas as vezes em que você voltava, mesmo que não fosse para mim.

Eu sabia de cor teu jeito de escrever, sabia quando não queria sorrir e sabia também todos os motivos de você sorrir para todo mundo. Nunca foi sincero, não foi? Toda vez que você sorria para seus colegas de trabalho, ou para mim.

Mas eu sabia, eu ti via chorar enquanto caminhava para casa perto do mar.

Eu sabia que você amava caminhar na praia, tirava os sapatos e sentia os pés na areia.

Eu sabia de cor quantos passos você dava antes de parar e olhar para o mar, eu sabia de toda a confusão sua mente.

Eu sabia que você tinha perdido a sua irmã, se afastado do seu pai e cuidava da sua mãe. Eu tinha decorado sua comida preferida, seu lugar preferida no seu restaurante referido, eu sabia seu número de cor, eu sabia onde você morava e onde de encontrar. E todas as vezes em que você sorria para mim eu tinha vontade te abraçar.

Porque eu sabia que você precisava.

Eu também sabia que eu te ama, de alguma forma desesperada, louca e doentia porque todas as vezes em que eu não te via preferia ver o sangue sair de mim.

Todas as marcas no meu braço foram quando eu não e vi, ou quando você não deu aquele sorriso falso para mim, um sorriso que nunca foi real mas eu amava.

Mas então, você finalmente sucumbiu não foi?.

Cansou de ser forte, cansou de sorrir, cansou de desesperadamente pedir abraços e ajuda em seu olhar perdido no trabalho.

Eu sabia de tudo isso, eu me sinto culpada, porque eu sabia e jamais estendi a mão para te ajudar.

Mas também ninguém estendeu, ninguém olhava a sua mesa e via que juntando alguns papéis jogados fora havia frases que se formavam um pedido socorro. Eu sabia disso também.

Mas sobre o bip do aparelho que colocaram em você eu espero que seu coração continue batendo, espero que a água do mar não te leve embora, espero ter teu sorriso mas uma vez e espero também que me perdoe.

Eu te salvei a vida, como os médicos disseram, eu apenas lhes disse que você era uma boa pessoa e sua mãe não poderia ficar sozinha mas era mentira, era eu quem não queria ficar sozinha, era eu quem não poderia viver em olhar para você ou vê o sol tocando sua pele.

Desculpe por te amar tão doentiamente, mas apenas um pouco eu fico feliz e olhar para você um pouco mais.

Eu sabia de tudo, e espero que eu continua sabendo um pouco mais.

Quando ler essa carta não precisa responder, apenas sorria e por favor quando olhar para mim sorria de verdade uma única vez, e a divida que temos um para com outro estará sanada. Porque você também me salvou a vida.

Devaneios SubmersosOnde histórias criam vida. Descubra agora