III - Gritos

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             Eu estive durante anos gritando ao mundo, gritando que talvez eu não fosse aguentar, gritando do meu jeito.

As palavras escritas que ansiavam por abraços que jamais vieram.

Ninguém jamais ousou a ver o que se escondia por trás de um sorriso, ou apenas vê além de alguém que socorria o mundo.

Em algum momento todo o grito tornou-se vago.

Eu já não via para quem gritar, ou tão pouco a quem fosse se importar.

 Então tornei-me a mim, e morri em silêncio ao poucos e com finas linhas de sorriso em meu rosto,  eu morria tão vagarosamente que nem mesmo hoje sei se continuo a morrer ou se já estou morta.

A verdade é que as lágrimas já secaram a algum tempo, sobraram-me apenas alguns poucos sentimentos dos quais ainda não se foram por completo.

Quieto, escuro e longe do calor. 

Eu sinto-me assim. 

Mas não há problema, porque no final meu corpo ainda será capaz de produzir calor, mas almas mortas não carregam consigo o calor.

Devaneios SubmersosOnde histórias criam vida. Descubra agora