Um convite para jantar

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A pena girava em seus dedos sem parar enquanto pensava no que escrever no pergaminho a sua frente. Pensava em muitas coisas, mas tudo parecia idiota demais ou de menos. Fazia uma semana em que Hermione tinha ido a sua casa e lhe ajudou. Não esperava por algo como aquilo, ainda mais vindo dela, alguém que sempre desprezou. Foi sincero ao agradece-la, mas Draco sentia que aquele simples "obrigado" não foi o suficiente. Sentia a necessidade de se aproximar mais dela. Estava curioso sobre o que a levou a ajudar, e mais ainda, queria saber o que ela ainda sentia em relação a ele e a guerra, pois notou de longe, que Hermione tinha receios em estar na sua casa, quando apareceu por lá na primeira vez. Percebeu enquanto estava no topo da escada, que ela parecia inquieta e incomodada. Viu suas mãos tremerem levemente e sabia do porque daquilo. Hermione ainda enfrentava os fantasmas do dia em que esteve na sua sala e foi torturada pela sua tia. Draco queria mais do que tudo naquele momento, saber as palavras certas para chegar até ela, mas nada era o suficiente.

- Se o senhor Malfoy quiser, Edgar pode mandar um bilhete para ela! – Disse o elfo olhando Draco de longe sentado na mesa do escritório.

- Agradeço, Edgar, mas eu preciso fazer isso... Apenas não sei como escrever. Nunca fui bom com as palavras. – Foi sincero ao olhar Edgar com a pena ainda girando entre os dedos. – Não quero parecer um idiota.

- Por quê não diz isso a ela?

- O que? Que não sou bom com as palavras e não quero parecer um idiota?

- Não nessas palavras, mas não precisa mais colocar a sua mascara para ela. A senhorita Granger não vai achar o senhor idiota por ser sincero. E se quer se aproximar dela, senhor Malfoy, parecer um idiota, pode ser a melhor forma. – sorriu para Draco e virou para sair. – Edgar vai preparar o almoço e o jantar. – Deu uma piscada para Draco o fazendo entender a mensagem.

Draco olhou para o pergaminho em branco e depois para a porta que não tinha mais a figura de Edgar. Um jantar, pensou. Talvez essa fosse a melhor forma de se aproximar de Hermione sem que invasivo. Um pouco mais animado com a ideia, Draco começou a preencher a folha, com um singelo sorriso no rosto.

"Cara Granger

Gostaria de te convidar para um jantar em minha casa, como uma forma de agradecimento pela ajuda que me deu. Sei que pode estar ocupada com todo o trabalho no Ministério, mas espero que aceite o meu convite.

Cordialmente

Draco Malfoy"

Não quis reler, apenas dobrou o papel e esperou a caruja aparecer na sua janela. Assim que a viu, prendeu o pergaminho em sua pata e esperou a mesma levantar voou, mas a coruja não o fez. Draco revirou os olhos e pegou um petisco para dar a ela e já se pronunciou antes que se esquecesse:

- Só volte com respostas!

E assim a sua coruja grisalha, Aly, levantou voou. Draco ficou parado na janela a observando se perder pelo céu nublado. Esperava muito não se arrepender depois desse ato tão espontâneo. Respirou fundo o foi até a sala de jantar, onde tudo tinha acontecido. Onde Hermione havia sido torturada na sua frente e lamentou. Entendia muito bem os receios que ela pudesse sentir, pois ele sentia a mesma coisa. Observou a grande sala com muita atenção. Optou por fazer algumas modificações, mas nada muito gritante. Queria que Hermione se sentisse mais confortável ali, e ele também, claro. As lembranças daquele dia, já não era tão torturantes quanto antes, era doloroso, mas ele já tinha se acostumado com elas, ou pelo menos, tentava.

Preferiu começar a mudança pela posição da mesa. A tirou de perto da lareira, a qual a muito tempo não acendia, e colocou-a mais para perto da janela. Naquela sala, a lua sempre entrava com mais facilidade, o que deixava o ambiente mais confortável e a vista para o jardim, mais bonita de se olhar. Depois da mesa, limpou a lareira. Tirou todos os resquícios do abandono. Tirou poeira e qualquer tipo de sujeira. Poderia ter pedido ajuda de Edgar, mas escolheu fazer tudo sozinho, já que precisava se distrair antes que a ansiedade o dominasse, pela resposta de Hermione. Tentava ao máximo no pensar, nem nela e nem na possível recusa. Então, continuou o trabalho.

Um momento para se acreditar - Draco e HermioneOnde histórias criam vida. Descubra agora