Cap 2: Hereges.

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Já era a hora do anoitecer. O momento em que a cavalaria corria para a caça. Aqueles que habita a floresta aleatoriamente era preso e transferido para a fogueira. Por isso ninguém ia lá a noite. Bom motivo, além disso, animais selvagens poderia comer as pessoas, ainda mais se perder lá dentro.

Oh! Ainda não me apresentei? Bem, eu sou Adelaide, uma simples garota camponesa. Me mudei há uns tempos. Ao achar essa Vila, fui barrada pelos guardas do portão. Não foi fácil, nem todos eles deixam entrar. Fizeram um monte de perguntas estranhas como se tinha plantas dentro de minhas malas, além de averiguar se eu realmente tinha. Olharam meus bolsos, minhas mãos e unhas. Questionaram de onde vim. Não menti. Apenas que era uma peregrina sem rumo, mas a procura de lugar para morar. Apesar de ter sido uma grande dor de cabeça, eles me concederam uma casa desde que eu trabalhasse com quem eles quisessem. Era algo bom, pelo menos, mas se achou que acabou? Não. Fui observada durante quatro noites, dentre elas, uma palestra foi avisada para a Vila toda a pedido do rei.
Hoje, era o dia em que a palestra será dada. Assim que o sol nascer, terei de prender meu cabelo como sempre faço e colocar um pano. Costume que obtive com a família, "sempre ponha um pano, Adelaide" ou "Esconda este cabelo!". Bem, talvez seja a hora de tirar. Não estou mais a comando dos pais. É isso! Farei amanhã depois da palestra. Será um grande alívio!

Regando as flores de minha janela, a multidão já se juntava para receber os cavaleiros. Eles tinham chegado com três mulheres totalmente nuas e feridas. A cena era aterrorizante de tal humilhação que elas sofriam, com isso, a multidão gritava ferozmente, mas não puderam fazer mais que isso, pois os cavaleiros sabiam que se deixassem, as pessoas lançariam pedras contra elas.
Saí de casa em direção ao centro de execução, estacas estavam firmemente prendidas no chão junto as varias coisas que fazem queimar. Como foram apenas três encontradas, algumas ficaram vazias.

Assim foi feito. Prendidas pelas madeiras com as mãos para cima, um lorde junto ao padre iriciara sua reza. A primeira mulher presa era esbelta, cabelos pretos e longos, parecia alguém totalmente normal para uma bruxa. Seu excesso de beleza encantava alguns homens que lá estava vendo, mas com desgosto também. A segunda olhava para o céu choramingando, branca de olhos roxos, nunca vi esses tipos de olhos na minha vida, o jeito cacheado de que seu cabelo se formava balancava ao vento. A mesma olhava para o céu suplicando, minimamente dava para ouvir o que ela dizia. A terceira, corpo magro, pele branca, mas o que mais me impressionou foi o fato dela ser ruiva. Não entendia o porquê, nenhuma das três pareciam incomum.

Ao terminar a oração, o Lorde pigarreou antes de começar:

- Aqui estão três mulheres imundas encontradas, não se enganem com esses rostinhos lindos. - Ele andava agarrando a cara das de olhos roxeados. - Elas são mortais.

Ele largava seu rosto com desprezo e força cuspindo no chão e continuou:

- Mas nada que a justiça do nosso senhor Jesus Cristo resolva! Graças à ele, Satanás não prevalecerá. Elas são o motivo de trazer praga aos seus parentes! - Apontava para a multidão cujo se chocavam enfurecidos. - E elas são o motivo dessa miséria em que vivem. Essas características são o exemplo típico de como algumas delas são.

Ao ouvir prontamente, suspirei assustada. Sem entender as suas palavras, não tive a coragem de perguntar, entretanto, não foi necessário, pois adiante o homem meramente obeso esclareceu para cada um que não pode compreender:

- Ninguém é tão belo e sem imperfeições como uma reencarnação de Lilith! Ninguém tem os olhos tão excêntricos como a de uma serpente e ninguém, NINGUÉM tem um cabelo tão flamejante e jeito perverso como as chamas do fogo do inferno! - O homem pegava sua tocha acendendo-a - Enquanto houver essas características, o mal continuará reinando entre nós e, com isso, elas vos amaldiçoará.

Entrei em choque ao ouvir tal palestra gelando frio. Todos rezavam enquanto as mulheres começaram a ser queimadas. Gritos ensurdecedores e estridentes saíam de desespero, a primeira mulher, bela, não parava de chorar com sua dor, sobretudo, ela olhava a mim, o olhar de desespero e de socorro.
Uma energia vinha delas, uma energia descomunal. Menos daquela que tinha o suposto cabelo de fogo. Foi quando percebi que somente duas delas eram realmente bruxas e, aquela que foi pega pelos seus cabelos avermelhados, era uma mera inocente julgada pela sua aparência.

- Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém. - Todos diziam formando um coral.

Me retirei indo em direção à minha casa traumatizada pelas coisas que acontecera.
Fui até um espelho olhando minha aparência pondo-me a chorar por medo.

- Por que...? - Questionei por mim mesmo. - Por que eu nasci assim?

Não sabia mais o que fazer a não ser tomar uma atitude completamente extrema, sim, era isso o que farei.

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