Cap 5: Segredos.

15 1 1
                                    

Acordei em um susto, sem saber o que estava acontecendo. Somente homens, ou pior, guardas vasculhando minha casa. Será que foi porque eu sai ontem? Alguém deve ter visto minha saída. Bom, de qualquer forma, vou ter que fazer de tudo para que não tenham qualquer suspeita. Dentre eles estava Abgor, um homem que todas as mulheres falavam e desejavam. Uma sorte tê-lo aqui em casa, digo, apesar do motivo, cujo não sei, não devo me deixar levar por causa de um rosto bonito.

[...]

Assim que ele me mostrou a folha, pude ler perfeitamente o que aquilo estava escrito. Notava-se que letras como aquelas, foram feitas para um ritual. E se veio da corte, alguém deve ter feito um pacto, o que não era bom, pois alguém dentre nós tem um ódio contra todos. E se isto veio de Abgor, a corte está com um envolvido a magia negra entre eles. Portanto, seria necessário fazer com que este anônimo seja revelado, se não todos estarão perdidos.

[...]

 Abgor tinha perguntado meu nome, não menti, afinal, não haveria o porquê de esconde-lo. Sobretudo, sei perfeitamente quando foi que ele mentiu, ele não era idiota, eu muito menos. Só que a partir de hoje, as coisas deverão ir com cautela, caso contrário, não quero nem imaginar. 

 Saí de casa olhando a volta, Odette, uma amiga que conheci acenava ao me ver, indo logo em minha direção.

— Adelaide! Eles foram na sua casa também?

— É, eu não sei o porquê.

— O que eles te perguntaram?

— Algumas coisas sobre uma folha que encontraram, não entendi nada.

— Ah, então você não sabe o que está acontecendo...

— O que?

— tem uma suspeita de que tem uma bruxa na cidade... isso não é assustador?

— Sim... — Disse em um tom meio baixo.

 Essa cidade já está me dando nos nervos. Não posso confiar em ninguém, todos estão tão manipulados e com medo da morte que eles fariam de tudo para que qualquer pessoa seja confundido com magista. Eu preciso de alguém em que contar e o que está realmente acontecendo, e a única coisa que preciso fazer é ir para a floresta outra vez para encontrar aquelas mulheres. 

— O que foi, Adelaide? Está tão pensativa... — Ela diz com sua face preocupada.

— Não é nada, é que isso tudo está me dando um estresse grande. Com licença, acho que vou colher flores para me acalmar.

— Faz isso! Admiro muito seu jardim, é muito bem cuidado! — Ela sorri.

 Sorrio me despedindo dela. Afinal, não tem muita coisa para fazer por aqui a não ser cozinhar e cuidar da casa e procriar. O que acho injusto, mulheres recatadas para ter um homem e os homens com seus direitos a ter diversão. 
 Fui até um campo que estaria por ali perto, com minha cesta procurando frutos para melhorar o jardim, notando a movimentação de guardas a espreita em todos os cantos, com alguns deles olhando diretamente a mim, onde realmente está cada vez mais desconfortável de andar por aí. Passei em frente a uma casa, não me importando de quem era, continuando meus afazeres, ouvindo uma conversa de lá de dentro, mesmo que seja sem querer.

— Aquela mulher deve ser a tal bruxa de qual falamos para Abgor sobre aquela noite.

— Realmente, precisamos saber o nome, ela fica por aí direto pegando as flores, talvez já esteja sendo olhada agora.

 Regalei os olhos, até agora não gostaria de ver quem era as pessoas dali, mas minha curiosidade aumentou ao falarem de mim. Deixei minha cesta no chão me espreitando na janela, eram dois homens, aparentemente amigos, não sei qual a funcionalidade deles, mas tudo que se refere a mim não irá passar despercebido.

— Enquanto não começamos a costura das armaduras, que tal fazermos uma coisa que não fazemos muito tempo, Lucas? — O homem se aproximava do outro pelas costas, passando a mão por volta de seu corpo.

 "Não me diga que eles são...?!" Pensei ficando com o rosto cada vez mais vermelhos.

— Agora, amor? — Ele virava para o outro alisando seu rosto.

 Eles são um casal! Não acredito! Cada vez que descubro mais dessa cidade, mais vejo que ela é mais podre do que imaginava! Apesar que estou gostando de ver toda essa cena quente, hehe. Porém não posso deixar passar despercebido, me enfureci com o plano deles em tentar me derrubar, me escorei na janela com um sorriso cínico em meu rosto, apenas esperando o momento em que eles me notar. O que não demorou muito, ambos se assustaram ao me ver empurrando imediatamente um ao outro.

— Q-quanto tempo você estava aí?! — Perguntava supostamente o Lucas, desajeitado e completamente constrangido com o que eu poderia ter visto.

— Há um tempinho, até que eu estava gostando da cena toda. — Ria dos dois.

— Você não vai contar né? — Respondia o outro.

— Óbvio que não! Estamos todos a um fio para sermos mortos. — Voltava a pegar minha cesta saindo do lugar.

— Moça! Por favor, entre, vamos conversar. 

 Aquele rapaz de cabelos castanhos acenava em gestos, aceitando seu pedido fui até a parte da frente da casa entrando assim que ele abriu a porta.

— Meu nome é Humberto e aquele é o Lucas.

— Eu sou Adelaide, a mulher das flores que estavam conversando entre si.

 Os dois olhavam surpresos, constrangidos com o que falaram antes.

— Tudo bem, eu perdoo vocês, mas agora temos um trato, não falar para ninguém os nossos segredos.

 Eles ficavam em silêncio, abaixando a cabeça. Lucas suspirava sentando em uma cadeira com a mão em sua face, suspirando fundo.

— Não me diga que...?!

— Me desculpa, moça, Abgor sabe que alguém saiu da cidade a noite... fomos nós que dissemos. 

 Fiquei incrédula, respirando fundo para não surtar de raiva, me mantendo em silêncio.

— Adelaide... Não dissemos seu nome, apenas que vimos alguém sair, olha, podemos mentir se quiser.

— Não é preciso, rapazes, só de falar isso já me ajudou.

— Com o que? — Pergunta humberto.

— Tenho coisas para dizer para vocês, além de precisar de vocês para algumas coisas que vou precisar. 

 Os dois me encaravam confusos.

— Ah, não é pra nada demais, só um sacrifício de um de vocês.

— O que?! — Gritaram em couro.

— É mentira! — Ria freneticamente. — Ai ai, precisavam ver suas caras!

— Sua suja! — Gritava Humberto rindo. — Na próxima vou te dar uns petelecos!

 Nós todos estavam rindo, o que me ajudou por um momento a esquecer de tudo de ruim. Meu pressentimento era que eles dois seriam as melhores pessoas que já encontrei e a melhor amizade que teria a partir em diante. 
 Com os frutos que colhi, despejei na mesa a pedido de Humberto, ele me disse que ensinaria alguns segredos da culinária que mulheres da vila não sabiam e que ele mesmo descobriu. O dia daí em diante foi a melhor coisa que aconteceu, assuntos que duraram para o dia todo, até o momento em que a noite estava a aparecer.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 15, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

As VirgensOnde histórias criam vida. Descubra agora