— Rezando pelos doentes, Abgor? — Uma mulher aparecia com seu longo vestido cor de ouro, bem arrumada e com um véu em seu rosto.
— Não é bom atrapalhar quem está em estado de oração, Isabel. — Fazia o sinal da cruz encerrando a reza, pus-me a levantar virando em direção à Isabel. — Como sabia que estava aqui?
— Perguntei ao padre e ele mencionou o lugar.
— Entendo. — Me dirijo para a porta da igreja pegando minhas cousas.
— Não é um homem de falar muito, não é mesmo? Parecia ser tão diferente na frente dos aldeões.
— Eu apenas não gostaria de mencionar aquilo que disseste antes. — Me dirijo ao meu cavalo que estava proximo do local mexendo na bolsa que do lado estava.
— Os doentes? Você sabe como são as coisas, Abgor, é uma punição de Deus, somente quem blasfêma sabe o resultado disso.
Me viro para Isabel cerrando os olhos, demonstrando explicitamente meu desgosto por cada uma de suas palavras.
— Você não sabe parar de falar bobagens! — Repreendi.
— Mas por quê?
— A minha mãe não fez nada de errado para merecer tudo isso! — Aumentava a voz ao tom de raiva.
Ouve uma pausa. A expressão de Isabel era de tristeza, eu deveria ter mencionado para ela antes, porém não queria que minha reputação fosse atingida por causa de históricos de família.
— Eu sinto muito... — Ela respirava fundo lamentante.
Sua reação foi inesperada, até segundos atrás ela estava falando coisas horríveis dos doentes, mas agora, talvez Isabel tenha compreendido mais a situação de outros, já que sua família não pegou esta doença.
Para que a situação não ficasse tensa, Isabel me ofereceu um pequeno baú, a olhei confuso, entretanto, a mesma sugeriu que o guardasse.
— Não poderia abrir agora mesmo? — Subi no cavalo pronto para sair.
— Na verdade isso é para ser aberto em casa, só para não chamar a atenção das outras. Foi com carinho. — Ela sorriu colocando dentro de uma bolsa pendurado a cela do cavalo.
— Gratidão. Só espero que seja mais uma carta de amor.
Isabel ri.
— Não é, bobo. Foi feito pela minha mãe. Creio que com isso você sinta ao menos o carinho de sua mãe.
— Bom. Não irei questionar. — Rio.
— Poderia me dar uma carona até minha amiga?
— Sabia que isso tinha um interesse por trás. — Estendo a mão ajudando-a subir.
— Não! — Ela ri dando um tapa em meu braço.
Sua força não era grande. Delicada como sua aparência. Rimos com a brincadeira e, por fim, tomamos rumo ao destino.
Estava pronto para relaxar com meus companheiros novamente em um bar quando um mensageiro me interrompeu dizendo que o rei estava me chamando com urgência.
Não era sempre que o rei falava diretamente comigo, apenas em algo grave. Bom, não questionarei. Já que, sem mesmo sair do cavalo, me dirigi à corte.O rei estava sentado em seu trono, com olhar insatisfeito. Algo poderia ter ocorrido para que ele ficasse assim. Ficando a frente do senhor, demonstrando respeito, ele inicia suas palavras com firmeza:
— Abgor, você esta fazendo o que lhe pedimos?
— Se está mencionando a caça as bruxas, a resposta é sim, vossa alteza.
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As Virgens
RomanceEle: Um caçador e servo de Deus. Ela: Uma bruxa e filha de Lilith. No século XVI, era média. Uma garota não escolhe ser quem ela é, mas é obrigada a ser e, com isso, grandes dificuldades irão passar pela sua vida, sendo uma delas, seu corpo aprofun...