Minha mente se encontrava em um turbilhão de emoções, todas provocadas por aquela garota de aparência adorável. Algo naquela garota deixava-me intrigado, não só porque ela é completamente diferente das outras garotas com quem conversei antes, mas também porque quando olhei para os olhos dela tive a impressão de que por trás daqueles olhos, cor de âmbar, um lobo feroz espreitava, apenas esperando uma oportunidade para atacar...
Tudo bem essa garota realmente mexeu comigo, estou comparando-a a um lobo. Eu preciso saber quem ela é. Eu nem sequer sabia seu nome ainda e já estava interessado nela. Ainda olhando para ela respondi ao seu pedido, um pouco perdido em pensamentos.
-Acho que não, creio que já bebi muito por uma noite.
Grande mentira, eu nem cheguei a tocar no copo antes daquela confusão começar. Eu precisava sair de perto daquela garota e clarear as ideias.
- Se você diz... Rukasu.
Como soava belo o som de meu nome ao sair dos lábios dela
- Você sabe o meu nome, mas eu não sei o seu. Como você se chama?
Antes de me responder a garota me lançou um olhar desconfiado.- Ruby.
- Foi um prazer conhece-la, senhorita Ruby. Espero encontra-la novamente, sob outras circunstancias claro.
Ruby me lançou um último olhar e se foi, com seu amigo. Que garota bela, mas tão... estranha.
- Senhor, vamos!
Tomás me deu puxão em direção a saída e eu o segui, ele parecia estar com pressa, quase tive que correr para alcança-lo. Quando chegamos do lado de fora, olhei para o outro lado da rua surpreso ao ver meus irmãos Leonardo e Marcos, acompanhados de um homem estranho de capa. Foi para lá que Tomás se dirigiu, eu o segui, mas contra minha vontade. Não que eu tivesse problemas com meus irmãos mais velhos, mas é que desde de que eu entrei para a irmandade da Õkami meus irmãos passaram a me tratar de uma forma diferente. Às vezes é difícil entender. Enquanto eu me dirigia aos meus irmãos Tomás fez questão de ficar o mais afastado possível.- Me desculpe pelo atraso irmãos, cheguei muito tarde para a reunião de família.
Eu disse me dirigindo aos meus irmãos, quando percebi que o estranho de capa era o nosso general, Damião, o mesmo que respondeu
- Cale a boca Õkami. Você mais parece um plebeu do que um príncipe, se envolvendo com a rale, que vergonha!
Ele passou a me odiar depois que descobriu que eu tinha me tornado um tenente da Õkami.
- Belas palavras general, pena eu não poder retribui-las.
Lancei a ele um olhar de raiva, o que não ajudou muito a melhorar seu humor comigo, ele apenas retribuiu meu olhar e ficou quieto, afinal, eu ainda era seu príncipe e ele, meu general.- Já chega general, não viemos aqui para discutir as escolhas impensadas do meu irmão.
Marcos disse isso com um tom de decepção na voz, como se eu tivesse abandonado eles quando mais precisaram. Pena que foi o contrário, enquanto minha vida desmoronava eles que me viraram as costas. Suspirei antes de perguntar, já me arrependendo de ter saído do bar.
- O que vieram fazer aqui? Por acaso estão me seguindo?
- Como se os príncipes herdeiros fossem perder tempo com um traidor do sangue como você.
Damião fez questão de me lembrar o porquê de ter entrado para Õkami. "Traidor do sangue" era assim que sempre me chamavam, até mesmo os empregados do palácio cochichavam esse título ao se referirem a minha pessoa. Porém, faz muitos anos que isso deixou de me incomodar.
Meus irmãos não se mostraram nem um pouco surpresos com a atitude do general, apenas balançaram a cabeça e o ignoraram.- Lucas não viemos aqui para segui-lo ou atrapalhar sua missão. Apenas vim te avisar que nosso pai está doente e é provável que tenha de abdicar de algumas funções...
- Não!
Não deixei que terminasse de falar e o interrompi. Leonardo que estava um pouco afastado de nós apenas me olhou resignado, como se já esperasse por minha negativa enquanto o general apenas bufou inconformado.
- Já sei o que vai me pedir Marcos, mas a resposta é não. Se era apenas isso o que veio me dizer já pode ir embora.
Comecei a me virar para ir embora quando sinto as mãos do Leonardo me impedirem.
- Podemos conversar um pouco?
Apesar de não ter concordado com minha decisão de ser um Õkami Leonardo foi o único que não me julgou, apenas acatou minha decisão e agiu como sempre foi, um pouco frio e distante. Dei um breve aceno com a cabeça concordando em conversar. Nos afastamos um pouco e ele começou.
- Você cresceu, não em altura, você parece mais maduro, responsável.
Olhei para ele um pouco surpreso e desconfiado, ele nunca tinha me elogiado e muito menos pedido para conversar a sós comigo.
-Obrigado, mas ainda não entendi o que você quer.
Ele ri um pouco antes de me encarar sério.
- Vou ir direto ao ponto Lucas. Você precisa voltar para o palácio e assumir alguma das funções do nosso pai.
Me irrita oque meu irmão diz e não hesito em negar seu pedido.
- Não Leonardo, não vou fazer isso. Não importa o que você ou o Marcos diga não irei voltar. Não entendo por que vocês querem tanto que eu volte para o palácio, não tenho nada naquele lugar.
Fiz menção de ir embora quando novamente ele me impediu, dessa vez me segurando com um pouco mais de força e se aproximando mais até que sussurrou em meu ouvido aquilo que mudou minha decisão.
- Nosso pai está sendo envenenado e tem alguém tentando assassinar a mim e ao Marcos, alguém quer matar a família imperial. Preciso que você faça alguma coisa.
Após ouvir isso entendi o porquê de meus irmãos estarem armados e vestindo suas armaduras por baixo das capas.
- Informe isso ao comandante da Õkami, e mesmo que eu voltasse para o palácio o que eu poderia fazer? Apenas iria me tornar mais um alvo. Direi novamente, informe a Õkami sobre a situação.
- A Õkami não pode fazer nada já que os membros do conselho proibiram a entrada deles nas dependências do palácio. Tudo o que eles podem fazer agora é patrulharem os arredores.
Minha surpresa não poderia ser maior. A Õkami, uma irmandade de assassinos e espiões, criada a séculos para proteger a família imperial agora fazendo simples patrulhas nos terrenos do palácio. Só podia ser piada.
- Como os conselheiros fizeram isso? A Õkami responde diretamente ao nosso pai, isso não está certo...
- Eu sei, por isso quero você lá. Você é um tenente um oficial da Õkami, mas acima de tudo você é um príncipe, sendo assim os conselheiros não poderão fazer nada.
Olhei mais uma vez para meu irmão e avaliei suas palavras. Realmente não seria bom deixar as coisas como estão, mas seria muito difícil para mim voltar ao palácio. Suspirei já pensando em seu plano.
- Pensarei nisso, não posso te dizer que irei voltar.
- Ótimo. Iremos embora agora. Até qualquer dia irmão.
Observei enquanto ele se afastava indo em direção ao Marcos e ao general e logo depois todos irem embora. Não pude deixar de reparar que meus irmãos estavam com as feições cansadas e abatidas. Talvez realmente fosse hora de voltar.
Fui até Tomás e o avisei que estávamos voltando ao quartel, não seria bom se chegássemos muito tarde na sede da irmandade. Enquanto caminhávamos fui pensando no que ouvi de meus irmãos.
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Entre Corvos e Lobos
ФэнтезиAna, Lili, Ruby, princesa, filha ou assassina. Lucas, Rukasu, príncipe ou guardião. Duas pessoas com vidas semelhantes, porem vividas em extremos opostos, um ato de traição do passado unindo seus caminhos. Segredos e uma origem desconhecida sendo re...