7. Política

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Quando pisei para fora do quarto, mal pudia me reconhecer no espelho, tinha ganhado nos últimos meses fora das terras sem lei, meus músculos estavam mais firmes, e meu corpo mais limpo. Helgan, depois de uma careta, tinha me ajudado com meu cabelo, prendendo os fios rebeldes em uma trança complicada e adornada com linhas grossas e douradas.

Após tentar sem sucesso, passar alguns produtos coloridos no meu rosto, ela tinha aberto uma caixa pesada, cheia de joias. "Não é muito" Tinha dito. "Nada comparado ao que veremos hoje, mas são as joias do tesouro da Porção das Ilhas Leste."

Eu tinha escolhido um conjunto simples feitos de ouro e rubi. Minhas orelhas não eram furadas como os dos homens e mulherem em Rubi, não tinha passado os brincos. 

Minha corte já me esperava, quase tão bem vestidos quanto eu mesma, Alexa, Starne e Davos, vestiam armaduras de couro lustradas e nobres, enquanto Jadeone exibia vestes de vocação, não tão adornadas quanto as minhas e de um azul celeste e profundo. 

No final no corredor, Kiram me encarava com um sorriso encorajador. O rastreador não estava vestindo uma armadura, e sim  jaqueta e calças pretas, assim como tinha visto os homens nobres da madeira usarem. Com o cabelo bem arrumado, e expressão altiva, Kiram parecia o príncipe que era.

Não pude deixar de perceber a expressão de choque da minha corte ao me verem vestida daquela forma, e não podia os julgar, eu estava tão surpresa quanto eles.

— Está pronta? — Helgan perguntou. — Estamos bem em cima da hora.

Eu respirei fundo, nunca tinha me sentido nervosa ou insegura, mas naquele dia eu estava, o peso das palavras de Helgan ainda martelando em minha cabeça. Eu podia lidar com uma competição, com uma luta, ou até com uma batalha, mas aquele jogo de política enquanto mal tinha aprendido a ler, era minha fraqueza.

Quando forçei minha pernas a andarem decididamente pelo corredor, um toque suave em minha cintura fez meu corpo se arrepiar. Ao meu lado, Kiram sorria docemente.

— Vai se sair muito bem. — Ele sussurrou em meu ouvido, enviando todo tipo de sensações pela minha pele.

Assenti, e gerticulei um "obrigada".

— Mantenha sua expressão rigida e levemente entediada. — Helgan começou a instruir, enquanto andávamos pelo castelo lotado. — Provavelmente não vão lhe dar muita atenção nessa primeira reunião. Podem participar dessa reunião, a corte do senhor, assistentes, os alto administradores da porção, e os sucessores e sua corte. Mas apenas senhores podem falar.

— Alto administradores? — Perguntei, me virando para Helgan. — Acho que não me explicou tudo.

— São os responsáveis por cuidar da burocracia, cada porção tem dois deles. Alto tesoureiro e alto conselheiro. Todos eles existem para colocar seus planos e ambições em prática, respondem a você somente. Eles tinham títulos ociosos e de fachada antes de escolherem você como herdeira, já que a administração da porção era da coroa. 

— Então não devem ficar felizes em me ver. — Falei. — Tirei-os da vida fácil.

Helgan deu uma risadinha.

— Eu não diria isso, senhora. Como sabe aqui em Rubi o poder vem com méritos, como podem ter méritos se não podem trabalhar? Eles são ridicularizados a maioria das vezes, chamados de falsos nobres, e impedidos de participar de qualquer decisão política. Provavelmente também será a primeira vez deles na corte.

Levantei a sobrancelha. Ótimo, mais novatos sem a mínima noção do que fazer.

— Um bom líder deve saber confiar e delegar. — Jadeone falou atrás de nós. — Eles cresceram estudando para isso, assim como nós. 

A Herdeira de RubiOnde histórias criam vida. Descubra agora