quando aprender e brincar é quase a mesma coisa. quando tudo é leve, como uma tarde no parque com sabor de terra e grama debaixo dos pequenos pés, um picole de uva ou o bolo da vó, aquela que foi embora muito cedo e deixou um espaço na memória. o espaço que sempre tento preencher com lembranças rápidas de pequenas cenas; ela dormindo e eu ouvindo o roncar de um corpo cansado, o carinho dela fazendo pão de queijo, a censura terminando com um afago nos cabelos lisos.
ou lembrar da outra, a que veio de outras terras, do outro lado do mundo. essa dividiu mais tempo comigo, mas também já se foi e cedo demais.
o gosto do gohan, do peixe assado na brasa, a voz e o riso quase sempre contido. não era vó, essa não. era bachan.dos vôs também me lembro. um de ouvir falar sempre, porque não cheguei a conhecer. outro, de visitar aos domingos, impressionado com o fato dos olhos serem tão puxados e pequenos e ele ainda conseguir ler o jornal japonês matinal.
engraçado sentir que ser criança é lembrar de tanta coisa, e de outras não. imagino quantos papos podia ter tido com seu antônio, pai de mãe. e de como podia ter aproveitado mais sadaiti, pai de pai.
mas ser criança ensina, brincando, como a vida é transitória. ainda bem.
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poesia diária
Poetrydevaneios poéticos de um jovem apaixonado pela vida, descobrindo as pequenas e grandes alegrias, construindo memórias e eternizando momentos.