▫️Cap. 1▫️

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     O som inesperado do choro de um bebé fez com que Kim Seokjin parasse antes de tocar a campainha da grande e imponente casa de fazenda, em estilo colonial. Tudo o que sabia a respeito de Kim Namjoon, o dono da propriedade, baseava-se no que ele havia lido, meses atrás, em uma revista. Segundo o artigo ele era solteiro e estava mantendo um romance com uma modelo, mas não havia menção nenhuma a um bebê.

     O vidro da porta da frente estava aberto, mas tinha a protecão de uma bonita grade entalhada, também em estilo colonial. Seokjin notou que o som do choro vinha dos fundos da casa. Estaria Kim Namjoon recebendo visitantes com um bebê, justamente no dia em que marcara a entrevista com ele? Isso não parecia justo, Seokjin pensou, com um aperto tão
forte na garganta que lhe dificultou a respiração. Havia desejado tanto aquela oportunidade e agora precisaria de muito autocontrole para realizar seu trabalho ignorando a dor que já começava a sentir dentro de si.

     Os olhos ficaram úmidos e ele piscou diversas vezes para evitar as lágrimas. Inspirou fundo e pressionou a campainha. O mundo estava cheio de bebês. O fato de ele não poder ter
filhos não era motivo para sentir-se desmoronar toda vez que via um recém-nascido ou ouvia o choro de uma criança.

     Nem mesmo a terapia o ajudara a superar sua frustração. Depois de descobrir a verdade sobre não poder ter filhos, Seokjin começara a trabalhar por meio período como voluntário em um abrigo para crianças, em Melbourne. Entretanto, o contato com bebês, em vez de fazê-lo sentir-se realizado, apenas aumentara a sensação de perda.

     Para distrair-se, Seokjin passara a ocupar a outra parte do seu tempo livre com a revista que publicava e era dirigida a pessoas que se interessavam por casas de bonecas e miniaturas. Sua publicação tinha o nome de Casa de Bebe porque, historicamente, assim eram chamadas as casas em miniatura, antes de se tornarem brinquedo de crianças.

     Seokjin inspirou fundo, tentando controlar o tremor. Não iria deixar que a presença de uma criança na casa o perturbasse. Iria manter-se bem calmo ao ver o bebê. Afinal, já de-
cidira que no devido tempo teria filhos adotivos. Estava convencido de que criá-los podia ser tão gratificante quanto criar os gerados por ele. A família Kim era um exemplo disso. Os
pais de Seokjin tiveram três filhos, Sam, Seokjin e Joanie, e adotaram outras três crianças. Os seis amavam-se igualmente, e um lutava pelo outro como se todos fossem irmãos de sangue.

     Veio à mente de Seokjin que o maior problema talvez fosse
Kim Namjoon. Ele não havia mentido ao escrever-lhe que desejava entrevistá-lo, mas omitira que o artigo seria sobre a história da família Kim e a famosa casa de bonecas que havia na propriedade. No passado, essa casa podia ser visitada pelo público, mas ao herdar a fazenda, depois da morte do pai, Namjoon se recusara a deixar que vissem ou fotografassem a pequenina casa. Portanto, Seokjin refletiu, seria um grande feito se conseguisse a entrevista e a foto da casa de bonecas.

     A idéia empolgou-o. Uma boa reportagem iria garantir a publicação da sua revista por mais algum tempo. No momento era imperioso que ela lutasse, uma vez que a gráfica com a
qual ele trabalhava lhe aplicara um golpe, deixando-o em dificuldades financeiras. Sim, teria de conseguir uma boa reportagem com Kim Namjoon.

     Endireitando os ombros e erguendo a cabeça altivamente,
Seokjin tocou a campainha mais uma vez. No mesmo instante o bebê voltou a chorar ainda mais alto. Era um choro sentido, como se a criança estivesse sofrendo. Por que alguém não a consolava?, Seokjin pensou, com o coração apertado.

     Depois de tocar a campainha pela terceira vez, sem que ninguém viesse atender, decidiu dar a volta pela varanda, que cercava três lados da casa, à procura de outra entrada. O casarão apresentava uma agradável mistura de estilos colonial e moderno. O revestimento de madeira combinava harmoniosamente com as janelas de sacada e o teto inclinado. Uma das portas francesas, com vitrais, estava aberta, as cortinas esvoaçavam com a brisa e Seokjin chamou:

     -Alô! Há alguém em casa?-

     Não houve resposta e ele deu um passo, ficando pouco além da soleira da porta. Viu que o cômodo era um quarto masculino. O quarto de um homem bem desordeiro, por sinal. A cama pesada, de mogno, parecia não ter sido arrumada por dias seguidos. Os lençóis pretos, de seda, e o edredom estavam revoltos e arrastavam-se no chão, como se a pessoa que ali dormira tivesse se levantado apressada.

     Lençóis pretos, de cetim!Decididamente, esse era o quarto
de um homem solteiro, Seokji  pensou com um sorriso. Nenhuma mulher com senso prático escolheria um tecido tão difícil de lavar e manter-se bonito. Havia roupas espalhadas por todo o cômodo e um a cueca de seda estava pendurada do lado do
espelho sobre a cômoda.

     Vendo a própria imagem no espelho, Seokjin achou que o conjunto de linho verde-musgo que usava, formado de calça e casaco, parecia muito sério e profissional naquele ambiente.

     Talvez um négligé preto de chiffon fosse mais apropriado. Não, preto não. Forte demais; não combinava com o tom de sua pele. Coral Ihe assentariabem, decidiu. E os cabelos castanhos poderiam ficar levemente bagunçados. Então, estaria pronto para ocupar um ambiente hedonístico como aquele.

     Horrorizado com o rumo de seus pensamentos, Seokjin censurou-se. Não tinha o direito de estar ali, invadindo o quarto de Kim Namjoon, se é que seria aquele o quarto dele. Desviou os olhos de toda aquela desordem e afastou-se depressa dali.
Saiu por uma porta que se abria para um largo corredor.

     Agora o som do choro era nítido e muito alto, indicando que o bebê estava bem perto. De repente, Seokjin parou ao ver-se diante da porta da cozinha, um cômodo enorme com um grande fogão de pedra e forro alto. No centro da cozinha havia uma mesa comprida de carvalho, muito antiga, e junto dela, sentada em uma cadeira alta, estava uma criança infeliz fazendo todo aquele barulho. Um homem, sem camisa, usando calça de moletom cinza, também com aparência desolada, curvando diante da garotinha, tentava, sem sucesso fazer com que ela comesse uma papa verde.

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Espero que gostem (provavelmente ninguém vai ler essa fic,maaas) ,desculpa qualquer erro, votem e comentem.

Bjz!♥!♥!

Adorável Magnata (Namjin)Onde histórias criam vida. Descubra agora