Pobre diabo

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E na iminência de um colapso
O coração calejado se blinda,
É sinal que o discernimento
Não o abandonou ainda.

Com amigos ao redor, e música boa
Ao copo cheio se brinda,
E mesmo assim, basta um sorriso dela
Que toda resistência se finda.

Queria ele se fazer de durão,
E tocar o fodas por aí,
E montado em sua moto, rodeado de irmãos
Beber e curtir.

Mas há raízes que o prendem ao chão,
E o impedem de voar,
Como as grades de uma prisão 
Com vista para o mar.

Às vezes até os cadarços de suas botas desgastadas,
São um tentador convite ao fim,
Mas é salvo pela sua covardia
Que o impede de dizer sim.

Mas mesmo com todo calor
Que ele vê se agitando em torno,
Esse pobre indeciso diabo,
Tende a permanecer morno.

Uma existência medíocre
Que entulha e empata um corpo
Nem quente nem frio
Tão longe do chão quanto do topo.

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