Sinal Verde

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Num semáforo, o sinal verde quer dizer: Siga em frente. A cor verde para mim representa isso, a liberdade e a esperança. A liberdade para ser feliz e a esperança de que isso é infinito.

Estou aqui, nesse semáforo, esperando o sinal verde abrir para que eu consiga pegar meu Josh na escolinha e levá-lo para tomar um sorvete, pois hoje é a sexta do sorvete. A sexta do sorvete é uma pequena tradição que tenho com Joshua Swan Cullen, meu filho de quatro anos. Um menino sapeca, feliz, lindo, esperto, loirinho e dono de uma parte muito grande do meu coração.

Depois do meu parto tive uma depressão. O vínculo mamãe e bebê não estava sendo criado e eu só sabia chorar, ter pensamentos dignos de prisão ou de um hospício, isso na minha concepção. Nem mesmo o meu marido, que é um bonitão de tirar o fôlego, foi capaz de me tirar daquele momento. Então fomos atrás de ajuda. Eu fiz um tratamento até o primeiro ano de vida de Josh, quando recebi alta.

O processo foi doloroso, eu tinha medo de machucar aquela pequena criatura e tudo que eu queria fazer era correr dali. Mas Edward, meu doce marido, foi a minha âncora, minha força e o que me fez querer lutar. Ele não desistiu de mim, eu não devia desistir também.

A festa de Josh não teve um tema específico. Mas nós convidamos alguns amigos da faculdade e do trabalho para a festa, além da família. Esme, no melhor sentido da palavra, é a cadelinha de Josh, ele a tem na mão. Ganha muitos presentes e mimos da avó, apesar de minha relação com ela não ser um mar de rosas.

Escuto a buzina e vejo o sinal verde. Guio o carro para a escola e desço para esperar o pequeno peralta. Vejo uma multidão de cabecinhas saindo do prédio, meninas e meninos vestidos de branco e verde-claro. Um menino lindo saí junto de outros dois meninos e ele procura ao redor, até que ele me vê, seu sorriso aparece e me derreto toda. Porra, eu fiz esse menino.

Ele se despede e caminha rápido até mim. Abraço o pequeno corpinho e escuto ele resmungar com o meu aperto. Ele beija a minha bochecha e só assim o solto.

— Você não chorou hoje? - Pergunta a voz infantil. Nego com a cabeça - Verdade?

— Só um pouquinho. - Eu conto a verdade. Desde a semana passada, quando ele começou a estudar, fico um pouco abalada com a nossa separação. Chorei demais no primeiro dia e Edward estava rindo ao meu lado. Eu nem perguntei o motivo, só deixei ele me abraçar e confortar.

— Mamãe - ele chama quando coloco ele na cadeirinha.

— Oi, meu príncipe? - O encaro depois de checar a terceira vez as travas de segurança.

— Mãe, não chora não, posso ir para a escola e fazer amigos, mas eu nunca vou deixar de ser seu melhor amigo. - Ele segura o meu rosto e respiro fundo para segurar as lágrimas. - Não chora mamãe!

— Desculpa meu neném, é que eu também nunca vou deixar de ser sua melhor-melhor-amiga. - Beijo na bochecha gordinha e fecho a porta. Dou a volta e entro no carro. - Qual sorvete você quer?

— Quero de morango e creme. - Ele dá um soquinho no ar. Limpo as lágrimas e dou partida.

— Mas mamãe...

— Não, eu não vou te dar um celular novo.

— Mas nem dá de jogar aqui, esse celular nem tira foto.

— Esse celular é pra emergências, Joshua. Caso você se perca ou esteja em situação de perigo. Tanto que você tem só os números do seu pai, dos seus avós, e o mais importante de todos....

— O da mamãe. - Ele bufou.

— Exato. Quando você estiver maior e tiver lido ao menos cinquenta livros de quinhentas páginas, aí sim eu compro um celular que dá de jogar e tirar foto e essas coisas tudo.

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