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A cada passo que Isabela dava por sua casa era uma lembrança nova que lhe vinha a mente. Em cada canto daquele lugar aconteceu algo especial, era como se Marcelo continuasse ali, e isso lhe deixava triste, pois ele não estava… e ela sabia.
A medida que os anos passavam, a dor e a saudade aumentava… dois anos de lágrimas e sofrimento.
Sua mãe, Marilene, fazia de tudo para vê-la sorrir novamente, para vê seus olhos brilharem como antes, mas tinha conhecimento de que sua presença não era o suficiente, queria que cuidar de sua filha fosse tão fácil quanto cuidar de seu filho mais novo, Sebastian, mas sabia que não era o mesmo. Ele era muito novo para entender certas coisas, seu mundinho é menos complicado e mesmo que às vezes acaba pensando no pai, se apega à ideia de que no seu coração, Marcelo continuaria vivo. Já Isabela não pensava assim, viveu muito mais coisas com o pai e passava às tardes conversando com ele, por isso não tivera muitos amigos, sempre foi sozinha e isso dificulta um pouco a superação de tudo, não se abre com ninguém, é apenas ela e seus loucos pensamentos.
Mais sabemos que nessas situações ninguém sofre menos e ninguém sofre mais, é tudo uma questão de escolhas.
D. Mary, por exemplo, reprimia seus sentimentos, não queria que os filhos a visem triste, ela era uma referência para eles e precisava incentiva-los a seguir mesmo sendo difícil, e uma das formas que encontrou para que isso fosse possível foi se dedicar mais ao trabalho, assim esquecia um pouco a grande brecha que seu marido deixara em sua vida. Mas… talvez essa não fosse a melhor forma de resolver isso.
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“Venham, o café está na mesa!”. Era sempre a mesma frase, com o mesmo tom de voz alegre e o mesmo sorriso acolhedor. Depois vinha às perguntas, os beijos e abraços, e logo saía apressada pro trabalho. Nada mudava, a mesma monotonia de todos os dias.
Mais naquela manhã fora diferente:
— Não vai comer querida? — Questiona D. Mary.
— Não quero, estou sem apetite! — Responde indiferente.
— Você anda muito fraca esses dias, acho que deveríamos procurar um especialista… — ela toma seu café com calma. — Um psicólogo talvez.
— Não estou louca mãe! — Confronta a filha irritada.
— Eu sei Isa… Psicólogos não é apenas pra loucos não, tenho certeza que ele vai te ajudar, sua vida anda sobrecarregada ultimamente! — Explica ela.
— Estou bem. — Afirma.
— Sei que está, mas vai ser bom se abrir com alguém. Se quiser, marcamos uma consulta. — Propõe a mãe.
— Não. Já disse que estou bem! — Isabela levanta enfurecida.-Não entendo essa sua preocupação repentina, nunca se importou comigo!?
— Claro que me importo com você Isa!
— Ata! A senhora não liga pra ninguém, vive trabalhando… Desde que o papai morreu foi assim, saí cedo e volta tarde. Não vem dar uma de boa mãe não! Esse papel não combina com você. A senhora não sabe e nunca vai saber o que é ser mãe!
A garota saí antes que sua mãe possa debater.
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— Não deveria ter falado assim com a mamãe. — Comenta Sebastian ao entrar no quarto da irmã.
— Você não conhece ela como eu conheço. — Afirma a menina que estava entretida mexendo em sua medalhinha, presente que Marcelo lhe dera ao nascer.
— Você a magoou, sabia? — Quis saber o menino que já havia se acomodado na cama de Isa.
— Não me importo. — Responde com frieza.
— Você mudou Isa!
— É… o sofrimento muda as pessoas, e aquelas que não conseguem superar, ficam pressas na amargura para sempre!
O menino se calou por um instante.
— Eu sofri com a morte do papai, mas não mudei! — Fala com convicção.
— Aí Sebastian, você era um pirralho quando tudo aconteceu. Não deve nem se lembrar de nada, pra você não foi tão difícil! — Comenta.
— Se aquele caminhão não tivesse tombado nele, talvez eu teria muitas lembranças com ele hoje. — Conclui o menino com tristeza.
— Eu não acho que a causa da morte do papai foi acidente…
— Por que diz isso?
— Você não vai entender agora, mas quando eu solucionar o mistério conto com detalhes, prometo. — Diz ela.
— Vai virar detetive agora Isa? — Indaga entre risos.
— Sim… e só pra você vê o quanto sou boa, já tenho uma pista!
— Sério! Posso vê? — Pede curioso.
— Claro.
Isabela retira de sua gaveta uma embalagem plástica que continha uma foto rasgada, e entrega ao irmão:
— Esse é o papai e você? — ela confirma — E o que essa foto velha e rasgada tem a ver com a morte do papai?
— Não sei, mas vou descobrir! — Afirma cheia de esperanças.
Sebastian recoloca a foto no lugar e descansa a cabeça no colo da irmã:
— Por que ele precisou partir?
Isabela não sabia como responder essa pergunta, afinal ela também gostaria de saber, foi aí que lembrou de uma coisa que seu pai lhe disse uma vez:
“Nossa vida é como a folha de uma árvore, é posta na natureza com uma missão, e quando a cumpri é descartada e levada pelo vento.”
Respondera com as mesmas palavras.
— Como assim?
— Nós somos postos na terra por Deus, para cumprir um propósito. Quando cumprimos ele nos leva embora. — Explica ela.
— Parece tão injusto isso! — Fala ele.
— É… parece, mas talvez não seja!♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥
Resumo esse capítulo em uma frase:
“ENCHEÇÃO DE LINGUIÇA” KKKK, brincadeira★!Kauany T.
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A sombra da ausência
عاطفيةIsabela, uma jovem de apenas 16 anos, após perder o pai, se torna uma menina fria que não acredita na felicidade. A garota é mandada por sua mãe para a casa de sua avó, e lá conhece várias pessoas, uma delas se torna sua melhor amiga, Liny, juntas e...