Epílogo: Mudaram as estações, nada mudou

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Joonhee e Yana haviam acabado de ler o pequeno maço de páginas que os pais haviam entregado aos filhos. Sem usar nenhuma palavra, os dois reagiram ao texto com lágrimas, sorrisos e algumas gargalhadas e interjeições em voz alta.

-É lindo! - Yana disse enfim, secando as últimas lágrimas que corriam por seu rosto - Nunca li nada tão cheio de amor.

-Porque vocês fizeram em formato de prosa? - Joonhee questionou - E porque em primeira pessoa direcionada um ao outro?

A família toda riu dos questionamentos técnicos do único entre eles que tinha algum estudo formal em narrativas, mas ainda assim reconheceram que havia sentido nas perguntas dele.

-O texto começou como um rascunho para o discurso que escrevemos juntos para a festa de hoje. Mas seu pai e eu não achamos muito apropriado para a festa...

-Claramente! - Joonhee interrompeu a mãe com uma indignação forçadamente cômica - Porque vocês precisavam falar tanto sobre sexo? Você tem algum tipo de fixação pelos peitos da mamãe, pai?

-E porque não teria?- Namjoon respondeu, um pouco contido. Mas depois de ver os risos de Yana, continuou com a brincadeira - Nesta mesa, só a Yana pode dizer que nunca desejou ou chupou os peitos da sua mãe!

A mãe e a filha gargalhavam, Namjoon deu alguns tapinhas no ombro do filho que fazia uma careta e depois os dois se juntaram às risadas das outras duas.

-Bem, - a mãe continuou quando os risos cessaram - mesmo achando que não tinha cabimento um discurso com um texto tão grande, detalhado e com essas liberdades artísticas como diálogos e essa alternância entre narradores, fomos nos empolgando e contando toda a história, como ela aconteceu de verdade, incluindo todo o sexo e as menções aos meus peitos.

-Ficou lindo e verdadeiro, mamãe - Yana defendeu. - E também gostei de terem usado esse tema das quatro estações para amarrar a narrativa. O papai gosta mesmo dessa metáfora.

-É, tem umas três músicas com letras que falam sobre isso - acrescentou Joonhee.

-Então, - o pai prosseguiu, recolhendo da mesa entre os dois sofás o manuscrito que os filhos haviam deixado ali - vamos fazer um livro com o começo da nossa história. E vamos passar a vocês, pra que vocês continuem escrevendo.

-É uma maneira de registrar a história da nossa família. - a mulher acrescentou, entrelaçando os dedos nos de seu companheiro - E uma celebração mais íntima, só pra nós que vivemos de fato as coisas que estão nessa história. Não é segredo nem nada, e vocês podem mostrar pra quem quiserem depois, mas queremos que vocês saibam que são os mais importantes leitores dessa história, certo?

-Vocês não cansam de ser perfeitos?- Yana questionou, se levantando do sofá em frente aos pais para abraçá-los e beijá-los - É muito difícil ter vocês como exemplo de amor, sabe?

Depois de receber seu beijo, Namjoon esperou a filha se assentar novamente ao lado do irmão para perguntar, com genuína curiosidade.

-Porque?

Joonhee soltou um riso descrente e trocou um olhar com a irmã, recebendo o consentimento silencioso dela para responder em nome de ambos.

-Vocês são um casal perfeito! São companheiros, mas conseguem manter a individualidade de vocês intacta e como vocês mesmo escreveram, tudo que fazem separados torna vocês dois mais unidos!

O tom de Joonhee era quase de indignação. Seus pais trocaram um olhar espantado.

-Vocês nunca brigaram por nada!

Mudaram as estações, nada mudouOnde histórias criam vida. Descubra agora