Acordei com Tavares me chamando, ele havia pedido meu café da manhã no quarto e meu banho já estava preparado.
Depois do desjejum, tomei o banho e coloquei uma roupa preta, como sempre.
Me olhei no espelho por alguns minutos e não me vi ali. Tinha mudado muito desde que perdi Ellena... Ela que me fazia sorrir, me animava e era a única que foi capaz de me amar. Respirei fundo, tirando todas aquelas lembranças da cabeça e sorri de lado.
"Você governa dois reinos e está prestes a conquistar o terceiro. É o todo poderoso e ninguém pode contra você!"
Desci e vi a princesa no salão das mulheres, que era proibido para os homens.
— Olá, Princesa! Ótimo dia, não? — Ela me olhou de canto de olho e apenas sorriu. Eu não queria violar uma regra antes de casar, mas ela parecia implorar por isso com esse desprezo. Então me aproximei dela, invadindo seu espaço pessoal.
— Não pode entrar aqui!
— E a princesa não sabe ser educada? Eu cumprimentei, deveria devolver! Isso é apenas questão de educação e não de estar apaixonada por mim, minha querida.
Seleste me encarou com raiva, eu gostava de vê-la assim, com raiva e totalmente mexida por mim. O Rei poderia achar um dos piores pecados eu entrar no salão das mulheres, mas para irritar essa garota valeu a pena. Ela se endireitou na cadeira e fechou o livro que estava aberto em suas mãos.
— Um ótimo dia, senhor Cristian. Agora poderia sair do salão exclusivo para mulheres e me deixar ler? — ela disse, forçando uma educação que não tinha. A olhei de cima a baixo, procurando o que todos dizem ser seu charme e não encontrei. Só amo vê-la irritada, isso é divertido para mim e para o meu ego.
— Você pretende conquistar um Rei tratando ele dessa maneira, senhorita? — Ela se aproximou calada, até ficar bem próxima de mim. Por alguns segundos encarei seus lábios avermelhados e carnudos, mas desviei para seus olhos antes que pudesse perceber. Eu me mantive ali, sem demonstrar que estava sendo intimidado por ela, pois não estava.
— Não pretendo conquistar Rei nenhum! Você sabe, melhor do que ninguém, que esse casamento é apenas um contrato, onde só você ganha alguma coisa.
Garota esperta... Isso pode me causar problemas com o seu pai, preciso ensiná-la alguma coisa...
— Está enganada! Seu pai precisa de descanso e sossego e você dará isso a ele se casando comigo. Não quer deixá-lo feliz, Seleste? — Ela respirou fundo, se sentou e olhou para o livro em seu colo. Eu gostei de chamá-la pelo nome... É tão diferente e tão gostoso de se pronunciar. Vou amar tê-la como esposa e chamá-la em festas pelo seu nome para comparecer.
— Posso voltar a ler? — Eu não respondi, apenas dei meia volta e sai.
Horas mais tarde, eu estava com minhas calças pretas e em cima do meu cavalo preto chamado Rajar. A Princesa e o Rei estavam assistindo tudo sentados em cadeiras muito confortáveis em um pequeno palco de madeira feito para eles aproveitarem a vista. Eu iria me exibir um pouco com meus dotes de montaria. A Princesa estava lendo o mesmo livro de antes e o Rei me observava com atenção.
Comecei a correr. Rajar era rápido, já foi um cavalo selvagem antes de eu o doma-lô. Ele era um dos mais temidos, homem nenhum se atreveu a montá-lo e quem tentou quebrou algum osso do corpo. Quando dei o primeiro salto, vi o sorriso no rosto do Rei; talvez ache que, como seu futuro genro, serei bom com o Reino, pois sou forte, corajoso e destemido. Seria uma escolha sensata de um Rei velho e acabado como ele.
— Vamos lá rapaz... — sussurrei para Rajar. Eu tinha uma ligação com ele como não tenho com ser humano nenhum. Ele é o meu cavalo favorito, além de ganhar diversos prêmios, ele era amado por Ellena. — Você consegue!
Demos mais três saltos e pude ver Seleste abaixar o livro e quis me exibir mais. Saltei então o maior obstáculo que existia ali.
— Muito bem garoto! — Ergui Rajar, o deixando em pé nas suas duas patas traseiras e acenei para o Rei e a Princesa. Ela apenas sorriu de lado e o Rei acenou eufórico.
Ele não tem mais juventude, será que está invejando minha energia e disposição? Creio que sim.
Depois de mais pulos, demonstração e exibição, parei próximo deles. Seleste parecia querer voltar a ler e me parabenizar ao mesmo tempo. Ela me olhava com os olhos brilhantes e um sorri discreto.
— Você foi muito bem, Cristian! Foi uma ótima escolha de Rei e marido para minha filha. — Eu sorri apenas e olhei para a princesa, esperando os parabéns ou algo do tipo. Ela estava nos encarando de um jeito tão suave que não parecia ela mesma ali.
— Foi realmente encantador. — Ela voltou sua atenção para o livro e eu apenas sorri. Ela não tinha sal, não era exatamente o que eu procurava para reinar ao meu lado, mas irritar essa garota para o resto da minha vida será uma bela diversão. E quando eu enjoar, só mando para o calabouço.
— Gostaria de aprender, Princesa?
— Aceite, filha, será ótimo para você se distrair desses livros e conhecer seu futuro marido.
— Será um prazer — ela disse e se retirou. Vi ela apertar o livro com força, como se isso fosse fazê-la se sentir melhor e menos irritada.
— Minha filha é parecida com a mãe, controladora. Tente não desistir dela, vai gostar quando a conhecer melhor, garanto.
Espero não me arrepender disso!
E aí minhas princesas e meus príncipes, o que estão achando?
Interajam comigo, sou boazinha.
Não esqueçam o voto e o comentário. Beijos.
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New Queen
Historical Fiction- "Não deixe o seu passado interferir no presente."- Em um país onde homens dominam e mulheres se submetem. Seria surpresa se um dia alguma delas fugisse a regra? Seleste, princesa de Islerin, está prometida a Cristian. Um príncipe marcado por seu p...