3. não apague as luzes

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✦✦✦ D O L L H O U S E ✦✦✦

capítulo três

NÃO APAGUE AS LUZES!

Para Kim Yeri, fora difícil de acreditar no que acontecera consigo, vendo sua vida desmoronar em um piscar de olhos, quase que literalmente. Ao mesmo tempo que negava a própria realidade, não encontrava respostas que pudesse explicar tudo o que acontecera.

A primeira pessoa que pensou em pedir ajuda fora a Sra. Jeon, que por sorte morava ao lado de sua casa. Era confuso para si, mesmo discordando de todas as crenças da mulher, buscá-la justamente por seu conhecimento com bonecas e afins. Outrossim, naquele momento, ainda que tudo parecesse inimaginável, a Jeon era o mais próximo que a menina tinha de um ombro amigo.

Era tarde da noite, e Yeri estava desesperada, já não contendo as lágrimas que tanto relutou para que não caíssem, batendo na porta da vizinha incansavelmente. Vez ou outra fazendo pausas para soluçar, apertando bem os olhos para que tudo escorresse de uma vez só. Assim que a Jeon atendeu a porta, ficou surpresa ao ser surpreendida com um forte abraço, e sua primeira reação, como uma mãe, fora retribuí-la, pressionando a cabeça da jovem contra o seu peito, tentando acalmá-la. Sentaram-se no sofá principal da casa, onde podiam conversar sem incômodos.

Levou-a para dentro, preparou-lhe um chá, e depois de um tempo, quando Yeri sentiu-se confortável, contou toda a história. Do desaparecimento do seu pai, do contato com a boneca, tudo.

— Oh, querida, isso é horrível! — a mulher lamentou enquanto alisava as costas da menina — Posso imaginar a dor que está sentindo. Uma perda assim não é nada fácil.

— É tudo tão confuso, Sra. Jeon... Ele disse que tinha uma boneca querendo roubar seu coração. Uma boneca. — repetiu as palavras de seu pai em um tom pensativo.

— O que acha disso, Yeri? Acha que Joy raptou o seu pai?

— Joy? Não! É só uma boneca de plástico.

A menina se levantou do sofá, balançando a cabeça em negação, andando em círculos, perto da mesa de centro, de maneira pensativa. No fundo, havia cogitado a possibilidade daquilo ter realmente acontecido, mas o lado racional gritava que não era possível. A Sra. Jeon, vendo a agitação dela, contou-lhe:

— Escute, filha... a história que contei da outra vez, de Katrina, é real, tenho até fotos com ela. Inclusive, há uma réplica dela em versão de boneca de plástico na prateleira do seu quarto. Ela tem os cabelos castanho-claro, curtos e ondulados, olhos azuis e gostava de usar vestidos vermelhos.

— Não pode ser! — Yeri balbuciou com os olhos arregalados — Tem realmente uma boneca assim no meu quarto, é a favorita de Wendy. Ah!

— Não entendo porque Joy resolveu atacar agora, estava presa. A não ser que... Não me diga que você destrancou a casa de bonecas!

A seriedade das palavras da mais velha assustaram a jovem, que sentira um peso em sua consciência por saber que, de fato, ela havia feito aquilo, mesmo sabendo do aviso que dizia para não fazê-lo. Coisa que deixou-a preocupada.

"Mas é só uma casa de bonecas, não?", pensou, "Isso não pode estar acontecendo!".

Apenas em olhar o pânico nas orbes castanhas da garota, a Jeon vira que esta se condenava, que sabia que havia feito algo errado, sem a intenção.

— Tranque a casa de bonecas, Yeri! Imediatamente! — alertou-a — Destrua a chave, destrua a casa! Não deixe aquela boneca fazer mal a mais ninguém.

Dollhouse | jungri ✦ LIVRO UMOnde histórias criam vida. Descubra agora