- Olá? Você é a enfermeira que cuida do Choi San? - a psiquiatra que havia uma estatura alta e cabelos longos pergunta a outra mulher que estava andando pelos corredores do primeiro andar.
- Sou sim. Você quer alguma informação? É responsável por ele? - ela para em sua frente direcionando o olhar a ela
- Sim, sou responsável e queria saber se ele já pode receber visitas - questiona um pouco ansiosa
- Olha... A médica acha melhor não.
- Não mesmo? Eu queria vê-lo ainda hoje. Tenho um compromisso mais tarde e realmente preciso descansar.
- Tudo bem, vou deixá-la entrar, mas o período de tempo é curto. - a enfermeira diz apertando o caderno que estava em sua mão contra si
- Sim, eu só quero ver como ele está, apenas isso.
Do corredor do hospital, a mulher de cabelos levemente acinzentados guia a psiquiatra até o quarto do final do primeiro andar, ela estava com mil e um pensamentos, se ele já podia receber visitas, significava que ele estava bem? O cérebro não para um instante, nem a preocupação deixa para depois, então foi o caminho inteiro pensando e pensando, imaginando, criando.
Ao chegar em frente a porta branca, ela, por mais que não acreditasse em um Deus, desejou a algum ser supremo que San estivesse bem, pelo menos um pouco. Tudo parecia acontecer em câmera lenta, até a enfermeira abrir a porta, até os passos vagos.
Ao adentrarem no quarto puderam ver o paciente acamado, com tubos e fios, totalmente insconsciente.
- Como ele está? - a psiquiatra perguntou com a voz trêmula, temendo.
- Até que bem, como esperávamos. Ele é um garoto muito forte.
- Ah, você não tem noção do quanto. - a psiquiatra deixou lágrimas cairem mesmo sem perceber, estava tentando ser forte como ele e o orgulhar, mas nunca imaginou Choi naquele estado, estava um caos.
- Por acaso, a senhora sabe por que aconteceu a overdose? - a enfermeira questiona
- Foi por causa dos remédios, provavelmente ele surtou quando eu liguei, dei uma notícia muito ruim pelo telefone. Acho que deve ter ficado tão nervoso e desesperado que acabou tomando remédios demais, misturando-os também.
- Você é parente dele?
- Não, sou psiquiatra. Ele não tem familiares próximos, mal sabe quem são. - diz com os olhos ainda no garoto
- Ele sofre de alguma coisa?
- Esquizofrenia. Já deveria ter sido internado mas eu não queria isso, queria que ele aprendesse a viver sozinho e ele sempre me disse que tinha medo de ser internado, não queria de jeito algum. - esboçou uma feição triste
- Ele vai ficar bem, e que fique claro que ele precisa de tratamentos mais sérios, se isso tudo o levou a uma overdose, da próxima vez pode ser a morte e a senhora sabe muito mais do que eu. - a enfermeira pronuncia - ele pode não gostar, mas é pro bem dele, quanto tempo de vida ele perdeu por essa doença? Acha isso justo? - ela a "repreendeu" fazendo a mesma sentir-se envergonhada com seu mau tratamento a doença do paciente. Afinal, que tipo de psiquiatra ela era?
- Não... Eu errei muito com ele e vou concertar esses erros, talvez isso fosse uma "barra muito pesada" para mim - disse colocando a mão na nuca e olhando para o chão, escondendo um pouco o rosto.
- Vivendo e aprendendo, senhora. - a enfermeira sorriu levemente - o tempo de visita acabou. Repense sobre suas atitudes, pelos seus pacientes.
- Fique tranquila, quem sou eu pra não prestar atenção, graças aos céus que essa não foi minha última chance. - sorriu um pouco e agradeceu, sendo guiada até a porta branca, olhou para trás e deu a última confirmada de como San estava, respirou aliviada por ainda vê-lo respirar com um pouco de dificuldade e saiu do quarto, ficando no corredor. Observou a enfermeira fazer uma reverência em respeito, e ela retribuiu, sorrindo em seguida.
A psiquiatra saiu, checando a hora que marcava "02:43", levou um susto e fora em direção a porta com passos mais apressados, fazendo uma reverência rápida à secretária que encontrou e saindo do local.
○●○
No outro dia de manhã, por volta das sete horas da manhã, Jung Wooyoung foi pego de surpresa com uma ligação, acordou assustado e ergueu só o tronco, pegando o celular na cabeceira, fechando um olho pela claridade e lendo um número qualquer no visor, não se importou e desligou virando-se para o outro lado para voltar a dormir, fechou os olhos e sorriu fraco, mas o celular começou a tocar novamente.
- Quem é a essas horas? - disse ele agora irritado, pegando o travesseiro e colocando no ouvido, mas quando percebeu que não funcionava, jogou o travesseiro longe e bateu os pés na cama, fazendo birra como uma criança. - Inferno! - falou pegando o celular com raiva e atendendo a ligação - Alô! - disse com os olhos ainda fechados e a voz um pouco alterada, por ter acabado de acordar e por estar com raiva.
- Alô, Jung Wooyoung, não é? - a pessoa se pronunciou do outro lado da linha
- Sim. Qual o motivo da ligação essa hora da manhã? - disse um tanto estressado, que lhe fazia parecer um idiota.
- Quando o senhor agendou a consulta, eu disse para a psiquiatra e disse que tinha assuntos importantes a tratar com você.
- Que tipos de assuntos? Tem algo a ver com a minha irmã? - disse ficando mais calmo e abrindo os olhos aos poucos
- Olha, eu creio que não, é algo sobre você mesmo.
- Tudo bem, mais tarde eu compareço.
- Ela disse que é um assunto extremamente importante, se puder adiar um pouco esse "mais tarde" ficaremos grata.
Wooyoung sempre detestou acordar cedo, praticamente tinha trauma e dessa vez não poderia escapar, teria que comparecer a uma clínica - que por sinal não se sentia nem um pouco confortável de estar - para ouvir alguma coisa que nem sabia o que era, queria apenas dormir novamente.
- Tudo bem, logo estarei aí. - disse sentando-se na cama e olhando para o chão, completamente desnorteado ainda com o telefone no ouvido
- Eu agradeço, até mais. - ouviu a voz por último e desligou, colocando seu celular de lado, bufando e olhando pro teto fazendo uma expressão dolorida.
- Grande dia, grande dia! - disse ironicamente se levantando e andando em passos curtos e rasteiros, espalhando os cabelos ao mesmo tempo.
°ႳƬ°
Próximo a clínica, o Jung encara o edifício e direciona suas mãos a testa, para bloquear o sol fraco que fazia e visualizar melhor o local, olhou pros lados e decidiu entrar, ficando um pouco desconfortável, mas sem demonstrar alguma reação.
- Olá, sou o Jung Wooyoung. - ele se pronuncia ao entrar e se deparar com a secretária, que o avistou desde a entrada.
- Obrigada por vir, pode esperar um pouco? Ela está atendendo um paciente mas a consulta já vai acabar. - disse sorrindo amigavelmente.
- Ok. - Wooyoung faz uma leve reverência e vai para o sofá preto próximo a entrada, sentando-se e olhando pra parede, mexendo as pernas inconscientemente.
Que tipo de assunto era tão urgente? E por que ele? Estava confuso e curioso, mas ao mesmo tempo queria sair dali, detestava hospitais e clínicas, pareciam ter uma energia ruim.
Após um curto período de tempo, a psiquiatra abre a porta acinzentada, liberando uma mulher e uma menina com vestido amarelo e cabelos marrons e curtos, que acompanhava a mulher segurando em suas mãos.
A garota olhou para Wooyoung e o encarou por longos segundos, ele não sabia o que fazer e deu um sorriso fraco, em troca recebeu outro um pouco mais largo,
- Filha? Você está bem? - a mulher questionou se ajoelhando e fazendo ela virar para si, encarando a menor sério, que não respondeu nada, apenas ficou sem reação. Buscou para onde a filha havia olhado e parou em Wooyoung, que estava olhando-a preocupado, ela o ignorou. A mulher levantou e suspirou pesado, como se lamentasse. Sorriu para a outra que estava com avental branco e a abraçou sem cerimônias, para a psiquiatra, aquilo significava mais que um obrigado, era complexo demais para se compreender a emoção de ajudar pessoas, de vê-las felizes. Para a mulher quase a mesma coisa, não sabia expressar a gratidão que tinha por ela, era um sentimento bonito, que aquecia o coração.
A mulher com a criança foi embora após isso.
[...]
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Wish you were gay - Woosan
RomanceChoi San é um garoto que sofre de esquizofrenia e muito amor por Wooyoung, mesmo que ele achasse unilateral e doloroso.