Our conversation's all in blue

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Após um período curto de tempo que a psiquiatra observou gentilmente a saída da mulher, olhou para o rapaz sentado na sala de espera, que mantinha suas mãos ao lado do rosto, apoiando. Ela caminhou lentamente até ele e sorriu.

— O senhor é...? - perguntou colocando as mãos no bolso do avental, vendo Wooyoung sair de seus pensamentos e sorrindo de volta

— Meu nome é Wooyoung. Jung Wooyooung. — ao dizer isso, viu a psiquiatra fazer uma expressão séria, olhando para um canto do lugar e engolindo seco.

— Obrigada por vir. — disse voltando seu olhar para ele, sem muita expressão. — poderia me acompanhar? — perguntou virando-se de lado e ele acenou com a cabeça receoso porém curioso.

Foram caminhando até a sala recém-aberta. Era um ambiente bonito, tinha um jardim de inverno ao fundo e uma mesa acompanhada de duas cadeiras ao centro, havia também uma mesinha de canto com uma garrafa térmica — provavelmente continha chá — e xícaras brancas de porcelana. As paredes tinham um tom amarelo pastel, com alguns quadros de artes abstratas, que Wooyoung não conseguia compreender muito bem.

— Por favor, sente-se. — a psiquiatra disse educadamente — aceita um pouco de chá?

— Não, muito obrigado. — sorriu e observou a psiquiatra sentar na cadeira do outro lado da mesa.

Por um momento se instalou um silêncio imenso e desconfortável, onde o garoto apenas queria ir embora, mal sabia como tinha chegado naquele momento. Sem perceber, começou bisbilhotar com os olhos as coisas em cima da mesa: uma caneta ao lado de um papel próximo a mulher e uma bolsa preta um pouco mais distante, que estava aberta, mas não conseguia ver o que tinha dentro. Suspirou.

— Então. — ela finalmente se pronunciou, apoiando os braços na mesa — você conhece Choi San, não? É seu amigo, eu presumo. — no mesmo momento Wooyoung olhou para ela com os olhos um pouco mais abertos. Talvez poderia ser visto um brilho em seus olhos, talvez.

— Sim. Ele é meu amigo, mas acabamos nos afastando por causa de umas coisas ruins.

— Que tipo de coisas ruins? — questionou

— Eu não sei ao certo, mas o San tinha uma doença, bom, era o que ele dizia. — olhou para uma tulipa no jardim de inverno — ele disse que via e ouvia coisas que não existiam — sorriu um pouco — eu nunca acreditei, sabe? Mas quando ele de repente disse que sairia da minha casa e manteve a expressão mais séria e triste do mundo, eu entendi que, aquilo poderia ser realmente verdade. — acrescentou.

— Ele teria algum motivo para mentir?

— Acho que ele gostava da minha namorada e queria que ela sentisse pena dele. — disse e a psiquiatra ficou surpresa, se esforçou para não rir, estava tentando o mais séria possível com esse assunto, mas aquilo chegava a ser irônico.

— E o que te levou a pensar isso?

— Bom, houve uma vez que estávamos tomando café da manhã, nós três. E então ela me deu um selinho e eu percebi que ele ficou triste ou com raiva, tinha uma expressão de chateação. Então se levantou e saiu. Outra vez, estávamos no parque e ela me abraçou, na mesma hora ele gritou por ela e disse que tinha algo para oferece-la. Isso foi alguma das vezes que ele demonstrou ciúmes. Ele também tinha as "crises" ou "surtos" justamente quando eu estava com ela.

— Entendo. — falou — bom, ele tem sim essa doença e toma remédio controlado, ele estava numa situação tão séria que eu não pedia para ele vir até o meu consultório, eu ia até a casa dele.

— Estava? Não está mais? — perguntou curioso

— Sim, estava. Ele infelizmente sofreu uma overdose. — comentou e ele olhou surpreso. — mas ele está vivo, por pouco ele não morreu.

— C-como isso aconteceu? — ergueu um pouco o tronco demonstrando preocupação, que ao menos conseguia esconder.

— Eu havia sugerido internação a ele pelo telefone, talvez ele tivesse ficado muito nervoso e voltou a ouvir as vozes, então tomou remédios demais. Foi erro meu, de qualquer maneira. — disse triste. Ainda era difícil de aceitar que por um lado aquilo tinha sido sua culpa. — ele está no hospital, acho que está se recuperando bem

— Tem algum jeito de eu poder... visitá-lo? — perguntou. Foi um pouco impulsivo, mas sabia que era exatamente isso que desejava, vê-lo novamente.

— Podemos tentar. — ela falou sorriu um pouco e ele fez o mesmo. As coisas aos poucos estavam se esclarecendo, e ela poderia entender finalmente ambos os lados, não sabia onde isso ia acabar, mas queria que fosse em um resultado bom. San parecia estar se recuperando bem, e Wooyoung se importando com ele, isso lhe parecia um ótimo recomeço.

○●○

Ao chegar no hospital, Jung estava um pouco nervoso, ao menos sabia reagir a isso. Sentia-se culpado e envergonhado, mas suas emoções não significavam desistência a ver seu amigo, ele precisava ver Choi novamente.

Uma enfermeira chegou. A mesma do dia anterior que acompanhou a psiquiatra e era muito gentil, sorriu ao vê-la com o garoto.

— Olá novamente. Voltou rápido - sorriu e olhou para o que estava ao lado dela - e vejo que agora acompanhada.

— Ah, sim. Esse é Jung Wooyoung. — sorriu simpática

— Sou amigo do Choi San há muito tempo. Vim visitá-lo; se possível, claro. — disse ele.

— Ah sim. Eu creio que seja possível; me acompanhe por favor. — convidou-o e o mesmo foi.

Era incrível como Wooyoung sentia seu coração bater tão forte quando se aproximava de qualquer quarto que poderia ser onde seu amigo estava, sua respiração chegava falhar às vezes. O estreito corredor que caminhava parecia-lhe imenso e cheio de coisas ruins, parecia que a cada passo que ele dava, poderia aparecer uma coisa; uma coisa horrível e gigante, que se esconderia nas sombras e lhe atormentaria durante toda a vida. Que carma, estava se sentindo uma criança assustada.

Então pararam em frente a uma porta branca, Wooyoung poderia jurar que ela se estremecia a cada olhar incerto que ele a direcionava, ou que ela estava simplesmente trancada e que não deveria entrar ali. A enfermeira abriu-a.

O garoto fechou os olhos e respirou fundo enquanto ouvia um pequeno som, era aquela maldita máquina que fazia um barulho irritante e desconfortável, então abriu os olhos.

Ele olhou dentro da saleta e viu um garoto de cabelos acinzentados sobre a maca que se encontrava um pouco próxima ao centro do quarto, mantia os pequenos olhos fechados. Wooyoung sentiu seu coração se comprimir.

A enfermeira abriu um espaço e ele andou até perto da maca, e mal pode se conter ao ver que era realmente Choi San, era ele.

— San! — disse um tanto alto, sentindo seus olhos arderem.

Parecia desesperado, queria poder encostar a mão em seu rosto pálido, mas estava com medo, então não pode expressar reação certa, mas tinha uma linha d'água em seus olhos.

Pouco tempo olhando para o garoto, o Jung sentia que ele estava abrindo os pequenos olhos lentamente; e ele realmente estava.

Wooyoung deixou duas lágrima seguidas cair de seus olhos ao ver Choi acordado, mas com uma expressão cansada ou algo do gênero, sentiu-se mal e sorriu triste.

— San! Você está me ouvindo? — colocou uma de suas mão no braço do outro, enquanto a outra finalmente tocava seu rosto, que estava incrivelmente quente.

— Quem... — o garoto que estava na maca pausou. Houve um brilho nos olhos do outro. — é você?

Instantaneamente o mundo de Wooyoung caiu, ele desfez a expressão ruim para uma pior, sentindo seu coração se desmanchar com três simples palavras, mas que poderia significar o seu pior pesadelo, mal podia explicar.

Choi San não o conhecia mais.

Wish you were gay - WoosanOnde histórias criam vida. Descubra agora