Capítulo XX- batalha parte 1

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Lea's POV
-Isaac... Isaac, nós devíamos voltar para perto deles. Estou a ficar com fome.- eu pedi descolando os meus lábios dos dele.
-Mas eu estava a gostar tanto de estar aqui contigo, gotinha de água...- ele deu-me beijos no pescoço.
-Isaac, poupa-me. Estamos no meio da floresta, à noite.
- Porque vai aparecer aqui a Nicky Minaj e dar um concerto!- ele gozou e eu juntei os nossos lábios.
Explicar o que tinha acontecido connosco era impossível. A única coisa que eu sabia era que o amava e que não ia aguentar se algo de mal lhe acontecesse. Foi tudo tão rápido. Um dia ele estava a tirar-me de casa e no outro estava a beijar-me e a afundar o carro no oceano. Ele mesmo disse que me amava. Eu nunca consegui perceber isso. Nem sequer sou bonita. Não tenho nada de especial. Temos elementos opostos. A nossa atração devia ser nula, mas podemos dizer que ambos gostamos de contrariar a natureza.
(...)
- Então é isto que tu comes? Enlatados? Sempre?!
- Sim, Lea... Não há muito mais comida que dure muito tempo. - Martha respondeu-me.
Para ser franca a comida nem sabia mal. Claro que preferia comer uma pizza, mas come-se o que se arranja.
- Então vocês... - Começou Isaac - conhecem-se?
Sam e Martha entreolharam-se.
-S-sim. Fomos... Hum... amigos...Amigos bastante chegados.
-Tradução: ela provou isto-- Sam apontou para o seu corpo- há uns anos.
Com esta piadinha teve o prazer de receber uma belinha da Martha. Claro que todos nos rimos, menos ele que esfregava a cabeça. Era sempre bom ter estes momentos mais discontraídos. Estavamos todos tão sobre pressão, em risco... Era sempre difícil ter 18 anos de cabeça.
Ouvi o meu telemóvel tocar. Realmente este tijolo mascarado de telemóvel que a minha mãe me dera não falhava em nadinha. Atendi:
Chamada ON
Eu-Estou? Quem fala?
XX- Lea? É a mãe filha.
Eu-Mãe? Oh mãe! Que saudades... Como é que está?
Mãe-Bem. Vocês estão todos bem? Ninguém se magoou?
Eu-Não, mãe. Já estamos todos juntos em Espanha. Está mesmo tudo bem consigo?
Mãe- Filha, tem que sair daí. Se já estão todos juntos não percam tempo. Não estão seguros aí. Eles estão a caminho e... aaaarrrgggg!! (N.A: são sons de asfixiação se nao perceberam)
Eu-Mãe? Mãe! Está a ouvir-me?-chorei
XX-Olá princesinha... Não te preocupes com a tua mãe... Ela já não te chateia mais. Nunca mais.
Eu- Quem fala? Pai? Pai está aó?
XX- O teu pai está a fazer companhia à tua mãe. Já viste, lindinha, agora já podes fazer o que queres...
Eu- V-você matou os meus pais... Cometeu um grande erro nós vamos destruír-vos! Monstros!
Chamada OFF
Os meus joelhos foram parar ao chão assim que a chamada foi desligada. As lágrimas escorreram pela minha cara. Eu tremia. Eles estavam mortos. Os meus pais... E eu não tinha feito nada para os salvar. Nada. Eles descobriram a minha casa e mataram os meus pais.
-Lea...-Isaac aproximou-se.
-Eles estão mortos, Isaac... Eles mataram os meus pais!-eu chorava como nunca tinha chorado antes.
-Pronto... Nós estamos aqui para ti... Todos nós já passamos pelo mesmo. Eles fazem isso para te derrotar. Para te deixar mais vulnerável. Não vamos deixá-los ganhar pois não?
Pus a minha cara perto do pescoço dele. Isaac mexia no meu cabelo para me reconfortar. Para ser sincera estava a resultar. Era dele que eu precisava. Ele era a pessoa viva de quem eu atualmente mais gostava. Ele era neste momento a minha âncora. Sem ele eu ia acabar por afundar.
-Sabes o lado bom disto?- Martha juntou-se a mim- tu não tiveste de ver os teus pais morrer. Eu tive que ver a bala trespassar as cabeças deles.
-Ela tem razão. Não esperamos que fiques feliz com isto. Mas ao deixares-te abalar vais dar-lhes o que eles querem. The show must go on!- Isaac disse.
-Mega abraço de grupo fofinho!! -gritou Sam.
Todos me envolveram num enorme abraço.
-Tens um rio ali em baixo. Sei que é mesmo isso que precisas. -Martha falou.
-Obrigada.- sorri e caminhei.
(...)
O som da água a correr acalmava, tal como sempre acontecera. Isso e também me dava alguma vontade de fazer xixi.
Um tentáculo de água dançava no ar comandado por mim. Porquê? Porque é que eu tinha de ser assim? Porque é que eles tinham que morrer? Foi por minha causa? EU sou a culpada pela morte dos meus pais?
Rebobinei. Não podia ser tão negativa. A culpa não era minha. As coisas acontecem porque sim. Não tem que haver sempre um culpado. Eu sabia que de certo modo os Villigafor tinham assassinado os meus pais por minha causa. Olhei para o rio. Já estava completamente congelado. Tenho que aprender a controlar a raiva.
Isaac's POV
-Ela vai melhorar, não vai?- Sam perguntou preocupado.
- Espero que sim. Eu demorei tanto tempo...- respondeu Martha- Temo que ela não tenha esse tempo.
- Acho que vou ver como ela está.
-Não faças isso. Ela precisa de estar sozinha. Tem que engolir isto tudo de pênalti.- ripostou Sam.
Ele tinha mesmo razão. Mas custava me tanto vê-la assim. A sofrer. Eu amo-a tanto. O amor torna-nos mais fracos, mas também nos fortalece. Faria qualquer coisa por ela. Só gostava que ela se sentisse amada. Ela não se acha merecedora do amor de ninguém. Eu quero mudar isso.
Ao longe pareceu-me avistar um homem. E depois dois. Três.
-Pessoal...-chamei e apontei- olhem ali...
-Oh meu D-us!-exclamou Martha- São eles, não são? Vieram buscar-nos!
-Tem calma. Derrotámo-los uma vez. Vamos conseguir. Estamos juntos.- Sam tranquilizou.
Num abrir e fechar de olhos eles estavam mais próximos.
-O que é que querem agora?- impliquei.
-Então? Não estão felizes pela nossa visita? Agora já podemos brincar à apanhada...-disse o rapaz com nariz.
-Acho que isso não ia resultar muito bem para vocês. -respondeu Martha.
-Achas que sim? Pelo que vejo vocês são só três. A princesinha foi deprimir? Coitadinha... Perdeu os pais...- que sínico!
Vi Lea aparecer. Fogo! Se ela tivesse ficado mais um pouco junto ao rio tinha ficado em segurança. Se eles a magoarem nem sei o que lhes faço.
-Olha quem chegou...-o rapaz falou- não te importas que eu brinque um bocadinho com ela, pois não Isaac?
Ele já estava a poucos centímetros da Lea. Da minha Lea. Pôs-lhe o cabelo por trás da orelha e beijou-lhe o pescoço. Lea estava tão assustada que nem se mexia.
Olhei para Sam. Isto tinha que parar. Nem precisei de dizer nada, apenas de fazer sinal com a a cabeça. Ele percebeu de imediato. Alguma harmonia entre os nossos elementos tornava a comunicação entre nós mais fácil. Talvez porque é o vento que ajuda o fogo a alastrar-se, ou apenas porque nos damos bem.
Sam utilizou os poderes dele para atirar o rapaz que estava próximo da Lea para o chão.
-Oh tu não fizeste isso, amigo! Eu não ia ser violento, mas já que insistes tanto... Villigafores, atacar!!
Merda. Neste momento o número de Villigafores tinha duplicado. Eu próprio não sabia se estava preparado para isto. Martha estava no seu habitat natural, conseguia ver que dominava bem a cena extinguido alguns Villigafores. Sam, ainda que não fosse um profissional treinado tirava bom proveito dos seus poderes do ar sugando-o do corpo dos Villigafores fazendo-os morrer.
Mas Lea não podia fazer nada disto. Não podia fazer nada sem uma fonte de água. Se ao menos houvesse alguma coisa que a pudesse... Já sei!
-Lea!- gritei-lhe- O colar da tua mãe!
-Hãm?- ela perguntou.
- Usa-o! Os teus poderes só resultam se ativares isso!
-Ah!- ela percebeu.
- E, Lea. só mais uma coisa. Eu amo-te.
-Também te amo, Isaac.
Chorem o que quiserem, chamem me o que quiserem! Fiz uma cena lamechas a mulher que eu amo a meio de uma batalha onde ambos participamos. Não têm direito de julgar.
Vejo um Villigafor a aproximar-se de mim. Não tenho tempo de fazer mais nada senão atirar uma chama contra o corpo dele fazendo-o transformar-se em cinzas que se misturam rapidamente com a terra. Não gosto de matar ninguém com os poderes. Nem sem eles. Mesmo sendo um Villigafor custa.
Sinto uma forte pontada nas costas. É o Karma de certeza. Torna-se difícil respirar. Quando me viro para trás está o único homem com nariz à minha frente segurando uma chama. A minha chama. A chama da minha vida. Ela domina o quinto elemento. O espírito. Pode fazer o que quiser com as mortes. Até tem mais facilidade em provocar uma.
À minha frente apenas vejo a figura bonita da minha mãe. Ainda tem a ferida na cabeça que causou a sua morte.
-Mãe...-sussurei- está na hora?
-Está sim, meu filho. Fizeste tudo tão bem.- ela sorriu.
- M-mas eu não acabei. Não a quero deixar sozinha. Ela vai sofrer se eu me for embora. Eu não quero que ela sofra.
- Eu tenho a certeza que ela vai perceber e que nunca te vai esquecer. Fizeste tudo certo.
Ela estendeu a mão e eu agarrei-a. Os meus olhos fecharam.
Espero que a minha mãe tem razão. Acabar assim no meio de uma batalha é difícil. Não sei o que lhes pode acontecer. Lea foi o amor da minha vida. Espero que não me esqueça, mas que seja capaz de avançar. Espero deixar tudo bem.

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Próximo Capítulo é uma nota sobre este.

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