III

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Um mês depois, Maria Rita ainda vivia chorando, em casa.

Três meses passados, Maria Rita estava morando com o espanhol. E todo-o-mundo dizia que ela tinha feito muito bem, e os que diferiam dessa opinião não eram indivíduos desinteressa dos. E diziam também que o marido era um canalha, que tinha vendido a mulher. E que o Ramiro espanhol era um homem de bem, porque estava protegendo a abandonada, evitando que ela caísse na má-vida.

Mas, no final dos comentários, infalível era a harmonia, em sensata convergência:

— Mulatinho indecente! Cachorro lambeu a vergonha da cara dele! Sujeito ordinário... Eu em algum dia me encontrar com ele, vou cuspindo na fuça!... Arre, nojo!... Tem cada um traste neste mundo!...

E assim se passou mais de meio ano. O trecho da rodovia ficou pronto. O pessoal de fora tomou rumo, com carroções e muares, famílias e ferramentas, e bolsos cheios de apólices, procurando outras construções.

Mas os espanhóis ficaram. Compraram um sítio, de sociedade. E fizeram relações e se fizeram muito conceituados, por que, ali, ter um pedaço de terra era uma garantia e um título de naturalização.

A volta do marido pródigo - SagaranaOnde histórias criam vida. Descubra agora