Capítulo Dois

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A M A N D A

Assim que dei o primeiro passo, senti um aperto em minha cintura. Olhei para trás assustada. Era um homem. Não o conhecia, acho que nunca o vi na vida. Na verdade nem olhei para ele direito, pois uma fúria cresceu dentro de mim. A única coisa que reparei foi na sua altura. Imediatamente, virei meu corpo contra o seu, deferindo vários socos em seu peito. Ele acabou de estragar meus planos, e o que eu mais queria e precisava era acabar com esse sofrimento, aliviar a minha dor.

— O que você pensa que está fazendo? — Perguntei enfurecida, ainda socando seu peito.

— O que você pensa que está fazendo? — Ele rebateu com a mesma pergunta.

Na mesma hora senti meu rosto corar, percebendo a besteira que iria fazer. Não acredito que iria me matar! Lágrimas ressurgem em meus olhos.

— Oh meu Deus, oh meu Deus! — Foi tudo o que eu consegui dizer, antes de me desesperar e romper em um choro compulsivo.

— Shhhhh! — O Estranho me puxou contra seu corpo, me abraçando. — Eu estou aqui, você vai ficar bem. Calma, fica calma. — Sua voz era um alento para meu coração.

Eu nem conhecia aquele homem, mas naquele momento ele foi o meu porto seguro, o que me salvou de mim mesma. Agarrei em sua cintura e coloquei para fora tudo aquilo que me consumia.

.::.

O Estranho esperou que eu me acalmasse, ficou o tempo todo acariciando meus cabelos e dizendo que ficaria tudo bem. Que homem é esse?

Por fim, eu já estava constrangida. Eu me afastei, sequei minhas lágrimas e olhei para ele. O Estranho era bonito, muito bonito, o que me deixou ainda mais constrangida.

Seus olhos castanhos penetravam os meus de forma intensa e carinhosa. Havia também muita preocupação em seu olhar. Seus cabelos escuros e lisos estavam bagunçados devido ao vento. Uma barba rala delineava seu rosto. Ele era bonito.

— Você está bem? — Sua voz também demonstravam a mesma preocupação que seus olhos. Apenas afirmei com a cabeça. Não sabia o que dizer. Até aquele momento, eu nunca o tinha visto. — Você realmente está bem? — Ele perguntou mais uma vez, já que eu fiquei em silêncio.

— Sim. Obrigada. Obrigada mesmo! — Abaixei minha cabeça, pois estava envergonhada. Ele abriu um sorriso lindo.

— Por nada! Eu sou Alex. — Ele disse estendendo a mão para mim.

— Amanda — Eu disse apertando a mão do Estranho, que já não era mais estranho.

Era uma situação estranha. Eu tinha acabado de tentar tirar minha vida e agora esse homem que me salvou está aqui, diante de mim, sorrindo como se nada tivesse acontecido. E eu não sabia como proceder.

— Quer conversar? — Ele perguntou, ainda me analisando. Torci a boca em dúvida. Nunca fui de me abrir com as pessoas e ainda mais com quem não conheço.

— Não me leve a mal, mas eu nem te conheço.

— Como não me conhece? Acabei de me apresentar! — Seu sorriso era cativante e me fazia me sentir segura. — E acabamos de ter um contato bastante íntimo agora, não acha? — Ele piscou para mim.

Respirei fundo e disse de uma só vez:

— Peguei meu noivo me traindo.

— E por causa disso resolveu tirar a própria vida? Por alguém que não te merece? — Meus olhos marejaram, trazendo lágrimas de volta. — Shhh! — Ele segurou meu queixo, fazendo com que eu olhasse para ele. — Me desculpa, mas se ele te traiu é porque é um canalha e não te merece. Você merece algo melhor.

— Obrigada! — Forcei um sorriso. — Eu preciso ir... — Precisava sair dali, precisab=va sair de perto desse homem que com sorte não verei nunca mais.

— Você vai ficar bem? — Ele parecia preocupado.

— Vou sim, não se preocupe.

— Você não vai fazer mais nenhuma besteira, vai? — Forcei um sorriso amarelo.

— Não vou, pode ficar tranquilo.

— Deixa eu te levar.

— Obrigada, mas não precisa.

— Por favor, não vou te fazer mal, se eu quisesse já teria feito, não acha?

—— Talvez. — Dei a chave do carro para ele. É uma loucura, eu sei, mas eu ainda não estava em condições de dirigir. E eu me sentia segura na presença dele. Algo em Alex me reconfortava.

Entramos no carro e fui indicando o caminho até minha casa, a casa que era dos meus pais. Não queria morar ali, por isso estava construindo outra.

Alex parou em frente a minha casa, desligou o carro e me olhou:

— Você está entregue! — Disse com seus dentes brilhantes à mostra.

— Obrigada, mais uma vez!

— Você precisa parar de me agradecer! — Nós dois rimos. — Se precisar de algo, não hesite em me chamar. — Alex tirou da carteira um cartão e me entregou. Dei uma olhada rápida e vi que ele era advogado. Ele se aproximou, o que fez meu coração acelerar, me deu um beijo na testa e saiu do carro, me deixando ali com cara de boba e um frio estranho na barriga.

O Homem que me Salvou - Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora