De longe, Natali observava seu filho dormir. O rosto pálido, os lábios rosados, agora eram sem cor, o pequeno corpo imóvel, sendo comportados por vários fios, que Natali poderia facilmente dizer quais nomes, e funções. Estavam naquele hospital a dias.
- Nat? - O homem de estatura alta chamou, tendo a atenção da mulher para si. - Como ele está?
- Bem, na medida do possível. - Sussurrou, alisando os fios castanhos do garoto, que dormia profundamente. - Ele só dorme Denis, está tão fraco.
O homem aproximou da maca em que seu filho dormia, deixando um beijo suave nos cabelos do menino. Se sentia fraco, imponente, por não ter visto Jack correr até aquele gato, no meio do asfalto.
Foi tudo tão rápido, e quando por um segundo, soltou a mão do menino para atender o telefone, pôde ver sua vida se esvaindo, quando Jack conseguiu salvar o pequeno gato, mas um carro o atingiu, jogando o corpo pequeno a metros de distância. Um grito ensurdecedor pôde ser ouvido, e Jack jazia ao chão, ensanguentado, e perdendo os sinais vitais.
Lembrava exatamente do momento, com as imagens perfeitamente claras em sua mente, e foi rápido, o motorista prestou socorro, e Denis ligava desesperado, em pratos, para sua ex mulher.
.
Natali, atendia mais um de seus vários clientes naquela noite, quando o telefone da cafeteria tocou. Ela entregou o troco ao cliente, e pegou em mãos o telefone, ouvindo a pior notícia de toda a sua vida.
"Nat! Me perdoa!"
"Hospital"
"Jack sofreu um acidente"
.
- Me perdoa filho. Por favor, fique bem, nós precisamos de você. - Com grossas lágrimas caindo por sua face, o homem acariciava o rosto do menino. Natali, por outro lado, observava com os olhos marejados, segurando o soluço dentro da garganta.
Aproximou-se do homem, por mais ressentimentos de pudesse ter por ele, aquele momento anulava tudo, ela precisava consolar aquele ser humano que se desfazia em lágrimas, lamentando por algo que não teve culpa.
Seus finos braços passaram pelos ombros do homem, tendo os braços dele em sua cintura, e a cabeça curvada em seu pescoço.
- Shii... Está tudo bem, ele ficará bem. - Sussurrou.
- Por que eu fui soltar a mão dele? - Perguntou choroso, em meio aos soluços fortes. - É tudo culpa minha, Nat!
- Não, não é culpa sua. Jack tem quatro anos, ele sabe que não pode atravessar a rua, foi um acidente. Eu já soltei a mão dele também Denis, a culpa não é sua.
Sabiam as diferenças que tinham, sabiam do mal que haviam causado um ao outro, mas tinham algo maravilhoso em comum, e precisavam ser adultos, precisavam estar ali, precisavam lutar por Jackson.
Minutos mais tarde, Matthew Robson, médico responsável por Jackson Hendricks, entrava a sala do menino.
- Boa noite, tudo bom? - Sorriu doce. - Bom, Jackson como vocês sabem, tem um sangue raro, e infelizmente não temos estoque aqui no hospital. O que tínhamos foi usado na cirurgia dele, porém, ele ainda necessita de uma quantidade de sangue. - Respirou profundamente, observando com atenção os pais do garoto. - Ficará internado, aguardando o doador chegar, que está previsto para daqui a dois dias.
Matthew, examinava Jack enquanto passava os detalhes de sua cirurgia e pós operatório para seus pais, que estavam totalmente atentos a qualquer palavra do médico.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Vozes Da Razão
RandomATENÇÃO: Violar direito autoral pode acarretar pena de três meses há um ano segundo a lei. Plágio é crime! História registrada. Em meio ao caos, você seria capaz de olhar além? Natali, uma jovem e apaixonada mãe, se vê morrendo aos poucos, a cada p...