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Summer, Savannah

***

Voltar para casa nunca foi tão dificil. Fazia muito tempo desde que não via minha irmã novamente, soube pela minha mãe que ela casaria e já estava morando em outro lugar. Não posso fingir que não fiquei chateada por não ter sido convidada ou se quer mencionada sobre esse casamento, mas era esperado vindo dela.

Minha mãe passara a noite inteira me contando sobre as novidades da casa e do trabalho, nunca haviamos tido uma conversa tão longa, e por conta disso eu sabia que algo estava errado ou pela primeira vez certo.

Meu pai era o único com quem eu mantia contato, já que foi ele quem me ofereceu o emprego que estou agora, mas não consegui vê-lo, pois como de costume, estava em uma viajem a trabalho.

Os empregados foram trocados, não entendi muito bem o porque e também não gostei dessa noticia, já que lembro deles desde que me conheço por gente, mas se minha mãe tomou essa decisão, algum motivo especial deveria haver. A comida é diferente, vou sempre setir falta do antigo tempero de casa, conhecido também como "tempero da mamãe", mas como minha mãe não sabe cozinha, não se encaixa nesse contexto.

Estava feliz por estar de volta, sentia como se uma parte do peso que carregava tivesse sido aliviado. Conversar com minha mãe nunca havia sido tão prazeroso, chegava a ser assustador o brilho nos seus olhos enquanto despejava as palavras por cima de mim com toda aquela animação. Ela havia mesmo sentindo minha falta, não dissera isso, mas eu podia ver o quanto ela estava feliz com a minha presença, parecia até que estava vivendo presa em um castelo alto e finalmente foi libertada, era incrível.

- Mãe, desculpe interromper você, mas tem certeza que está tudo bem? - Repeti a pergunta que já havia feito antes. Segurei em sua mão e mesmo quieta por alguns instantes, não deixou de sorrir.

- Eu tenho trabalhado muito em casa. É-É bom estar em contato com outra pessoa outra vez. - Disse segurando minhas duas mãos.

- Outra pessoa? É assim que se refere a sua própria filha? - A fiz gargalhar.

- A quanto tempo não nos divertimos assim? - Colocou seus pés para cima do sofá relaxando mais.

- Nunca? - Tirei o sorriso de sua boca por alguns instantes, talvez tenha se dado conta dessa culpa que carrega.

- É. - Disse forçando um olhar tranquilo. Sempre orgulhosa demais. - Vamos jantar fora? 

- Está muito tarde, acho que não vamos encontrar nada aberto essa hora! - A lembrei.

Ela olhou seu relógio de pulso e arregalou os olhos quando se deu conta da hora.

- Vamos para cama! Amanha vai ser um longo dia! - Exclamou enquanto se levantanva  e posicionava perto de mim. Estava insegura, até que beijou minha testa de maneira estranha e desconfortável e retirou-se da sala.

Aquela cena toda me fazia rir, não de maneira debochada, mas eu havia presenciado algo novo, mesmo depois de tanto tempo longe daqui, mesmo depois de todo o sofrimento que causei e sofri, havia realmente acontecido algo bom que eu não esperava: Minha mãe.

Novamente eu estava no meu quarto, deitada na minha cama de barrigada para cima e encarando o teto. Não se parecia mais com o meu quarto, minhas coisas não estavam mais lá e o espaço do chão estava sendo ocupado por inúmeras tralhas, fizeram do meu quarto literalmente um depósito com coisas que eu nem sabia que tinhamos em casa, mesmo assim era bom estar em casa.

Todo aquele ambiente me fez lembrar Nathan. A cada segundo, a cada toque nas paredes, sentia como se o seu cheiro ainda estivesse misturado com o meu sobre essa cama. Daria tudo para o ver entrando por esse quarto mais uma vez sem ser convidado, ver seus olhos me julgando da cabeça aos pés junto com seu sorriso no canto dos lábios e seus olhos levemente serrados. Como sentia falta daquela paixão adolescente tão boba e infantil, não sabia ainda se sentia mais falta dos bons momentos ou do sofrimento, porque mesmo repleta de dor, eu o tinha por perto, mesmo não querendo, mesmo o evitando, Nathan Parker estava ao meu redor a todo instante e eu sempre gostei disso.

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