Capítulo 3 - Gratidão é motivação

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          Hoje é quarta-feira, dia 23 de outubro de 2019. Acordei às 6 horas da manhã para ir ao cursinho pré-militar. Levantei da cama e com muita raiva por ter dormido tão mal durante a noite pois tive uma crise de falta de ar e ainda teria que ir estudar sem disposição nenhuma. Tudo bem, desliguei o despertador, fiquei sentado na cama lutando contra o sono. EU QUERIA MUITO CONTINUAR DORMINDO. Mas a vida não é fácil. Estou estudando para poder garantir minha profissão no futuro. Arrumei a cama, liguei o meu celular para ver se haviam mensagens. Sim, eu só pensava em voltar para a cama. Abri a porta do quarto e fui ao banheiro. Minha mãe ainda estava dormindo. Meu pai está viajando. Deixa o cara curtir, ele merece. Tomei um bom banho para me despertar e escovei os dentes. Pus minha roupa e meu tênis super descolado da coca cola - que por sinal é o melhor refrigerante. Comi uma maçã e bebi um suco natural.

          Enquanto arrumava a minha mochilha, notei que o livro de Geografia não estava lá dentro. Fique durante muitos minutos procurando desesperadamente esse bendito livro. Eu já disse que estava com sono? ENCONTREI O LIVRO. Estava entre a bagunça das minhas roupas. Sou muito organizado com as minhas coisinhas, mas eu baguncei na pressa de encontrar o livro. Ok, eu o coloquei na mochila e fui para o ponto de ônibus... com sono.No caminho, mexendo no celular para colocar as músicas para tocar, eu tropecei numa rampa de uma calçada. Haviam mães e pais levando seus filhos a escola. Fingi que não aconteceu nada. Fiquem tranquilos galera, é normal, eu fiz de propósito. Fiquei com vergonha? sim, é claro. Seguindo caminho adiante, cheguei até o ponto de ônibus. Esperei, esperei, esperei, esperei... De 7h até 7:30h esperando. Infelizmente tive que pegar o ônibus que daria a volta por dentro do bairro e iria demorar mais, porém não tinha outra escolha. Embarquei, encostei o Rio Card na máquina e passei pela roleta ou catraca seja lá como vocês a chamam. Meu cadarço estava fora do tênis. Me abaixei e o pus de volta para dentro, mas nesse instante, o motorista, de uma forma muito brusca, parou o ônibus e eu simplesmente fui caindo pelo corredor do busão parecendo um pinguim no gelo. A mochila caiu, o fone de ouvido DA MINHA MÃE quebrou e eu bati o meu joelho lindo no joelho de um senhor. Pedi perdão a ele e o próprio me respondeu o seguinte:"tudo bem, meu filho. Doeu mais em você do que em mim. Nem eu que sou idoso caio tão feio desse jeito", disse ele em um tom muito sarcástico. Estou atrasado, quebrei o fone, novamente, DA MINHA MÃE não meu, joelho doendo e com sono.           "Oh céus, será que dá para piorar?" nunca diga essa frase em hipótese alguma pois pode piorar sim. Me sentei no banco de voltei a ouvir música. Eu estava no bando do corredor e não naquele ao lado da janela. Dei licença a uma senhora para que ela se sentasse ao meu lado. Ela me desejou bom dia e eu retribui dizendo:"bom dia senhora, tudo bem?" e ela respondeu que sim. Fiquei feliz. Se está tudo bem, ótimo. Ficamos conversando sobre os tempos antigos em que ela vivia numa cidade pacata do interior de Pernambuco.           São 7:50h e minha aula começa às 8h. Não estou nem perto do meu destino final. QUE TRISTEZA MEU DEUS. O motorista parou o ônibus e uma moça subiu. Ela pediu para que alguém ajudasse ao seu amigo que estava esperando por ajuda do lado de fora. Ele é deficiente físico e infelizmente não pode andar. Para isso ele usa uma cadeira de rodas. Eu me levantei e pedi a simpática senhora para segurar minha mochila. Com a ajuda de mais um nobre cavaleiro, nós pusemos o rapaz na parte especial do ônibus. O rapaz pediu perdão por ter nos feito sair dos nosso lugares para o ajuda-lo. "Não precisa agradecer, amigo. Estamos juntos nessa", respondeu o rapaz que me ajudou a subi-lo. Ele contou que foi vítima de um acidente de carro e eu contei a ele que também tinha sofrido um acidente hoje mesmo dentro do ônibus. Rimos bastante. Até o destino final. Ele foi contando como foi difícil se adaptar ao novo estilo de vida. Fiquei surpreso pois ele falava o quão era complicado não poder andar sozinho. Ele disse que nos primeiros meses se sentiu triste pois se achava um fardo. Fiquei alguns segundos calado e pensativo. Logo em seguida ele começou mudou o seu humor. Antes era um triste, agora era um entusiasmo absurdo. Que alegria naquele rosto. Com tantos motivos para se queixar, por que ele diz que é bom ser deficiente? Muito sabiamente ele respondeu:"É rapaziada, eu não ando. Não jogo bola, não dirijo mais. Não ando sozinho, não posso ir até a padaria caminhando. Mas a minha vida não parou. O que pararam foram as minhas pernas, mas a minha vida não. Não jogo bola mas jogo FIFA no videogame, né", disse ele mais sorridente do que cavalo quando vê grama. Parecia criança ganhando brinquedo. E eu perguntei a ele como ele "deu a volta por cima", e o amigo respondeu que se queixar das dificuldades não fariam ele andar, mas agradecer por sobreviver ao acidente também não daria a ele o movimento das penas, mas mostraria a outros como ele que a vida continua.           Tive que recolher meu rosto pois ele estava no chão. E eu que havia me queixado de estar atrasado, de ter caído no ônibus, de ter quebrado o fone DA MINHA MÃE e de ter me machucado no joelho, vendo a simplicidade naquele rosto, me fez lembrar que às vezes o ser humano fica nervoso por coisa mínima. Agradeça hoje. Agradeça, meu amigo ou minha amiga, pelo dia de hoje. Seja lá qual for a tua religião ou dogmas, AGRADEÇA. Gratidão e agradecimento têm a ver com valorizar verdadeiramente algo ou alguém que lhe oportunizou um benefício ou é fundamental na sua vida. Mas não se trata de algo tão simples quanto pode parecer. Mais do que explicar o sentido das palavras, é fundamental viver a experiência. Gratidão é aquele sentimento expressado por uma pessoa de coração aberto, que não busca nada em troca e muito menos tenta se promover às custas dos outros. Quer um bom exemplo? Algumas famílias têm o costume de agradecer antes de cada refeição pelo alimento que possuem em suas mesas. Outros demonstram gratidão pelos amigos verdadeiros que levam consigo. E todos deveríamos valorizar a vida. Motivos não faltam para manifestar essas belas emoções. Quem já externou essa sensação sabe o quão gratificante é – e não precisa de mais nenhuma explicação para entender o recado.

SIMPLESMENTE AGRADEÇA!!!

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