A herdeira da lua

Na madrugada que tudo se revela

Depois que meu pai sai para fazer sei lá o quê, decido fazer um lanche pois estava faminta. Preparo alguns sanduíches, uma salada de frutas e levo tudo para a mesa.
Quando estou pronta para comer vejo o Kayo sem camisa se aproximar da mesa com um enorme hematoma nas costelas e uns curativos no rosto.

- Posso me sentar com você? - ele me pergunta e eu sorrio sem graça pois eu que o tinha machucado.

- Claro, venha comer algo comigo! - falo, pego um copo e o sirvo o suco que meu pai tinha feito.

-Olha Mary, me perdoe por tudo que disse e fiz mais cedo, eu estava com muito ciúmes de você com aquele cara... Eu te amo demais e ver você nos braços daquele babaca foi demais pra mim! - ele suspira e eu também.

- Kayo, eu queria dizer que te amo como você me ama, mas seria mentira... Eu gosto de você e sou muito grata por ter me ajudado e cuidado de mim durante esses anos, mas você merece alguém que te ame e te faça feliz como você merece! - sorrio e pego a mão dele. - E peço desculpas por ter te deixado assim! - me refiro aos hematomas e tomo meu suco.

- Esta tudo bem... Amigos de novo? - ele pergunta e começa a comer.

- Amigos de novo! - rio.

- Mary, de onde a senhora tirou aquela força? - ele me encara.

- Não sei, só queria fazer você parar! - mordo o lábio, rio e como um pedaço do sanduíche.

- Parar com o que? - ele me encara.

- De machucar o Samuel! - falo seria e olho pela janela em direção ao quintal.

- Mas, você conhece ele há alguns dias e está o defendendo assim... O que você não está me contando? - fico desconfortável.

- Nada! - falo e volto a comer.

- Mary, eu te conheço melhor que qualquer um aqui nessa cabana! - ele insisti e eu o encaro.

- Eu sinto que o conheço a mais tempo que possa me lembrar e eu o defendi porque senti que era a coisa certa a se fazer!

Kayo não retrucou mais nada que eu disse, apenas concordou com a cabeça e voltou a comer. Passados poucos minutos depois, subo para o quarto, tomo um banho e acabo pegando no sono enquanto começo a checar alguns emails da faculdade. Passaram-se horas desde que eu cai no sono mas, acabo acordando com meu pai me chamando para descer até o quintal, apenas pego um casaco e vou até lá com ele.

Quando vou chegando vejo uma fogueira grande, o Kayo, o Samuel e algumas almofadas.

- Pai, o que estamos fazendo aqui?? -pergunto ainda meio atordoada de sono.

- Vou te contar uma história importante! - ele sorri e nos sentamos perto dos meninos.

- Que história? Não podia ter esperado até de manhã? - bocejo enquanto falo, vejo o sam me entregar um cobertor e sorrio em agradecimento.