O Retorno

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Quando abro os olhos estou em lugar que conheço muito bem, o meu quarto onde eu vi a cobra há poucas semanas atrás, consigo sair da cama bem devagar, olho o relógio aparentemente novo na minha cabeceira e neles marcam 5:45 da manhã. Vou até o banheiro, lavo o rosto e analiso o  lugar onde eu levei um tiro que parece cicatrizado, observo também que estou com uma roupa diferente da que estava antes, saio do banheiro, caminho descalça até sair do quarto e procuro meu pai.

- Pai! Samuel! Alguém! - chamo enquanto desço as escadas.

- Mary?? - vejo o Kayo quando chego ao final da escada.

- Kayo!! - rio e pulo em seus braços.

- Mary, como você está aqui? - ele segura em meus ombros me afastando e me encara.

- Como assim? Do que você está falando? - o encaro e me afasto.

- Mary, você deveria estar morta! Na verdade você estava  morta, eu cheguei aqui a quase dois dias e eu vi você morta... - ele começa a me examinar.

- Kayo, você ficou louco? Eu levei um tiro mas agora estou aqui! E falando nisso cadê meu pai? - falo e ele me arrasta até o sofá mais próximo.

- Mary, seu pai está fazendo os preparativos do seu enterro! Ele não está nada bem, ele sofreu muito com tudo isso... Então vamos esperar ele chegar e enquanto isso vou cuidar de você! - ele beija minha testa e me senta no sofá.

- Kayo, se eu estava morta como meu corpo não entrou em decomposição e sabe está fedendo e tudo mais?! - o encaro quando falo.

- Seu pai fez um feitiço de preservação e depois você seria enterrada na cripta da família... Mas, agora não precisa mais! - ele sorri e eu também.

- Kayo, eu preciso que você ligue para o meu pai voltar para casa agora... Diga que aconteceu alguma coisa, tanto faz... Só faz ele voltar agora! - falo e vou me levantando.

- Eu vou falar com ele, mas você tá indo onde? - ele se levanta e vai até mim.

- Vou para cozinha comer, estou faminta! - rio e vou para a cozinha.
Eu escuto ele discar os números e ligar para o meu pai, mas não consigo ouvir o que eles falam.  

Quando chego na cozinha, vou até a geladeira e encontro uma torta de frango que parecia deliciosa e um bolo de frutas que eu amo...
Pego a torta, o bolo e uma jarra de suco gelada, as coloco na mesa, procuro por um prato e não encontro...

- Kayo, aonde vocês enfiaram os pratos da casa? Não está no mesmo lugar que eu guardava! - ele ri e responde.

- Está na terceira porta da direita para esquerda de cima! - ele continua rindo.

Eu fico na ponta dos pés, abro com dificuldade o armário, vejo os pratos, tento pegar mas não consigo. Quando eu estico o braço e abro a mão, sinto o prato rapidamente vir para minha mão e eu sorrio. Me sirvo uma fatia da torta, me sento à mesa e começo a comer enquanto tento lembrar de tudo que aconteceu.

- Amor? - escuto uma voz familiar e me viro para ver quem é.

- Sam! - paro de comer, saio da cadeira e pulo em seus braços.

- Oh meu amor, achei que tinha te perdido para sempre... - ele sussurra quando me carrega e me abraça.

- Eu também achei que tinha te perdido, Samuel! Mas, agora estou aqui... Em casa e com você! - dou um beijo em seu rosto e o olho.

- Mary, mas como você pode estar viva? Eu carreguei seu corpo... - ele me analisa como o Kayo já tinha feito e isso começa a me estressar e faz com que eu me afaste dele.

A herdeira da luaOnde histórias criam vida. Descubra agora