Tulipas Amarelas

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Rony estava farto de todo aquele complô de Pansy e Hermione para cima dele. O pior era que ele nem poderia reclamar, pois não tinha argumentos suficientes para competir com as duas. Desde que começaram a andar juntas as duas insistiram em quererem bancar de cupidos para cima dos dois Veelas e do coitado do ruivo.

Rony não sabia exatamente como ele tinha conseguido ser um alvo em meio aquelas circunstâncias, mas tinha quase certeza que a culpa era excluívamente de Pansy. Aquela cobra vingativa havia grudado em cima dele pronta para lhe fazer sofrer em todas as situações possíveis desde que ele apontou a varinha para dentro do Expresso de Hogwarts.

Neste caso o "sofrer" era ser empurrado para cima de Blaise Zabine, o Sonserino mais arrogante de Hogwarts agora que Draco estava tentando ser mais sutil quando estava com Harry e ele quase sempre estava. O que era outro problema, pois Hermione nunca deixava Harry sentar muito longe de Draco nas aulas, a castanha dizia que ele tinha a obrigação de sentar com Draco para melhorar a relação deles e Pansy não fazia nada muito diferente disso com o Sonserino.

O que nós leva a raiz do problema de Rony. Com Harry fazendo dupla em todas as aulas conjuntas de Grifinória e Sonserina, o ruivo era obrigado a sentar com Zabine. Ele poderia sentar com Simas ou Neville, ele realmente queria sentar com Simas e Neville, mas Merlin e Morgana eram contra ele todas as vezes. Pois de um jeito ou de outro, Pansy o empurrava para sentar com Blaise, e quando não era ela, Hermione se encarregava do serviço.

Isso resultou em sua briga com Blaise na última aula do dia, o negro havia reclamado em dado momento da companhia do Weasley e o impediu de dormir na aula pois não queria ver o ruivo "babando". Claro que Rony não ficou quieto ao escutar aquilo e discutiu com Blaise durante toda a aula. Infelizmente suas palavras não surtiam tanto efeito no Sonserino, que recentemente havia descoberto adorar ver Rony irritado consigo, o negro só havia ficado alí, ostentando um sorriso ora cínico ora irônico que irritava Rony a cada segundo que passava.

E para a bendita sorte de Rony, aquele não seria o primeiro problema que enfrentaria com Zabine naquele dia. Claro que ele tinha de sofrer mais um pouco, pensou, Merlin e Morgana realmente tinham um humor extremamente sádico quando se tratava de sua vida.

- Melhore essa cara, Weasley. - falou Blaise. Ele também parecia não estar nem um pouco feliz com a situação.

- Eu realmente não consigo entender o porquê que fui obrigado a vir com você. - falou Rony novamente pela milésima vez, só naquele andar.

- Pansy nos obrigou. E você sabe como ela é quando não a escutam ou a contrariam.

- Você tem medo dela. - debochou Rony.

- E você não tem? - perguntou Blaise com um sorriso de zombaria - Não tenho medo dela, só preso pela minha vida. Nem todos são leões idiotas que gostam de se arriscar a cada esquina que atravessam.

Rony iria retrucar mas decidiu deixar aquilo quieto, ele realmente não queria ter que passar o caminho todo discutindo com Blaise, ele só queria dar o recado de Pansy para Harry e Draco e sair de perto do negro o mais rápido possível. Talvez ele ficasse no Jardim até o jantar que não demoraria muito, inclusive.

Blaise reparou que Rony ficou quieto e estranhou, o ruivo nunca ficava quieto ao ter sua Casa criticada, aquilo era um fato inédito. Em todo caso, Blaise preferiu fingir para si mesmo que não se importava com o fato do ruivo ter ficado quieto e seguiu adiante.

Os dois pararam no Sexto Andar e foram se esgueirando pelas passagens até chegar no quadro do Campos das Tulipas Amarelas. Blaise sempre que via o quadro se perguntava porque Dumbledore tinha escolhido especificamente aquele quadro, nele tinha uma menina de cabelos negros e olhos cinzas aparentando ter seus dezesseis anos, ela sempre estava fazendo um coroa com as flores do campo.

Ele sabia que as tulipas são uma das mais belas flores do mundo, que induzem a beleza em todos os elementos presentes ao seu redor. Elas simbolizam um sentimento de amor e carinho perfeitos e as tulipas amarelas foram inicialmente associadas a um amor não correspondido, mas agora representa felicidade, sol e calor.

O mais perto que a situação de Harry e Draco chegava do significado dessa era o amor não correspondido, mas agora eles estavam se preocupando em ter algo mais. Talvez Dumbledore achasse que assim como as tulipas amarelas, Draco e Harry passaram a ser felicidade também, a felicidade um do outro. Blaise realmente não saiba, mas seus pensamentos estavam completamente certos.

Rony viu Blaise observar o quadro por tempo demais e chamou a menina que ainda trançava as tulipas para perto, a garota de sorriso alegre pediu para que o ruivo falasse a senha e Rony pronunciou a palavra "felicidade" logo vendo o quadro dar passagem a eles.

Ao entrarem na Comunal encontraram Harry e Draco conversando, os dois jogavam um jogo chamado Personagem, as regras do jogo era acertar qual era o personagem com apenas vinte perguntas, pelo que Rony se lembrava. E o ruivo gostou muito de ver seu amigo rindo ao ver Malfoy errando o nome do personagem, qual havia sido a última vez que ele vira Harry rir daquele jeito tão alegre e espontâneo?

- Blaise? O que faz aqui? Nem ouvi vocês dois entrando. - comentou Draco ficando um pouco mais sério pela presença dos dois alí.

- Pansy nos pediu para chamar vocês. - falou o negro sentando na cadeira da escrivaninha - Ela deve ter tido outra ideia maluca e quer vocês lá para dizer o que é.

- Precisava realmente dos dois para trazer a mensagem? - perguntou Harry com um tom de malicia para Rony que corou indignado, Draco riu.

- Pansy me obrigou a vir junto, ok? - resmungou o ruivo irritado e Blaise deu um sorrisinho, não havia necessidade do Grifinório ter ficado tão incomodado com aquele fato.

Depois disso os meninos pararam de provocar Rony e decidiram descer, Blaise foi na frente puxando o ruivo consigo para deixar Harry e Draco a sós. Não que eles fossem fazer algo, mas ultimamente todos estavam preferindo deixar os dois veelas sozinhos para serem obrigados a conviverem, o plano de todos era esse afinal.

Rony se sentia isolando o amigo da sociedade algumas vezes, mas Hermione já havia lhe explicado que aquilo não era permanente e que também era essencial para os dois. Quando estivessem melhores de saúde e perto de fazerem a Ligação, seriam incluídos pouco a pouco no meio de todos, assim nenhum progresso desandaria e eles se acostumariam aos poucos com as mudanças da sociedade ao redor deles.

- Isso era tão urgente? Um projeto de estudos? - falou o ruivo menosprezando a fala de Pansy.

- Hermione sugeriu, e eu confesso que estou precisando. - argumentou a loira - Agora, para aqueles incomodados que não querem participar, a porta da sala é bem alí.

O Trio de Prata junto ao de Ouro estavam em uma sala de aula pouco usada pelos professores da escola. Pansy sempre preferia que eles se encontrassem em ambientes neutros e de pouca movimentação para que não chamassem atenção indesejada de olhares curiosos e alheios.

- Estou indo então.

- Você fica Rony! - falou Hermione puxando o ruivo - Snape sabe o quanto você precisa de um reforço.

- Já eu não preciso. - argumentou Blaise se dirigindo a porta - Sinto muito garotas, mas minhas notas são satisfatórias, tanto para mim quando para minha mãe. Agradeço o convite, mas dispenso.

- Você pode ser um dos professores. - insistiu Hermione - Harry, Rony e Pansy precisam de reforço, só eu e Draco não daremos conta.

- Uma professora sozinha dá aula a mais de trinta alunos, eu garanto que com esforço vocês dois conseguem. - falou o negro saindo pela porta.

- Ele me parecia de mal humor. - apontou Draco, depois de ouvir a porta bater - Fez algo para ele Rony?

- Ah, por favor. - debochou o ruivo - Mesmo que fosse algo relacionado a mim, não causaria um efeito desses nele.

A verdade era que Blaise só queria se afastar um pouco dos amigos para pensar. A ideia de Pansy não era ruim e ele queria ajudar os amigos, mas tinha começado a perceber que a presença de Rony lhe incomodava. Não no mal sentido, mas toda vez que via o ruivo, queria ficar cada vez mais perto dele e isso o incomodava.

Assim ele resolveu pra si mesmo que precisava pensar seriamente no que estava sentindo, e ainda pior, o que faria depois de descobrir o que era aquilo.

Ligação ou MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora