(capítulo: 4416 palavras)
Afonso Moura
Nasceu foi criado na Fazenda da família, um reduto da antiga nobreza bruxa portuguesa no interior do Espírito Santo. Próximo a Mata da Flores, dos animais fantásticos e plantas com propriedade incríveis, mas pouco viu o mundo fora disso. O explorou com livros que contavam histórias dos heróis de todas as épocas.
Seus pais pouco falavam com ele, mesmo que nunca saíssem de casa. Eram calados, refinados e viviam em um mundo particular de polidez e nobreza. Restava a companhia de Rosa e Violeta, as velhas elfas-domésticas do casarão, e de alguns poucos criados que não tinham medo de seus olhos negros e reflexivos como espelhos de escuridão. E estes olhos eram o motivo do isolamento da família, tínhamos o sangue dos lobos prateados, de licantropos que se transformavam em feras a noite. Não conheci ninguém que havia manifestado a maldição, mas sua família vivia seguindo os antigos ritos e códigos portugueses como se todos fossem lobisomens.
Mas sabia que seria ele. Recebeu o seu chamado quando viu uma fera-lobo na floresta, foi ela que disse que ele seria um bruxo e lhe entregou a carta de Castelobruxo. Não se importava, desde que fosse para a escola de magia e vivesse parte das histórias que leu, nunca esteve tão empolgado. Mas havia um problema, apesar de serem de uma família nobiliária, não havia restado nenhum dinheiro. Não tinha coragem de pedir auxílio de alunos pobres para não manchar o nome dos Moura e possuía pouco dinheiro para comprar o material necessário. Iria dar um jeito, acabou encontrando o antigo uniforme de seu pai, quase imaculado exceto as traças, e os livros com os belos comentários de sua mãe. Só restava comprar uma varinha nova.
Esperava na frente da mansão rural da família olhando os patos na lagoa meio abandonada. Iria com senhor Arthur Hildebrand, hoje o principal bruxo do estado, ocupava o lugar que seu pai se recusava a ocupar. Estava com seu jeans antigo, jaqueta de couro e óculos aviador bem aranhado, era sua melhor roupa e não queria passar vergonha. Jogava pedras na água até que as ondas se cristalizaram, os gansos gritaram e se afastaram e Afonso se aproximou, já estava acostumado com acquaviagens. As ondas congelarem completamente e formarem pequenos degraus que aumentava a medida que afundava. Esperava não se molhar muito e foi tragada pelo lago em um vórtice de passagens em rios, praias, aquários e mesmo vasos sanitários. Emergiu na imensa fonte com esculturas da paixão de Cristo da mansão Hildebrand, em Pedra Azul. Um dos servos da família se aproximou e disse que eles aguardavam dentro da mansão com uma piadinha costumeira:
- É melhor se molhar do que se queimar, certo?
Riu e entrou na imensa casa forrada de belos mármore e granitos e repleta de santos. Oberdan se aproximou com um sorriso no rosto. Ele sempre fora um pouco estranho, mas amigável. Sua riqueza o intimidava um pouco e ele parecia não perceber ou se importar com isso.
- Seja bem-vindo, Afonso. Faz muito tempo que não nos vemos.
Ele parecia nervoso, talvez os boatos foram verdadeiros, mas não se importava com o que ele fazia na cama ou com a saúde de Kaio.
- Venha, a mesa está posta para o café. Papai está se arrumando e isso pode demorar um pouco. Está servido?
A mesa era espetacular, havia geleia de goiaba roxa, patê de fígado de macuco, queijo de anta, café-jacu e carpaccio de palmito-sangue. Atacou como um desesperado, era um banquete real.
- Você e sua família sempre são bem-vindos em nossa casa, Afonsinho. Claro que nem todos e nem em qualquer lua. Já mandei para sua mãe um pouco de erva chiado-de-gato. Podemos ir?
O segredo de sua família não era segredo a muito tempo. Corou, mas disfarçou sorrindo e saindo rapidamente. Ficou bastante incomodado com a quantia que Arthur deu para Oberdan antes de entrarem na fonte de pedras novamente, o que tinha mal daria para uma varinha de segunda mão. Foi ao lado do colega que se vestia como ele, mas usava grife. As águas da fonte formavam uma profunda escadaria que levava para a escuridão, submergiram para emergirem próximo ao Porto de Vitória. Subiram alguns degraus até um pátio com alguns carros estacionados, foram na direção no único carro de luxo. Arthur sentou na frente no banco de carona e os jovens atrás, o carro não precisava de motorista.
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Castelobruxo
FantasyEm uma ruína mágica no meio da Amazônia, jovens aprendem o que é magia e se descobrem como adultos. Castelobruxo é mais do que uma escola de magia, é uma universidade com seus calouros e veteranos, professores revolucionários e acomodados, amores e...