39° Pessoas com saudades

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Marta narrando_
"... Sabe... No dia das mães eu sofria por não ter uma mãe. Eu via minhas amiguinhas abraçarem as mães, a beijarem, darem um presentinho simples; mas as criancinhas ficavam tão feliz por darem um simples presente que a escola dava e eu não tinha uma mãe para dar esse simples presente. Quando eu chegava em casa, eu dava para meu pai quando ele chegava do trabalho, mas não era a mesma coisa. Não era dia dos pais, era dia das mães". Como eu fiz falta na vida dessa menina... 😟 No ônibus, a condução para numa comunidade e um moço com um menino no colo e uma bolsa de criança sob o ombro sobe. O conheço, era o pai da amiga da minha menina. O pai da Bianca. Aceno com a mão quando ele empurra a catraca, e vem até mim estranhando o ato que eu havia feito

Marta : oi seu Cristóvão tudo bem? - pergunto o olhando. O ônibus estava com quase todas as cadeiras ocupadas. Uma cadeira da fileira esquerda, ao meu lado estava vaga
Cristóvão : oi Marta tudo sim e com a senhora? - pergunta segurando o filho com uma mão e a outra o ferro desgastado de apoio
Marta : estou bem graças a Deus. Senta ai você está com o menino - digo apontando com a cabeça para o lado
Xxx : papai eu quero sentar ali - aponta para o fundo e ele olha para lá rapidamente
Cristóvão : não Enzo, fica aqui no meu colo - diz o ajeitando
Marta : ele dá muito trabalho? - pergunto observando a criança
Cristóvão : assim como os outros - sorri : ele doente, levando ele no upa pra ver o que ele tem. Ele com febre e diarréia. A creche me ligou avisando e eu sai da construção as pressas - explica coitado do menininho 😟
Marta : nossa! Será que não é saudade da irmã? - ele olha para o filho por um momento pensativo
Cristóvão : será? - pergunta me olhando
Marta : ele é de ficar doente? - aposto perguntar
Cristóvão : não. Pior que não - diz preocupado
Enzo : quero água - e tosse. O vejo pegar uma garrafinha com água e dar para o menino
Cristóvão : você está pelando - diz medindo a temperatura com a mão : se for saudade da Bianca então ferrado. A Bianca só vem quando for fazer a quimioterapia - diz me olhando ajeitando o menino no colo
Marta : coloca ele pra falar com a irmã por chamada de vídeo. No whatsapp tem - aconselho
Cristóvão : é, eu sei obrigado pela dica dona Marta - diz guardando a garrafa na bolsa desajeitado
Marta : pode me chamar de Marta - sorrio : ele é uma gracinha - digo olhando para o menino
Cristóvão : puxou a mãe - diz analisando a criança
Marta : verdade. Sua esposa faleceu né? - pergunto curiosa a minha menina já comentou comigo 💭
Cristóvão : quando ele nasceu. Desde então sou só eu e meus filhos - diz me olhando e respiro fundo
Marta : eu sei bem como é isso, só que no meu caso sou só eu. Minha filha é de maior e mora com o pai - afirmo
Cristóvão : não sabia que a senho... Você, tinha uma filha - se atrapalha com as palavras
Marta : só tenho ela mesmo - concordo com a cabeça tem a Manuella também... 😅
Cristóvão : é... Filhos dão trabalho - suspira
Marta : você não imagina o quanto - digo aflita comigo mesma : mas nos trazem felicidade quando tomam o caminho certo e não o errado - ele sorri
Cristóvão : é verdade - deposita um beijo na cabeça do menino que abraçava o seu braço. Os olhos do garotinho estavam avermelhados. Olho para a janela e vejo um ponto de ônibus a frente. Suspiro pesadamente
Marta : bem, já chegou meu ponto. Vou descer - digo me preparando para levantar
Cristóvão : tabom. Manda um abraço aos Nogueiras. - aperto no botão para o motorista parar no ponto que chegava : Eu sempre vou ser grato pelo que estão fazendo a minha filha - diz me observando enquanto eu me dirigia para a porta
Marta : tabom Cristóvão. Passa lá na mansão qualquer dia desses. Eu te sirvo um café - digo para ele enquanto andava
Cristóvão : seu café é um dos melhores que eu já tomei. Não sei bem fazer café. Lá em casa eu me viro pra dar comida pras crianças - admite e acabo rindo. As portas se abrem e o motorista para o ônibus
Marta : eu te ensino a fazer. Até mais - e desço. Ainda estava longe do ponto da mansão, mas devo dizer que eu não queria falar sobre a Emanuelle, não sei porque, mas eu ainda não me sinto uma mãe ao lado dela e nem em falar com ela, ou falar dela. Sim, eu me orgulho por ela ter tomado um rumo profissional em sua vida e não ter afundado no mundo das drogas, coisa que eu sempre imaginei quando eu havia abandonado ela... Opto por ir caminhando daquele lugar até a mansão

O meu Silêncio - O amor supera qualquer obstáculo (3) ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora