Conhecendo anjos suicidas

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Descobri que tinha depressão algum tempo depois, quando o meu negativismo começou a me mandar para o hospital, cheguei a conhecer no hospital gente que sabia da depressão e que tentaram me alertar, é, muita gente cometeu o pecado de tirar sua própria vida e os mais próximos já começavam a perceber. Cheguei a frequentar um curso de Eletrecidade e lá conhecí um jovem 3 ou 4 anos mais velho que eu, que viveu muito tempo na Africa do sul, e que voltou pra ficar junto de sua mãe, e que tinha tudo, era alguém que possuia alguma coisa no sentido de poder levar a vida adiante por conta própria, mas cometeu suicídio 2 meses depois, e qual seria o motivo?
A família declarou que ele tirou sua vida por causa de problemas de comunicação, ele teria um dia antes de cometer suicídio, comunicado a mãe que a namorada estava grávida e precisava legalizar a situação, e a mãe teria respondido alguma coisa a ver com a burocracia e que levaria um tempo para ele legalizar sua cituação, e essa resposta foi tudo. Podemos ver claramente que a família não respondeu mal, mas a família evidentemente não teria percebido que não conseguia preencher o vazio que ele sentia. E naqueles dias as pessoas falavam daquele rapaz e falavam coisas que no momento não dava importância, mas hoje percebo que não eram certas, falaram que ele não tinha motivos porque tinha posses e podia sair daquela situação, e mais uma vez não se considerou o factor DEPRESSÃO, quero explicar aqui, que a resposta que a mãe deu não tem nada demais pra quem não tem depressão, era só uma questão de ter paciência e nas semanas seguintes tudo estaria resolvido. Mas pra quem sofre com essa doença, essa resposta constitui um motivo forte para procurar a saída mais fácil, essa resposta quando a avalio agora teria remetido em sua mente a ideia de não ser amado, a ideia de não ter prioridade e vindo de alguém que é importante pra ele aquilo foi a gota de água. E esse foi o primeiro ANJO SUICÍDA, que conhecí.

Em minha caminhada ví e conviví com vários outros anjos suicídas que nem poderia contar, o que me levou a concluir que para essa doença não existe distinção de raça ou crença ou se a pessoa é bem sucedida ou não, aprendí nesse tempo a ver esse problema não só como sendo meu mas também mundial, mas quem tem depressão ou não sabe ou ignora, algo que no futuro vai mata-lo, deixar a depressão crescer é como detectar uma fuga na botija de gás e não dar a devida atenção porque você está ocupado, até o momento que você morre ou quase morre para perceber o erro cometido.
A organização mundial da saúde (OMS) considera a depressão como o mal do século no sentido patológico, isso porque há presença de tristeza, pessimismo, baixa auto-estima, que aparecem com frequência e que podem combinar-se entre si.
Assim torna-se claro que é um mal que não pode ser ignorado principalmente porque estimasse que para cada 5 pessoas no mundo existe uma que sofre de depressão em algum momento da vida, assim cerca de 300 milhões de pessoas sofrem com essa doença em algum momento.
Chegou uma fase de minha vida que eu não dava atenção nem a mim mesmo nem a ninguém, eram dias difíceis, mas o mais difícil era chegar em casa e me sentir numa jaula, totalmente aprisionado, de alguma forma essa jaula me protegia de comentários da cruel sociedade, mas a não interassão minha com ela estava me destruindo, era como uma espada de dois gumes corta certamente de qualquer um dos lados, nesses momentos a gente precisa de acompanhamento mas não temos porque não pedimos, tentamos tanto ser auto-suficientes que a nossa mente alimenta aquela ideia como se fosse realmente possivel e não é. 
A depressão é uma doença psiquiátrica que afeta o emocional da pessoa, que passa a apresentar tristeza profunda, falta de apetite, de ânimo, pessimismo, baixa auto-estima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si.
Essa é definição mais clara da depressão, por ser uma doença psiquiátrica, faz com que as pessoas julguem quem a tem, quando eu falava do primeiro anjo suicída que conhecí, lembrava também dos comentários pesados que as pessoas faziam
... ele estava cansado de comer;
ele simplesmente não queria assumir nada;
e muitos outros comentários que não me sinto avontade em compartilha-los, e eu fico aqui imaginando o duplo sofrimento que aquela pobre mulher (mãe), sentiu primeiro por perder um filho e por fim pela ideia de ter possivelmente causado isso, vi a esperança esvalir do rosto dela, e talvez eu nunca saiba como é, mas sinto uma dor que considero a altura da dor dela, essa dor que sinto quando penso em usar a saída de emerência (suicídio), mas não sinto por mim, sinto por minha família que possivelmente se culpará por algo que eles podem até nem compriender.
Quando se enfrenta a depressão é indispensável o acompanhamento médico tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento adequado e também o apoio da família é fundamental. A depressão causa ainda ausência de prazer em coisas que antes faziam bem que pode ser em qualquer área em que a pessoa esteja inserida e grande mudança periodica de humor e pensamentos, que podem culminar em comportamentos e atos suicidas.
Eu continuava levando a vida da forma mais normal que eu podia, mas quando se tem depressão nada é normal, comecei um ano letivo e no meio os problemas aumentaram, no Primeiro semestre de 2018 eu vivia junto a uma família de bem, família que me acolheu por 6 meses e cuidou tão bem de mim, não faltava conversa naquela casa mas eu me sentia mais sozinho que o monstro de Frankstain, não por culpa deles, mas o vazio tomava conta de mim onde quer que fosse, me sentia um peixe fora de água e eles até podem nem entender por que foi que eu saí de lá, nesse momento mudei-me para um outro ponto, mais próximo da faculdade, mas também não me sentia enquadrado lá, vivia trancado no quarto, saía por volta das 5:00 da manhã e volta-va geralmente por volta das 6:00 da tarde e o tempo que eu ficava lá, estava sempre no quarto e também o vazio me seguia lá.
O grande problema não está na tentativa de se socializar e conversar, mas está na partilha do problema e no pedido de ajuda. Porque as pessoas acham que depressão é frescura e não é, depressão tem sido nos últimos tempos um veículo transportador de cadaveres, o catalizador da morte.
Porque não me sentia bem na segunda família, decidí voltar pra casa, e esse foi o período que tive mais altos e baixos, levantava cedo, bom pra falar a verdade poucas vezes eu dormia pois com a depressão vieram muitos males e um deles é a insónia, não dormia e não conseguia fazer nada,  e depois de um tempo comecei a sofrer com a epilepsia e apoplexia, eu fui descobrir que sofria de epilepsia por sorte, numa das semanas saí cedo para poder ir a faculdade que na verdade era um sofrimento porque 3:30 eu já devia estar acordado e me preparando sendo que algumas vezes eu dormia as 1:30/40, e aquilo já era rotina, o que acontece é que fui caminhando até a estação e da estação até a terminal,e de lá caminhava até a faculdade algo que me roubava quase 40 min, e num desses dias eu repetia esse trajecto quando aconteceu, primeiro eu senti uma onda de tonturas e depois apagava por alguns minutos, isso começou a me afetar porque acontecia várias vezes e chegava a encomodar porque você não sabe onde é que vai perder a consciência, a epilepsia é uma doença do sistema nervoso caracterizada por ataques repentinos de inconsciência, procurei saber onde descobri que tinha epilepsia menor que não me preocupou tanto, mas o que me fez pensar eram os ataques significativos de apoplexia, que chegavam a acontecer até mesmo no laboratório, a apoplexia é um estado de inconsciência que ocorre repentinamente. Então comecei a chamar minha vida de complexo de doenças.
Mas graças a Deus essa fase passou com ajuda de muitas pessoas, bom até hoje tenho alguns problemas com ataques de inconsciência repentina, mas com menor frequência. Voltando a depressão Está presente na literatura médica e científica mundial que a depressão também incita alterações fisiológicas no corpo, sendo porta de entrada para outras doenças. Acho que não é só uma questão de negativismo.
Quando esses probleminhas pararam conhecí mais um anjo suicida, dessa vez uma garota, ela era boa menina, o problema mesmo era não saber e nem tentar se socializar, durante 6 meses passei a observa-la de longe, tentei ajudar mas é claro que não daria certo nem um cego guiando outro cego mas ela não me queria por perto, na verdade não queria ninguém por perto, dessa vez o anjo suicida que conhecí era mais ou menos 4 anos mais novo que eu, e eu sentia que devia ajudar procurar uma âncora pra ela, mas ela não deu espaço, e o problema de sempre o escudo do deprimido o sorriso apesar de ser falso, não que ela fosse falsa mas devido ao problema que ela enfrentava, sofria em silêncio e canalizar essa energia negativa não era nada bom.
Ela se trancava em sua zona de conforto não dando importância aos relacionamentos diversos, ela era teimosa e não queria se abrir com ninguém, por isso é o anjo suicida que mais me marcou, conseguiu atingir os seus objectivos e mesmo assim não via felicidade nisso e o estresse aumentava o desejo de partir dessa pra melhor, depois de alcançar os objectivos com os melhores resultados ela cometeu suicidio, deixando muitas dúvidas no seio da família porque não era um livro aberto, e dessa vez quem sabe alguém também tenha falado algo que ela não considerou resposta coerente e isso tenha servido de ignição para a companhia das vozes irritantes que nos acompanham até mesmo nos lugares mais intimos? Ainda é um mistério, pois essas vozes são pedaços de nós, todos refratados e querendo ganhar espaço pra subir ao palco da vida e falar, mas a maior parte delas não consegue ouvir e aceitar um não, e toma essa resposta como uma sentença.
Cerca de 2 meses antes dela partir eu quase fiz isso, eu teria preparado uma apresentação de uma aula e depois de apresentar o docente ficou insatisfeito com a mesma, tendo me chamado de mentiroso e incopetente e como se não bastasse ter me insultado daquela forma enfrente a uma turma de quase 30 estudantes, ainda deu como nota 0, e aí foi demais, minha indignação e  tristeza eram tão grandes como se ele tivesse furado o meu Coração com um cano do tamanho de uma bazuka, quando cheguei em casa, por sorte escreví uma mensagem que de alguma forma foi um pedido de socorro enquanto eu procurava uma forma menos dolorosa de cometer suicidio, pela graça de Deus estava eu me preparando quando os primeiros socorros chegaram, e se manifestavam de várias formas naquele dia a primeira pessoa que me fez voltar a razão com quase uma hora de conversa ao telefone foi uma amiga que tem sido âncora e conselheira, ela não mediu esforços para me fazer parar, até me ameaçou, e tudo que eu queria naquele momento era ouvir alguém como ela pra me dizer que tudo iria dar certo e que era questão de ter fé, obrigado Judy pela força, mas para além de Judy muitas outras pessoas demostraram se importar e me fizeram até prometer não fazer nada.
Diocleciana minha prima, Feliciana, Nelma, Muassáfia e muitas outras pessoas
E foi assim como eu escapei a morte mais uma vez, a partir daquele dia passei a ter medo, medo do escuro, medo de ouvir aquelas vozes, aquelas vozes familiares que na verdade é apenas uma, e a pluralizo por apresentar diferentes tons e se manifestar ao mesmo tempo, a existencia de várias personalidades minhas, nunca antes havia me amedrontado, mas a manifeatação delas ao mesmo tempo fez-me pensar naquilo, e passei a ter medo de ficar sozinho, pra não ficar com aquelas vozes, que me fazem companhia e as vezes falar sozinho, o grande problema estava alí na minha mente e eu não podia fugir porque não existia lugar seguro.
Você sozinho percebe que não tem mais forças para continuar a lutar e que morreu a muito tempo e você só percebeu naquele momento.
Chega esse momento na vida, pra alguns é bem mais cedo mas para outros até pode ser depois de um casamento, o importante é saber ultrapassar esse problema e aceitar que você não é o único, o primeiro e nem o último e que pra vencer você vai precisar de Deus.

Eu sabia o que tinha que fazer mas não sabia como fazer. E comecei a minha propria procura pela cura, fui lendo livros vendo filmes que me ajudavam a entender e um dia tive uma recaida e minha pessoa de luz me deu um puxão de orelhas.

A força pra SobreviverOnde histórias criam vida. Descubra agora