Entre a vasta extensão da cordilheira dos Pirineus, uma nação chamada Le Arbington prosperava próxima aos montes gelados. Na pequena capital Delaunay, um rei governava a região com sabedoria e justiça. Uma profecia inquietava a cidade há séculos, afirmando que três garotas de bom coração teriam que passar por diversas provas, a fim de encontrar um tesouro de muito valor.O grande mistério se tratava de várias pedras preciosas. A primeira pedra era um diamante púrpura, um cristal criado pelos magos da floresta, um clã chamado de Magos de Órion, na tentativa de expulsar os inimigos da região, num passado remoto. O segundo era um diamante rosa, que mostraria o caminho de volta para casa, após a perigosa aventura. A última riqueza era uma chave dourada, que garantia acesso a uma torre distante, que conforme a lenda, resguardava um assombro, que nem mesmo os mais sábios da floresta não ousavam acercar.
Uma velha bruxa do vilarejo sentia que a predição estava próxima de se realizar. Ela também sabia que quem desvendaria o mistério eram mulheres da realeza. Muitos homens, cegos pela ganância que do tesouro e pela fortuna que ele poderia lhes trazer, vasculharam a floresta, mas não acharam nada. Então, voltaram a Delaunay de mãos vazias.
As tais garotas pré-destinadas viviam em um castelo grande e majestoso, o Château de Le Arbington. As três eram cercadas de dezenas de mordomos e criadas. Eram princesas porque o título vinha de seus pais, os governantes Edouard e Desireè Dujardins, que quase não tinham tempo para as filhas, em virtude dos compromissos reais.
Por esse motivo, as três princesas sempre foram muito apegadas umas às outras, até que um dia, a profecia começou a se tornar realidade. Em um dia ensolarado, os pássaros eram vistos voando livremente pelos céus e o som das águas tranquilas do rio próximo ao castelo era um lindo som aos ouvidos de quem passasse por perto. Aproveitando a bela tarde, Carole, a mais velha das filhas, saiu às ruas para comprar flores silvestres no mercado da vila. Ela se disfarçou com uma manta e saiu pelos fundos, pois não queria que seus pais ou a guarda real soubessem que ela saíra escondido. Suas irmãs, entretanto, sabiam do fato.
Em poucos minutos, ela deixou o castelo e se afastou com cautela, para não ser vista. Caminhando a passos lentos e observando tudo ao seu redor, Carole avistou a banca de uma florista. A feira era grande, com muitos camponeses vendendo suas mercadorias, que em grande parte, eram grãos, especiarias de terras longínquas ou produtos manufaturados oriundas das corporações de ofício.
Encapuzada com uma capa escura ela observava pessoas ofertando seus produtos e também crianças brincando e correndo de um lado para o outro. Havia padeiros expondo suas baguettes quentinhas e recém-saídas do forno. O cheiro saboroso de trigo e a textura crocante dos pães eram atrativos aos olhos de Carole.
As bancas de flores exibiam as rosas e margaridas silvestres, com cheiro do campo e da floresta próxima. Carole estava distraída comprando flores, quando de repente, ouviu assobios, cuja origem era de uma senhora que chamava sua atenção. Segurando as flores, ela olhou em volta, mas não conseguiu identificar a origem dos sonidos na primeira vez. Observou novamente entre os mercadores, até que percebeu uma velha mulher, baixa e com uma túnica azul escura sobre a cabeça que fazia gestos com as mãos.
- Menina, venha até aqui! – Chamou a velha senhora. Ela parecia ser uma curandeira. Carole sabia que pela floresta havia muitas delas.
Carole foi em direção à mulher lentamente, que a levou até uma tenda, próxima da banca de flores que onde a princesa estava há poucos minutos. Elas adentraram o ambiente e Carole estava assustada com o que estava vendo. Velhos livros empoeirados formavam pilhas sobre uma mesa antiga de madeira. Velas acesas, em castiçais rústicos, iluminavam o recinto escuro.

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Segredos da Floresta - Duologia Magia do Universo - Conto I (COMPLETO)
Ficção HistóricaHá quem diga que magia não existe, ou que foi apenas uma invenção dos tempos antigos. No entanto, não foi bem isso que ocorreu na Idade Média, no reino de Le Arbington, uma pequena nação que fazia fronteira com a França. À época, uma profecia circun...