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"No meu céu cinzento, você veio para mim como uma luz." - Love story

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Molhei a metade do pincel na paleta e pressionei meu dedão na ponta, movi-o para trás repetidas vezes respingando a tinta branca na tela recém pintada em tons escuros de azul para representar a noite. Quando pintava em casa eu podia fazer a bagunça que quisesse, mas durante as aulas eu tentava não me sujar muito, nem quando estava no ateliê, buscava ser o mais discreta possível, só que quando eu me empolgava com as cores me sentia em um mundo onde somente eu era existente. Sempre fui apaixonada pela arte desde que me entendo nesse mundo, e optar por Artes plásticas tinha sido a melhor escolha da minha vida.

Finalizado as estrelas no céu da minha obra, pousei o pincel no espacinho abaixo da tela no cavalete e retirei o papel que protegia a parte da floresta dos respingos. Me dei alguns minutos para apreciar minha pintura, uma linda paisagem noturna adornada pelos astros, no centro uma garota voava na direção da lua cheia. Meu peito inflou com ternura e me senti orgulhosa com o trabalho bem feito, era merecedora de um excelente. Admirei tanto o desenho que por um momento pensei em levar para casa, pendurar no meu quarto e trabalhar em outro para entregar como atividade.

Tomei um susto quase derrubando meu estojo de tintas ao ouvir a porta da pequena sala ser aberta com brutalidade. Virei meu tronco e meus olhos captaram a metade do corpo de Ah-ri exposta.

– Aigoo! Não precisa de toda essa indelicadeza. - falei em tom descontente fazendo bico.

– Vim te lembrar que a palestra vai começar em dez minutos.

– Tudo bem, eu já acabei, vou só guardar minhas coisas.

– Eu e Chae Joon estaremos te esperando no auditório, vamos na frente para pegar lugares em uma das primeiras fileiras.

– Guardem um 'pra mim. - fechei meu estojo.

– Claro. Não demore Hyemi. - se retirou e fechou a porta.

Levantei da cadeira e guardei minhas tintas na bolsa, limpei o godê e lavei os pincéis usados, em seguida guardando-os. Passei a alça no meu ombro e parei diante do quadro analisando-o por mais alguns segundinhos. Eu poderia deixá-lo dentro da sala coberto com um pano ou levar para casa e mostrar para meus pais, papai ficaria muito feliz em vê-lo, ele me apoiava muito e conseguia aumentar meu ego de uma maneira engraçada. Engraçada porque minhas obras não costumavam a ser aquelas complexas com significados subentendidos ou ocultos que chocavam milhares de pessoas, pelo contrário, era explícito e simples, por isso muitas vezes achava seus elogios exagerados demais, talvez fosse coisa de pai.

Acabei por decidir em levá-la, era de tamanho médio, então eu daria conta de carregar até o auditório e deixá-la em um canto, não ocuparia muito espaço. Coloquei dentro de uma sacola que achei revirando uma das estantes da sala e sai. Olhei meu celular com as horas na tela marcando 17h55, estuguei os passos descendo os degraus do prédio em direção ao outro à poucos minutos dali. A brisa tocava meu corpo me causando arrepios, o inverno estava se aproximando e os dias frios já eram presentes.

O ar se tornou forte de repente, tombei a cabeça para trás vendo as nuvens cinzas, um grunhido saiu dos meus lábios e apertei mais os passos. Logo avistei o bloco onde era localizado o auditório, faltando pouco para alcançar, um sorriso de alívio tomou meus lábios, mas apenas por um milésimo de segundo, pois se desfez assim que senti uma gota cair em meu nariz, seguido de outra no meu braço e perna. Em um impulso comecei a correr, agarrei o quadro entre meus braços pressionando-o contra o peito. As gotas engrossaram e eu me desesperei, corri mais rápido feito louca e talvez não tenha sido a melhor ideia, acabei tropeçando em alguma coisa. Que maravilha, uma bela de uma queda. O quadro deslizou no chão e eu senti instantaneamente meus joelhos e palmas das mãos arderem.

➳❥ Paint me {P.J}Onde histórias criam vida. Descubra agora