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"Abra seus olhos e sinta, você não está sozinho." - Don't leave me

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Como prometido, apareci na casa de Jimin no dia posterior para lhe fazer companhia, quando cheguei, recebi a notícia de que o velório seria no dia seguinte, ele estava abatido e muito desolado, levei alguns dos meus filmes de romance favoritos e guloseimas para passarmos o dia nos distraindo, e já tinha deixado o recado para meus pais de que chegaria tarde em casa naquele dia. Nos aconchegamos no sofá e assistimos a todos, algumas cenas arrancaram somente sorrisos do garoto, não criei expectativas, sabia que não melhoraria ainda. No último filme, ele acabou dormindo com a cabeça encostada no meu ombro, apreciei a cena e não resistir tocar no seu rosto, acariciando sua pele por um breve instante, depois, apoiei a minha na sua, fazendo o mesmo e dormindo.

O dia seguinte amanheceu com uma atmosfera densa e anuviada e, ironicamente começou a nevar. Meus pais sabiam da minha amizade com Jimin, por isso, fizeram questão de me acompanharem até sua casa para buscá-lo, de lá partimos juntos para o local onde aconteceria o velório. Para a minha surpresa e principalmente a dele, a família apareceu, tornando o clima bastante desagradável, quase palpável, o garoto se enfureceu e desalinhou um pouco dos trilhos, não tirei sua razão, eu tinha conhecimento sobre a história da família, e seus tios comparecerem ali depois de tudo que fizeram tinha sido revoltante demais, era compreensível sua raiva. Papai precisou intervir na discussão que se iniciou, e Jimin só ficou calmo ao ver todos indo embora do lugar. Após o clima tenso passar, ele desabou sobre o caixão. Cada vez que o via chorar, me dava vontade de abrir o peito e trocar de coração com ele, mas como não era possível, não tardei em abrir meus braços para recebê-lo e carregar a dor consigo.

No fim do dia meus pais nos levaram para casa e convidaram Jimin para jantar com a gente, ele aceitou na boa, sem relutâncias ou algo do gênero. Mamãe tentou levar assuntos agradáveis à mesa e papai a tornar o momento tranquilo, bom, funcionou por um tempo. Ao ficarmos sozinhos na sala, ele tomou outra postura, estava muito pensativo, quieto e sério, questionei como se sentia, ele disse estar preocupado, quis saber com o quê, então, me contou sobre ter somente uma semana para sair do quarto alugado e não tinha para onde ir, estava sem trabalho e aposentadoria da sua falecida avó cortada, situação que o deixava muito tenso. Sem hesitar sugeri minha casa, ele não achou uma boa ideia, pensando que poderia incomodar meus pais, evidentemente um pensamento equivocado, tentei convencê-lo do contrário, não consegui. Por fim, deixamos Jimin na sua casa e prometi fazer uma ligação por vídeo chamada, ele deu um sorrisinho, se despediu e entrou no prédio.

"Eu poderia ser vermelho, ou poderia ser amarelo. Eu poderia ser azul, ou poderia ser roxo. Eu poderia ser verde, ou rosa ou preto ou branco. Eu poderia ser de todas as cores que você quiser." - Colors

[música na mídia]

Era sexta-feira, estava sentada no banco ansiosa a espera de Jimin, ele tinha apenas algumas horas para sair do quarto em que morou por anos, e eu queria saber se tinha encontrado outro lugar. Devido a muitos trabalhos em que me ocupei durante a semana toda, não pude acompanhá-lo nesse processo, no início me senti mal, mas ele garantiu que já tinha alguém para ajudá-lo e eu não precisaria me preocupar.

Conferi as horas no celular, marcando 12h00, olhei na direção das escadas do bloco, alguns alunos começaram a sair aos poucos, corri os olhos em busca do Park, logo o avistando descendo os degraus com as mãos nos bolsos, recolhi minha mochila e andei até ele.

– Hey! - me pus a sua frente fazendo-o cessar os passos.

Usava um sobretudo preto e camisa no mesmo tom, com um cachecol vermelho envolta do pescoço. O tempo tornava-se cada vez mais frio a cada dia que passava.

➳❥ Paint me {P.J}Onde histórias criam vida. Descubra agora