Lenda

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-Temari, Temari! –Chamou a garota de cabelos castanhos presos em dois grandes coques num penteado chinês tradicional.

-O que foi, Tenten? –Disse me virando para ela sorrindo, como sempre faço.

-Teremos que terminar a decoração da nossa formatura durante a noite, as outras meninas ficarão aqui também para ser mais rápido.

Concordei com a cabeça e então ouvi a porta se abrir e o professor entrar. Todos ficamos de pé, fazendo uma pequena reverência e voltando a sentar, assim dando início a aula. Ouço sussurros pela sala assim que o professor se vira para escrever no quadro.

-Você ouviu sobre o templo perto da escola? Aquele que você entra naquela rua estreita. –Comentou um garoto de cabelos loiros e olhos azuis, aparentemente com medo dos boatos.

-Ouvi sim. Tudo idiotice de quem não tem o que fazer! –Respondeu seu amigo de cabelos negros metido a corajoso.

Nunca fui medrosa, mas não acredito que precise provar a minha coragem como estes garotos. Volta e meia há algum boato de um lugar amaldiçoado diferente, e então começam os testes de coragem "duvido você ir até lá e fazer tal coisa", apenas reviro meus olhos quando ouço estas frases idiotas.

Tão infantis. Minha melhor amiga diz que eu deveria agir mais conforme a minha idade, afinal, com dezessete anos você deveria curtir a vida, aceitar estas apostas que considero infantis, namorar ou ao menos olhar para os garotos, me enturmar mais, entre outras coisas. Mas eu não vejo nada de bom nisso, não é como se eu precisasse ou sentisse falta disto.

Nunca fui uma menina depressiva ou quieta, porém alguns me achavam estranha por não me interessar por ninguém, as vezes até dizem que sou orgulhosa de mais, mas eu penso que não sou obrigada a gostar de qualquer um.

Olho pela janela do terceiro andar, sentindo o vendo bater em meu rosto, as árvores de cerejeira balançando, o sol entre as nuvens, suspiro ouvindo o sinal bater para irmos lanchar.

Vejo os cabelos rosas da Sakura vindo em minha direção.

-Estou ansiosa por hoje à noite! –Me levantei pegando o dinheiro para o lanche, sendo puxada pela Tenten que foi puxada pela Ino, formando assim, o "nosso grupo". Por que as aspas? Pois eu não me sinto dentro deste grupo, somente observo o que acontece ao redor, o que falam entre si, porém, na maior parte do tempo, são fofocas sobre os garotos, que também andam conosco.

Sakura dizendo como é o relacionamento dela com o senhor coragem, Hinata sendo atormentada pelo namorado que não cala a maldita boca, a Ino contando sobre os diversos homens que ela sai durante o final de semana ou até mesmo a Tenten contando sobre seu amor escondido pelo Neji, o qual, apesar de correspondido, ele nunca a pedia em namoro, sua desculpa sempre fora a família rica dele que não o aceitaria com uma garota pobre.

-Temari, você e eu cuidamos da comida. –Afirmou o Sasuke, afinal, somos do clube de culinária, apenas assenti, voltando a minha atenção a conversa dos outros sobre as decorações que faremos depois dos clubes, mandei uma mensagem para a minha mãe, avisando que não vou voltar para casa hoje.

Geralmente os meus dias são sempre iguais e monótonos, mas hoje, infelizmente vai ser diferente, começam a falar sobre suas notas, e como sempre, eu e o Neji fomos os melhores da classe, o que deixa a Ino e o Naruto um tanto quanto frustrados.

Ouço o sinal bater outra vez e me levando seguindo-os até a nossa classe. Posso parecer uma pessoa um tanto quanto cruel por ser tão distante, mas a verdade é que sempre fui gentil, sempre ajudei as pessoas, mesmo não me envolvendo tão profundamente com ninguém, talvez a Tenten seja a mais próxima de mim, depois é claro, da minha família.

Nos conhecemos ainda pequenas na escola primária perto da minha casa, quando descobrimos que moramos na mesma rua, acabamos por voltar todos os dias juntas, e com muita insistência dela, nos tornamos amigas com o passar dos anos. No ensino médio, ela conheceu a Ino, a Sakura e a Hinata, e por elas, os meninos, e assim, passamos a andar todos juntos, eu sendo arrastada por ela, é claro.

Com o fim das aulas, vamos todos até os armários no fundo da sala, pegar os devidos materiais para limpar a nossa sala de aula. Pego um pano e vou até a janela, passando-o na mesma.

-Ouvi dizer que a Liana vai com o namorado até o templo amaldiçoado. –Comentou uma garota de cabelos negros, com a sua amiga.

De novo este papo sobre o templo, não vejo a hora disto acabar e ver qual será o próximo assunto de todos eles. Uma fábrica assombrada? Outra lenda sobre o banheiro do terceiro andar? Por que acreditam tanto nisto? Talvez eu seja mesmo uma japonesa estranha.

-Vamos para o clube, Temari.

Caminhando lado a lado com o Sasuke num silêncio agradável. Talvez de todos eles, ele seja o melhor, apesar de ter seu lado valentão, ele sabe respeitar o meu espaço e, assim como eu, é alguém de poucas palavras.

Ingredientes a mesa, com a receita de bolo na cabeça, eu preparo pequenos bolinhos redondos de chocolate, com uma cobertura igualmente de chocolate, que aprendi a fazer com a minha mãe, se tem algo sobre mim que todos gostam, então isto com certeza é a minha comida.

Coloco-os delicadamente em uma bandeja e caminho em direção aos corredores do colégio para entregar para os alunos.

Pessoas as quais não faço questão de me lembrar o nome, vão pegando-os da bandeja e me agradecendo, me elogiando, lhes dou um sorriso e continuo caminhando com cuidado para que os bolinhos não caiam da bandeja.

As pessoas parecem tão vazias, tão superficiais e falsas e tudo o que eu desejo, é não ser como elas, se um dia eu amar, quero que seja intenso e verdadeiro, sem mascaras, assim como com a Tenten, ou com os colegas do grupo em que ando.

Caminho até o jardim da escola, perto das árvores que eu tanto amo, sinto o vento frio passando entre as minhas pernas, minha mente viaja por entre os rumores, tendo a certeza de que alguém vai falar sobre isto hoje à noite, ou fazer uma aposta idiota de coragem.

Respirei fundo sentindo um cheiro gostoso no ar assim que um vento forte passou por onde estou, um cheiro masculino diferente de qualquer um que eu já senti. Olhei para o tal templo sobre os muros da escola, as imensas escadas que eram necessárias subir para chegar até ele e apesar de parecer ao lado da escola, não é tão do lado assim. Não tem como enxergar a parte de cima do templo em si, a única coisa que é vista são grandes árvores.

Respirei profundamente outra vez em busca daquele cheiro, porém não senti mais nada, talvez seja coisa da minha cabeça. O céu começava a escurecer cada vez mais e finalmente voltei para dentro da escola.

Templo malditoOnde histórias criam vida. Descubra agora