Templo maldito

Esconde-esconde

Coloquei o bilhete na cômoda do quarto, em baixo do abajur e terminei de retirar as minhas roupas para finalmente tomar um merecido banho. Enchi a banheira do meu quarto e me sentei quase deitada nela. Sinto a água quente relaxar os músculos do meu corpo enquanto tento não pensar sobre o estranho bilhete deixado em minha saia, me perguntando o por que eu não olhei quando senti o cheiro perto de mim.

O aromatizante cítrico que coloquei na água entrava em minha pele fazendo com que eu cheirasse a frutas cítricas, um cheiro que eu, particularmente amo. Massageio os cabelos, colocando o shampoo em minha casa, fechando os olhos, uma breve imagem de um homem, aquele que na foto era um pequeno garoto, se passa em minha mente e eu rapidamente abro os meus olhos. Estou enlouquecendo!

Me enxaguo e enrolo a toalha de banho quentinha em volta do meu corpo como um vestido, indo até o meu quarto colocando o meu pijama, seco os meus cabelos e vou deitar. Rolo na cama e o sono não vem, retiro o bilhete de baixo do abajur e fico encarando-o enquanto sinto o cheiro que ele exala, acabo por finalmente pegar no sono.

Acordo com o bilhete ainda em minhas mãos e o coloco de volta na cômoda, porém sem esconde-lo desta vez, pego o meu celular e vejo que já marcava onze horas da manhã e pelo silêncio da casa, estou sozinha. Me espreguiço e tomo coragem para me levantar, hoje é a tão esperada formatura do colégio.

Vou até a cozinha e pego uma lasanha pré-pronta e coloco para descongelar no micro-ondas e vejo um bilhete, pela letra, dos meus irmãos, em cima da mesa.

"Saímos, de noite nos vemos na formatura. –Kankuro. "

Não é como se eu não estivesse acostumada com isto, o micro-ondas apita e eu tiro o meu almoço de lá, com o auxílio de um pano de louça. Nem pego um prato, somente um garfo e começo a comer na própria forma, não sei como algumas pessoas não dão conta de comer uma inteira, elas são minúsculas!

Terminei o almoço, lavei o garfo e joguei a embalagem fora, subindo para o quarto, peguei meu celular e me joguei na cama.

-Uma mensagem.

Disse para mim mesma. Abrindo a mensagem da Ino que dizia para nos arrumarmos juntas na casa dela e como eu não sou muito vaidosa e é uma ocasião especial, eu aceito. Coloquei uma roupa qualquer e peguei o meu vestido branco que vou usar na festa e por algum motivo, peguei o bilhete em cima da cômoda e coloquei em meu sutiã e então, fui para a casa da Ino.

Ao passar pelas escadas do templo, novamente aquele cheiro, me sinto vigiada e olho para a escadaria, mas não consigo ver ninguém, olho para os lados e para trás e não há nada. Uma sensação de medo o percorre meu corpo e eu saio de lá rapidamente, voltando ao meu trajeto.

Cheguei na casa da Ino e todas já estavam lá, ansiosas e enchendo a casa de gritinhos chatos e papos sobre garotos. No final, a Ino estava extravagante, como sempre, a Sakura estava toda de vermelho escuro, a Hinata e a Tem estavam de azul e a Tenten fez um penteado estilo "Sailor moon". Eu coloquei o meu vestido branco, o cabelo preso em duas partes, como eu amo, a Ino fez uma maquiagem marcando os meus olhos verdes e um batom vermelho, diz ela que é para compensar o vestido branco.

-Minha nossa Temari, está parecendo uma noiva! –Falou a Sakura, fazendo as outras, exceto a Hinata, rirem.

-Você está linda. –Comentou a Hinata e eu agradeci.

Começamos a caminhar para a escola e chegamos na hora exata para o começo da entrega de certificados. Os nomes iam sendo chamados e quando subi para pegar o meu diploma, avistei os meus irmãos sorrindo, e é claro, meus pais não estavam.

A música ecoava por todo o salão, meus "amigos" conversavam animados e meus irmãos já haviam encontrado um par para passar a noite, o que logo foi feito pelo grupo onde eu estava, novamente, eu fiquei de fora, fiquei sobrando. Senti o incomodo no meu sutiã e me lembrei do bilhete, vi todos se divertindo e mesmo sendo perigoso, o que tenho a perder?

Sai da escola e olhei diretamente para a grande escadaria, começando a sentir preguiça de subir. E se for um maníaco que entrou no templo e está querendo me estuprar? Pensei sentindo um frio na espinha, porém assim que comecei a subir os primeiros degraus, junto com o vento, aquele cheiro maravilhoso chegou até mim e quase como se estivesse hipnotizada, passei a subir as escadas.

Assim que cheguei ao topo, vi a porta da entrada trancada, porém me sinto observada, fui até a fonte, na esperança de ver algo em seu reflexo além de mim. A impressão de ser observada, continua em mim, porém não vejo nada na água.

-Quem é você e porque me chamou aqui?

Nada foi ouvido, nem mesmo um pequeno ruído e o medo começou a me invadir, porém eu tentei passar o máximo de calma em minha voz.

-Quem é você? Me chama e se mantém nas sombras?!

Falo indignada e finalmente uma voz surge e o cheiro masculino fica forte, muito forte, olho para os lados a procura dele, mas nada vejo.

-Prometa que não irá olhar para mim, nem no reflexo da água, e então conversaremos.

-Eu prometo.

Falei fechando os meus olhos, entrando em êxtase, sua voz é talvez mais bela do que o cheiro que exala.

-Sou só um rapaz quase como qualquer outro, me chamo Shikamaru, e você, quem és, linda mulher?

Estremeci sentindo suas mãos frias em meus braços fazendo uma leve carícia, subindo e descendo.

-Temari. Me chamo Temari....

-O nome é quase tão lindo quanto a dona dele.

Eu ri, ele é de fato um grande galanteador. A tentação de olhar para ele é grande, porém eu jamais quebro uma promessa.

-Seu cheiro é tão bom....

Sussurro, fazendo-o rir um pouco e me agradecer, sinto o seu hálito em meu pescoço, pedindo internamente para que sua boca me tocasse.

-Sente-se de costas para mim, será melhor para conversarmos.

Assenti com a cabeça e ficamos um de costas para o outro.

-Porque não posso vê-lo?

-Quero que me conheça por quem sou primeiro.

-Não é justo, já que você me viu.

Abri meus olhos, afinal, não precisava estar com eles fechados, respirei fundo sentindo suas costas largas, ele é um homem grande, concluí.

-Porque está arrumada desta forma, tão bela? Duvido que seja para me ver.

-Hoje foi a minha formatura da escola, na verdade, está sendo.

-E por que resolveu vir ao invés de ficar na festa?

-Não queria ficar sozinha.

-Se depender de mim, nunca estará sozinha.

Senti ele retirar as suas costas das minhas e me abraçar, olhei para baixo, seus braços são fortes, mas nada exagerado. Continuamos a conversar, nos conhecermos até eu ouvir o relógio da igreja tocar anunciando a meia noite.

-Já se passou tanto tempo assim?! –Falei assustada.

-Você precisa mesmo ir embora?

Sua voz demonstrava tristeza e até uma certa melancolia, a vontade de tê-lo me dominava completamente. Como posso estar assim por alguém que acabei de conhecer? Alguém que nem mesmo deixou que eu o visse?

-Sim, eu preciso.

Ele me largou, pedindo para que eu me levantasse de olhos fechados, e assim eu fiz. Senti seus braços passarem por mim outra vez, e um beijo ser depositado em minha bochecha, em seguida, colocando uma de suas mãos sobre os meus olhos, dando um beijo mais próximo da minha boca, apertando um pouco mais o abraço e sussurrando em meu ouvido.

-Para deixar o meu cheiro em você, espero que volte.