Capítulo 4

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Depois de tantos dias de trabalho intenso, hoje é o dia de folga da minha mãe e claro vamos aproveitar no melhor estilo. Iremos até o shopping center celeiro, é um lugar que nunca me canso de ir, amo observar os esquilinhos no cantinho especial.
Muitas pessoas não sabem mas a cidade de Monte verde é um dos melhores destinos pra quem buscar um lugar aconchegante e romântico. A cidade recebe muitos turistas e eu adoro vê gente nova.
- Bom dia, mãe. Cheguei,abraçado-a por trás.
Ela estava muito bem sentada na mesa tomando seu café da manhã.
- Bom dia filha. Anda senta, vamos tomar café, está tudo quentinho fiz até uma tapioca pra comermos com esse queijo canastra que está quentinho ali na frigideira.
A minha mãe, essa mulher sabe como agradar, sem dúvida a comida mineira deve ser a melhor do mundo.
- A senhora me conhece muito em? Pisco de olho, para ela, arrancando-lhe um sorriso.
- A mãe é uma pena eu ter aula hoje e só chegarei a tarde, as vezes acho escola em tempo integral um saco sabia?.
Bufo!
- Não tem problema a noite iremos ao celeiro e comemos aquele fondue que nós tanto amamos e ainda aproveito para fazer um faxina nessa casa que está parecendo ninho de rato.
Exagerada a casa nem está tão bagunçada assim. Eu acho!
- A mãe eu faço minha parte. Aqui. Limpo, lavo roupas e louças. Ah o nosso aquecedor está quebrado, quando a senhora acha que dá pra concertar? Por que essa lareira daqui de casa está um tempão sem gás e estar chegando a época mais fria do ano aqui na serra.
Ela suspirou triste. Eu sei que a nossa situação financeira não está das melhores, mas também ficaremos resfriadas com frio que se aproxima.
- Não sei. Marcela acho que o aquecedor, posso levar no Senhor Josimar ele vai me quebrar um galho. Agora a lareira não sei quando verá gás novamente.
O senhor Josimar é nosso vizinho ele é tipo um faz tudo, sempre tenta ressuscitar alguma sucata e olha que o homem é bom.
- É pode ser. Agora me dê licença que preciso muito ir. Muitos beijos..mamis.
- Ei?
- Sim?
- Leve o casaco não te quero com nenhum resfriado.
- Seu pedido é uma ordem.
- Adeus.
Moramos próximo a avenida principal de Monte verde e que está, também leva o nome da cidade e claro todos os dias passo em frente da fábrica mais gostosa do mundo a fábrica de chocolates Gressoney. As vezes  me imagino como os personagens que  encontram o bilhete premiado para visitar a fábrica de chocolates .
Chegamos na escola e avisto Alessa chegando também.
- Eiiii!.. Alessa? Me espera.
Ela para. E se vira pra falar comigo, mas logo observei o quão abatida ela está e o mais estranho com o uniforme sujo. Não entendo ela é sempre tão vaidosa.
- Alessa? O que houve com você? Por favor converse comigo. Estou pirando. Desde o dia na prova na semana passada que você tem estado diferente. Deixa eu te ajudar?
Ela apenas olha pra mim e desaba em prantos, são tão fortes que a mesma começa a soluçar incontrolávelmente. Os outros alunos começaram a nós observar.
- Hey. Olha, vamos para algum lugar. Sim? Aqui estamos chamando muita atenção.
Ela apenas concorda e me segue, fomos para o ginásio que, a essa hora estar vazio.
Aguardo ela ficar mais calma e recompor-se um pouco, nessa hora meu celular vibra, olho o visor e vejo que é Dudu me ligando, apenas deixo uma mensagem que estou ocupada.
Agora, fito a garota a minha frente é como se a menina que conheço desde o jardim de infância estivesse em um sofrimento interno massagrante.
- Então? Você quer conversar?
Ela fita o chão e diz.
- Está tudo bem Marcela.
- Não ouse, dizer que está tudo bem quando é visível que não está. Olha eu sou sua amiga e amigas ajudam umas as outras, não faz isso comigo e nem com você.
Ela me fita com um olhar raivoso.
- O que quer saber? Em? Não deveria cuidar da sua vida?
- Olha Alessa, agir assim só demonstra o quão necessitada de ajuda você está, eu acho que....
Ela me corta e se levanta.
- você acha o quê? Você não pode nem se ajudar. Quem dirá a mim.
- Não pedi a sua ajuda  em nenhum momento. Quer ajudar alguém? Ajude sua mãe vive pegando plantões atrás de plantões, para não ficar em casa, por que não aguenta ficar em casa sem o maridinho infiel.
Nessa hora eu apenas reagir. Ela podia está com raiva ou tentando se defender, mas falar dos meus pais foi golpe baixo. Quando percebe já tinha lhe esbofeteado.
- Oh meu Deus Alessa.. eu.. não queria. Droga apenas reagir ..eu..me desculpe por favor.
Ela começa a rir que nem uma maluca.
- O que eu podia esperar da filha de desempregado e ainda cachaceiro que resolveu assumir a pior puta de Monte verde? Não sei como conseguir te suportar todo esse tempo.
Ela continuou falando e falando mais ofensas a mim e a minha família, mas alí naquele momento entendir que ela estava usando a agressividade para me afastar do assunto principal..
- Alessa você pode brigar o quanto quiser, mas não vou te abandonar. Você está tendo problemas e pelo visto são muitos sérios. Você deveria .
Ela até tentou me cortar, mas apenas lhe lancei um olhar duro..e disse olhando no fundo daquele olhar castanho, com o brilho juvenil perdido.
- Eu vou ajudar você! Isso é uma promessa nem que pra isso eu tenha que ir na casa de seus pais e até mesmo envolver a direção da escola, mas irei descobrir guarde minhas palavras. Porém agora vá pra casa você não tem a mínima condição de assistir aula hoje.
Dito isso virei as costas e sair.
Entrei no segundo horário, claro que me bombardearam de perguntas, mas eu penas disse que era um dor de cabeça.
Passei o resto da manhã e a tarde pensando em como ajudar Alessa. Mas eu irei! Disso não tenho dúvidas.
Ao abrir a porta de casa a primeira coisa que sentir foi aquele cheiro de casa limpa ao que parece mamãe ficou bastante ocupada, mas as palavra de Alessa continuavam na minha cabeça. Quando papai morava aqui, mamãe vivia contando os dias de folga, após a separação  é como se os dias de folga tivessem sumido. Como não percebir antes?Ela está sofrendo e está se afogando no trabalho. Mas que bela filha eu sou, bom irei concertar isso.
Subir direto para o meu quarto, tratei de tomar um banho e botar algo casual e que me aquecesse.
Optei por uma calça jeans justa preta com uma blusa com estampa de flores  um tênis preto e cabelo soltos e claro meu casaco.
Como ao entra não vir minha mãe, imaginei que estivesse no quarto se arrumando. Fui até lá e batir na porta algumas vezes..e adivinhem ela estava dormindo.
- Nossa filha estava tão cansada, que apaguei, mas vou me arrumar rapidinho.
- Mãe olha se você não estiver confortável, podemos ir outro dia.
Ela me olhou e falou:
- Digeito nenhum. Ando trabalhando tanto que mereço relaxar e você também. Iremos sim.
Se disesse que não queria dar uma saída e aproveitar as belezas da minha cidade interiorana estaria mentindo.
- Tá bom.
Peguei meu celular e fiquei zapiando nas redes sócias enquando minha mãe tomava banho.
Ela levou a sério esse papo de "me arrumo rapidinho" a mulher já estava pronta.
Chamamos um táxi e fomos ao Celeiro, primeiro fomos ao canto especial dos esquilos. São tão bonitinhos e fofos. E para a praça de alimentação que estava cheirando tão bem lá. Gente, chocolate já é bom. Agora um fondue é simplesmente a perfeição, com morangos então. Me sentir muito digna.
Mamãe optou também por um vinho,segundo ela eu não poderia tomar  por ser de menor ainda. Embora já tenha bebido até vomitar com Júlia, mas ela não precisa saber.
- Mãe? Você ainda lamenta muito a separação com papai?
Eu apenas precisava saber. Ela arregala os olhos, obviamente pega de surpresa mas também vejo a compreensão neles.
- Não vou mentir. Andei triste sim, alguns dias, mas agora está tudo bem.
- Ele fez a escolha dele e entendo. Na verdade busco entender, não quero mais juga-lo, culpa-lo e nem me culpar. Tivemos uma história que veio a acabar e temos a nossa ligação que é você.
- Foi difícil. Agora estou bem.
A fitei seus olhos  buscando alguma possibilidade de vê algo ali neles, que mostrassem o contrário mas não identifiquei. Alessa querendo ou não, me fez conhecer mais ainda minha mãe.
- podemos ir para casa estou cansada e com sono.
- Claro filha.
E lá fomos nós, para nossa pequena e silenciosa casinha e aproveitando as belezas que a " Suíça no Brasil" tem a oferecer.

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