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Este livro não é baseado em uma consulta real entre Psicólogo e Paciente.
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-Eu procurei ela, procurei muito. Mas eu não achei. Então eu só fiz o que ela queria que eu fizesse, nunca mais apareci e me mudei pra cá com meu irmão e minha mãe.

-Talvez ela ainda esteja por ai.- Carly fala.

-Eu queria poder encontrar ela. Pedir perdão pelo que eu fiz ela passar. Pelo sofrimento que eu causei. Contar para ela o quão arrependido eu estou. Em como eu queria voltar no tempo e ter conhecido ela antes da merda toda acontecer. Em como eu sinto a falta dela, dos momentos que a gente passou, das guerras de pipoca durante os filmes, das brigas pelo controle da TV ou qual filme a gente ia assistir no cinema, das piadas sem graça que eu contava só pra fazer ela sorrir. - pausa - Em como eu sinto falta de ver ela sorrindo para mim.

Carly guardou rancor dele por todos esses anos, não teria como esquecer. Mas agora ela acreditava em cada palavra que ele havia dito ali, não havia como ele saber que era ela na sua frente, assim como ela não o havia reconhecido quando ele entrou naquele consultório. Agora ambos com 34 anos muita coisa havia mudado na aparência. O destino realmente havia pregado uma peça nos dois, depois de 17 anos os dois estavam frente a frente novamente, sem se reconhecer.

-Não perca as esperanças, Toby. "Deixe de caçar borboletas e um dia elas irão pousar no seu braço", não sei quem disse, mas faz sentido.

-Realmente, mas o tempo dela pousar já passou. Minhas esperanças já foram todas enterradas. - ele sorri de lado.

-Então quer dizer que caso ela apareça você não daria uma chance para vocês? - Carly perguntou.

-Claro que sim. É o que eu mais quero nessa vida. Depois que ela se foi eu não consegui me relacionar mais com ninguém, tive casos de no máximo uma noite. E eu realmente conheci mulheres maravilhosas, não só por beleza, em conteúdo também. Mas é ela que eu quero e sempre vou querer. Nenhuma mulher me despertou tanto interesse como ela. Hoje eu tenho certeza que ela é a mulher da minha vida.

-Talvez você também seja o amor da vida dela. Talvez ela também tenha tentado com outras pessoas e não deu certo, ou nem tentado. Talvez ela também só queira você apesar do que aconteceu.

-Eu duvido. Se ela estiver viva deve ser uma mulher linda, inteligente, emponderada. Deve ter conhecido alguém melhor do que eu no trabalho ou na faculdade, ter casado e tido filhos.

Carly ri sobre o pensamento de Toby em como seria seu futuro.

-Se ela estiver viva, deve estar feliz com a família e amigos, passando finais de semana na praia. Ou ter aberto uma ONG.

E era verdade. Carly tinha uma ONG especializada em cuidar - psicologicamente falando - de mulheres. Tratar de abusos, traumas, agressões e outras coisas.

Carly sorri ao lembrar.

-Eu tenho certeza que se ela estiver viva ainda ela tem uma ONG. Ela gostava muito de ajudar as pessoas ou os animais. Ela era uma pessoa tão boa que não tinha inimigos. Todos gostavam dela. - pausa - As vezes eu me pergunto se ela continua do mesmo jeito.

Não, ela não continua.

A "menina sorridente" já não sorri tanto. A Potterhead já não lê os livros ou assisti os filmes. As roupas agora são mais sociais e ela não sai com frequência. Sua pele agora era mais clara já que não tomava sol. Ela não falava mais com ninguém a não ser seus pacientes ou empregados.

-As pessoas mudam, Toby. Você mudou. Deixou de ser um garoto fútil e descobriu o amor. Você passou por coisas difíceis que com certeza te fizeram mudar. Você mudou tanto por dentro quanto por fora.

-As vezes eu fico imaginando em como ela está fisicamente. Se cortou o cabelo ou deixou crescer. Se ainda usa aqueles vestidos que fazem ela parecer uma criança de 7 anos. Se ela ainda pinta as unhas de preto e se sua pele continua morena. - Carly olha para sua unha e vê o esmalte preto já saindo.

-Eu nunca pensei conseguir conversar tão calmamente... - Carly o olha de lado - certo que eu não fui tão calmo assim, sua prateleira que o diga, mas eu nunca me imaginei conversando assim sobre esse assunto, de forma tão aberta e detalhada como eu contei a você. Eu nunca consegui. Quando meus amigos me falaram que você era a única que conseguiria me ajudar eu confesso que eu não acreditei no primeiro instante. Eu insisti porque sabia, de alguma forma oculta, que você era minha última chance de melhorar. Eu já estava prestes a ser afastado do emprego, eu já não conseguia dormir direito porque sempre que colocava a cabeça no travesseiro eu pensava nela e em tudo que poderia ter acontecido, e por causa disso eu não conseguia dormir direito e me concentrar no trabalho, e ele exige muita concentração. - pausa - Assim que eu entrei na porta eu senti uma coisa boa. Como se eu já tivesse melhorando. Como se um raio de Sol tivesse penetrado em mim- Carly sorri - Você é muito boa no que faz, com certeza, Maria Clara é como você.

-Maria Clara? - Carly se faz de desentendida.

-É o nome dela. - Depois desse tempo todo Toby percebeu que ainda não tinha falado.

Um silêncio longo se instala no consultório. Nenhum dos dois queriam partir.

-Eu só queria poder encontrar ela e dizer o quanto eu a amo. - Toby quebra o silêncio - Eu acho que para eu melhorar de vez eu só preciso do perdão dela. - ele fala cabisbaixo.

-E você tem. - Carly responde. Carly já havia o perdoado desde que soube que era o seu Tobias ali.

-Como você pode ter certeza?

-Porque Maria Clara sou eu, Tobias. Porquê Maria Clara é a Dra. Carly. E eu te perdoo.

FIM

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Dra. Carly - O Reencontro (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora