Dra. Carly - O Reencontro (COMPLETO)

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Este livro não é baseado em uma consulta real entre Psicólogo e Paciente, assim como, também não é baseado em como funcionaria uma consulta real com um psicologo.
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     Talvez não tenha sido a melhor ideia. Com certeza não foi a melhor ideia. — percebeu Carly ao se ver dividindo sua sala apenas com o estranho. Logo o prédio ficaria cada vez mais vazio e caso ela precisasse de um socorro não haveria ninguém para salvá-la.

     Carly poderia não atender quem quer que fosse aquele homem? Sim ela poderia! Mas a curiosidade de conhecê-lo fez com que ela tomasse uma decisão tão precipitada, capaz até de mata-la. De alguma forma aquele estranho despertou uma curiosidade inexplicável em Carly, a forma como entrou naquela sala, como se a sua vida dependesse daquilo; a sua aparência que apesar de mal cuidada era extremamente bonita; a sensação de que ela o conhecia de algum lugar apesar de ter quase certeza que ela nunca o viu na vida. Tudo. Absolutamente tudo que envolvia aquele homem despertou uma curiosidade imensurável na psicóloga. Ela colocava a culpa na sua profissão, como uma psicóloga especializada em traumas ela adquiriu uma personalidade investigativa.

— Qual seu nome? — perguntou a psicóloga e ele respondeu num sussurro quase inaudível, fazendo ela perguntar novamente.

— Toby. Meu nome é Toby. — falou a última parte num tom mais alto.

Carly sentiu um arrepio subir sua coluna.

Deve ser o ar! — pensou e pegou o controle para aumentar um pouco a temperatura.

     Toby era um homem alto e forte. Sua beleza era algo inegável apesar de parecer que ele tinha discutido com o barbeiro a semanas. Seus olhos castanhos faziam contraste com sua pele clara, seus cabelos compridos estavam presos em um coque alto. E o físico? Bom... O físico dispensava qualquer descrição.

— Então me diga, Toby. O que fez você invadir meu consultório? — a voz de Carly saiu calma apesar do medo que ela sentia naquele momento.

     O homem estava nervoso, batia descontroladamente os pés no carpete bege que enfeitava o consultório. Ele não queria estar ali. Não queria passar por aquilo mais uma vez, mas ele precisava tentar com ela. Precisava confiar nas recomendações do seu amigo ou perderia o emprego.

— Me desculpe, não era minha intenção parecer invasivo ou causar qualquer transtorno, mas eu necessito da sua ajuda. — Toby estava arrependido de ter invadido a sala daquela forma, se Karl soubesse daquilo com certeza sua situação teria piorado de vez. A agenda da doutora estava lotada durante os próximos meses e seu caso era de extrema urgência, não podia esperar tanto. Seu emprego não poderia esperar tanto.

    Estava a posto na frente do consultório desde muito antes de Carly sair para o almoço, até tentou falar com ela na volta, mas ela estava tão apressada que quase derrubou o copo de café ao se esbarrarem. Durante a tarde viu cada paciente entrando e esperou cada paciente sair para enfim ter sua consulta.

     "Determinação com certeza é o seu forte, Toby". — Karl sempre falava.

— E por qual motivo você necessita tanto da minha ajuda? — Carly se mantinha calma.

— Eu tenho um problema. — Toby estava tenso demais.

— E qual seria esse problema? — Carly se ajeita na cadeira desconfortável.

— Eu tenho um problema com o passado, e ele anda me perseguindo dia e noite, não tenho mais concentração no trabalho e não lembro a ultima vez que não tive pesadelos durante a noite. —

     Contando que você não seja um psicopata maluco e eu não esteja morta daqui a algumas horas, estamos quites. — Pensou Carly.

— Quando isso começou? Quando o seu passado começou a te perseguir? — a psicóloga volta com perguntas.

     Toby pensa um instante.

— Não sei de fato, mas faz muito tempo. Acho que desde que tudo aconteceu, mas tem ficado cada vez pior. — Toby se entristece ao lembrar-se do que aconteceu, de quando ainda era jovem. Lembrar-se do que fez ainda traz muita dor.

— O que aconteceu no seu passado? — Pergunta de forma direta. Não deveria estar fazendo isso. Ela não sabia o que tinha acontecido com aquele estranho (agora não mais tão estranho assim) e tendo em vista a situação que ela se encontrava qualquer gatilho de lembrança poderia causar um surto naquele homem e ela com certeza não estava preparada para isso.

— Alguém te fez algo Toby? Alguém te machucou? — Toby não respondeu.

     Droga! — pensou Carly. Tudo que ela não deveria fazer, ela está fazendo.

— Isso com certeza é um caso de trauma. — Pensou alto.

     Toby não precisava, e não queria, ser avaliado daquela forma, não como se ele tivesse ido ali em busca de um laudo médico. Ele já fora vários psicólogos nenhum deles tinha ajudado. Recebia apenas um laudo médico e remédios para dormir, mas nenhuma solução. Ele precisava de alguém que o fizesse ficar bem. Alguém que o entendesse de verdade. Segundo Karl ela era a melhor na área, por isso Dra. Carly era sua ultima esperança, se ela não o ajudasse mais ninguém ajudaria.

     Toby ainda estava perdido nas lembranças e não escutou as perguntas da psicóloga.

— Toby? — precisou que a Doutora o chamasse três vezes para que ele voltasse ao mundo real e respondesse. — Tudo bem?

     Ele apenas balançou a cabeça em afirmação.

— Para que eu possa te ajudar eu preciso que você se mantenha aqui, em corpo e mente. — ele voltou a assentir — Eu vou fazer novamente as perguntas. Alguém fez algo contra você no passado? Alguém te machucou? É esse o seu problema?

— Não! Eu já sofri vários machucados físicos — lembrou Toby dos casos que ele já participou. Sentiu seu coração apertar com a possibilidade de não voltar ao seu amado emprego. — Mas ninguém me machucou psicologicamente.

      O homem respira fundo, e Carly mantinha seus olhos atentos a cada movimento de Toby.

— Eu quem machuquei uma pessoa e não têm um dia sequer que eu não me arrependa disso, não têm um dia sequer que eu não tenha vontade de voltar no tempo e desfazer tudo de ruim que eu já fiz. — Toby para pra respirar. — Meu problema é a dor na consciência de ter feito algo tão mal, tão perverso, tão... Monstruoso.

Ok! Fudeu!

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