COMO TRABALHAR

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O dia seguinte marcava o início de uma nova realidade para Eleanor: seu primeiro dia de trabalho. Para evitar atrasos, preparou um leite queimado e se deitou às 20 horas em ponto. No entanto, seu relógio biológico não cooperou como esperava, e ela acabou levantando, já que estava acostumada a dormir por volta das 23 horas e acordar às 6 da manhã desde a faculdade.

Eleanor não estava nervosa nem especialmente empolgada para o trabalho, mas gostava de fazer as coisas da maneira certa. Organizou os materiais necessários e, entediada, ligou para seus pais para confirmar o início do novo emprego. Em seguida, voltou para a cama e assistiu à série "Eu, a Patroa e as Crianças" no notebook, na esperança de que isso ajudasse a induzir o sono. Deitada em posição fetal, refletiu sobre a nova fase de sua vida até que o cansaço tomou conta de seus pensamentos.

No dia seguinte, acordou pontualmente às 6 horas, seguiu sua rotina matinal e tomou seu café da manhã. Apesar de não estar particularmente animada, não pôde evitar o típico "frio na barriga" que acompanha o início de uma nova etapa. Estava começando um novo capítulo em sua vida, o que, de alguma forma, despertava um misto de ansiedade e expectativa.

Depois do café, vestiu suas roupas formais, pegou seus documentos e a chave do carro. Embora dirigir não fosse sua atividade favorita, sabia que precisava se acostumar, pois o horário de saída nem sempre seria o ideal, e não queria correr o risco de chegar ao trabalho desarrumada. A aparência era importante, especialmente nesse tipo de trabalho.

Eleanor possuía o carro desde o segundo ano da faculdade, um presente de seu avô para celebrar suas boas notas. Apesar de não gostar de usá-lo porque isso a fazia lembrar do avô e a emocionava, não conseguia se desfazer dele. As memórias associadas ao carro eram positivas, e o avô era um homem alegre e festeiro, com um "espírito jovem" que Eleanor apreciava. Ele sempre dizia que Eleanor tinha uma alma envelhecida em um corpo jovem, uma cumplicidade que seus pais e outras pessoas nunca entenderam completamente.

Com um profundo suspiro, girou a chave na ignição e deu partida em seu fusca preto, que, embora antigo, estava em excelente estado. Ao chegar ao prédio da editora Moon, dirigiu-se à atendente do RH.

— Olá, eu sou a Eleanor e vim para o cargo de secretária do senhor Eduardo Moon.

A secretária sorriu gentilmente.

— Bom dia! Lembro de você da entrevista. O senhor Moon está aguardando você na sala dele para dar as instruções necessárias. Você se lembra onde é?

Eleanor acenou afirmativamente e agradeceu. Sua memória fotográfica a ajudava a se lembrar de detalhes com precisão. Apertando a bolsa sob os braços, dirigiu-se à sala onde havia feito a entrevista, deu três batidas leves na porta e sorriu ao ouvir um "entre".

— Com licença, senhor Eduardo. Estou aqui para receber as instruções para o trabalho — disse, analisando a expressão reservada do senhor Moon.

— Bom dia, Eleanor. Como você já deve saber, o cargo de secretária é bastante direto. Tenho certeza de que você, com suas qualificações, desempenhará bem as funções. Seu trabalho incluirá anotar reuniões, organizar a papelada e me auxiliar conforme necessário. Você poderá sair antes do horário em caso de urgência, mas avise-me antes. Se eu não estiver disponível, fale com Ângela, a atendente do RH. Você terá direito a férias, plano de saúde e cartão de alimentação. Mais tarde, passe no escritório do meu pai para que ele possa assinar sua carteira. Esqueci de mencionar algo? — ele perguntou, e Eleanor negou. — Então, tenha um bom trabalho. Sua sala é a que está de frente para a minha. Qualquer coisa, entre em contato comigo pelo número 3 do telefone da sua sala. Se houver ligações pessoais para mim, me informe o nome antes de transferir.

Eleanor confirmou e o chefe, com um leve sorriso contido, deu a impressão de que estava concluindo a conversa. Ela se dirigiu à sua sala para se acomodar. Tentou deixar o ambiente minimamente decorado, sem itens pessoais, pois não pretendia permanecer ali por muito tempo e não queria se acomodar com o novo emprego.

O trabalho transcorreu bem durante a manhã, já que o senhor Eduardo estava em uma reunião da qual Eleanor não precisava participar. Com a hora do almoço se aproximando, pediu um lanche pelo aplicativo de entregas e foi para a cozinha disponível para os funcionários no prédio.

Surpreendeu-se ao encontrar a cozinha vazia, considerando que a editora Moon tinha muitos funcionários. Supôs que a maioria estava almoçando em restaurantes nas proximidades.

Sentou-se e começou a se perder em pensamentos enquanto aguardava seu lanche. Foi então que levou um susto ao ver alguém abrindo a porta rapidamente. Olhou na direção do sujeito e ficou surpresa: ele era alto, com cabelos castanhos rebeldes e uma expressão inquieta, como se estivesse fugindo de algo. Hadassa notou a beleza exótica do rapaz e também reparou na embalagem com a logomarca do aplicativo de entregas. Levantou as sobrancelhas, esperando uma explicação. O rapaz sorriu relaxado enquanto fechava a porta da cozinha com a chave.

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